Declaração de João Pimenta Lopes no Parlamento Europeu

Cooperação no acesso à energia

A cooperação para o desenvolvimento da UE tem sido, ao longo dos anos, usada como instrumento de condicionalidade, de alinhamento geoestratégico e abertura de novos mercados para o capital da UE, criando relações de tipo neocolonial e não permitindo aos países em desenvolvimento investir nos seus serviços públicos e na sua capacidade produtiva, para sair verdadeiramente dos ciclos de dívida e dependência. A emergência da procura de novas fontes de energia, que diminuam o consumo de combustíveis fósseis e possam contribuir para a redução das emissões de gases com efeito de estufa, faz com que a UE olhe para a maioria destes países através do seu potencial para acomodar os investimentos privados e para retirar a energia necessária aos seus interesses e objetivos, sem necessariamente contribuir para integrar os interesses dos povos locais. Essa é a prática implícita da política da UE e é isso que recusamos. O relatório em si, sem recusar a centralidade dos interesses privados da UE, apresenta considerações e propostas que seria importante que fossem consideradas, como a salvaguarda dos interesses das populações e a necessidade dos projetos de energia apoiados pela UE estarem sujeitos à sua aprovação ou a facilitação, através do acesso energético, de projetos educativos e de saúde.

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