Artigo de Ruben de Carvalho no «Diário de Notícias»

«Tom do mercado»

Keinan, que vive em Israel, afirma que «o nível de receio dos cidadãos [norte-americanos] face a questões de segurança se sobrepõe a matérias de direito e liberdades civis, podendo marcar o tom do mercado».

O sr. Keinan acha que um futuro risonho se abre nos EUA aos industriais israelitas (a que pertence) de metralhadoras, cães treinados, raios laser e produtos similares. Com equipamentos testados nas invasões do Líbano, massacre de adolescentes armados com pedras, assassínios em Gaza, etc.

O «tom do mercado» aqui há uns anos era privatizar as infra-estruturas colectivas e assim, da Albion de Thatcher ao palco de Reagan, o Estado vendeu tudo: electricidade, água, saúde, segurança social, sistema escolar. O sector privado é que sabia.

Os drs. Durão & Bagão estão agora a tentar o seu melhor. Entretanto, o condestável Bush Jr. veio ontem declarar que o «tom do mercado» gerou nos EUA uma rede eléctrica completamente degradada pela fúria do lucro e responsável pelo monumental apagão de Nova Iorque.
Daqui a uns dez anos, um raio laser de segurança de Keinan liquida um cidadão americano à porta da casa-de-banho. Desactualizado, tal como a rede eléctrica.

Em termos de «tom de mercado», deu lucro; nas liberdades civis e no direito, não. A desafinação total.

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