Declaração de voto de João Ferreira no Parlamento Europeu

Assistência macrofinanceira à Geórgia

Sempre defendemos a necessidade da UE atribuir uma ajuda solidária aos países que dela necessitam e que essa ajuda deve ser dirigida a projectos de verdadeiro interesse das suas populações. A "ajuda" da UE tem revelado, no entanto, pouca solidariedade. Os interesses do grande capital económico e financeiro e das grandes potências sobrepõe-se quase sempre à solidariedade. Este é também o caso da ajuda à Geórgia que acabámos de votar. A assistência financeira destina-se sobretudo a financiar as recomendações do FMI e a sua política de ajustamentos estruturais, ou seja, a insistência nas mesmas políticas neoliberais que levaram à crise económica e financeira que este país enfrenta. Estas mesmas razões justificam igualmente a nossa abstenção nos restantes relatórios. A juntar a isso, não existem garantias de que as verbas decididas não vão apoiar, ainda que de forma indirecta, o rearmamento da Geórgia, depois do ataque que as suas tropas efectuaram contra as populações das províncias da Ossétia do Sul e na Abcássia, que conduziu à guerra com a Rússia. Não pudemos pactuar com uma decisão que poderá conduzir a uma maior militarização das relações entre os países da região do Cáucaso, cuja riqueza energética e geoestratégica mobiliza as vontades da UE e dos seus monopólios.

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