Tendo chegado ao conhecimento do Grupo Parlamentar do PCP uma situação relativa ao exame Nacional de Biologia e Geologia (2.ª fase), em que um cidadão solicitou ao GAVE a apreciação da prova de exame apresentada e não tendo ainda recebido qualquer resposta, reproduzimos o texto que nos foi dirigido e que, julgamos, indiciar que o cidadão tem razão no que constata.
Assim, foi-nos dado conhecimento do seguinte texto:
"Gostaria de solicitar ao GAVE uma apreciação atenta do critério de correcção relativo à questão 7 de Grupo III do Exame Nacional de Biologia e Geologia (2ª fase - Versão 1), com base na argumentação abaixo exposta.
Questão 7 do Grupo III
Ordene as letras, de A a G, de modo a reconstituir a sequência cronológica de alguns fenómenos envolvidos na ocorrência de um sismo.
Escreva, na folha de respostas, apenas a sequência de letras. Inicie pela letra A.
A. Acumulação de energia em falhas activas.
B. Chegada das ondas S ao epicentro.
C. Actuação continuada de tensões tectónicas, originando réplicas.
D. Vibração dos materiais e dispersão da energia sísmica acumulada, em todas as direcções.
E. Chegada das ondas P ao epicentro.
F. Movimento brusco dos blocos fracturados, quando ultrapassado o limite de deformação das rochas.
G. Propagação das ondas superficiais.
O GAVE indica como resposta correcta a sequência A - F - D - E - B - G- C.
O meu filho respondeu com a sequência A - F - D - C - E - B - G (que vale zero), com o seguinte raciocínio: A actuação continuada de tensões tectónicas, originando réplicas não cessa no intervalo que medeia entre a emissão das ondas profundas e a sua chegada à superfície, o que faria com que o fenómeno fosse afinal descontínuo, Parece-me este racicínio correcto, sustentado e sustentável. Pretenderia quem elaborou a prova que os alunos considerassem que a libertação de energia das réplicas sá ocorre após se verificar após o cumprimento de todos os outros passos da sequência (mesmo assim julgo ser discutível, principalmente para sismos profundos - teoricamente não vejo motivo para que não possam ser emitidas ondas volúmicas de uma réplica antes do início da propagação de ondas de superfície). De qualquer forma não é este último aspecto que está em causa. O que a frase C diz é que as tensões tectónicas são continuadas e se originam réplicas a curto ou longo prazo parece-me irrelevante.
Antes de tomar a decisão de entrar em contacto com o GAVE, consultei alguns Professores do Departamento de Ciências da Terra da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra de forma a mais sustentadamente emitir a minha opinião.
Desses contactos resultou o seguinte parecer:
Numa questão em que se pede que seja feita uma ordenação de eventos, estes têm necessariamente de ser sequenciais e a sua ocorrência depender do anterior.
Ora no conjunto de eventos que constam da lista, há um que não encaixa nesta definição – o C. Este é independente de quase todos os outros, com excepção de A e F, pelo que pode ocorrer em qualquer ponto da sequência (e por mais do que uma vez) a seguir a A-F.
Por isso, qualquer sequência A-F-(D-E-B-G) com C colocado em qualquer posição na parte entre parêntesis deveria ser considerada correcta."
Como ainda não foi recepcionada qualquer resposta e porque o problema é premente e tem necessidade de resolução imediata sobre pena de prejudicar os alunos,
Ao abrigo da alínea d) do artigo 156.º da Constituição e da alínea d) do n.º 1 do artigo 4.º do Regimento da Assembleia da República, pergunto ao Ministério da Educação:
1. Considera o Ministério da Educação que há, efectivamente, aqui um erro na elaboração da questão?
2. O que tenciona fazer junto do Gabinete de Avaliação Educacional (GAVE) para que a questão seja apreciada?
3. Como tenciona impedir que os alunos que prestaram as provas fiquem prejudicados?
