Intervenção de Alma Rivera na Assembleia de República

É tempo de usar o voto como arma para defender os valores da justiça e solidariedade com mais força à CDU

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Sr Presidente

Srs deputados

Este país precisa de mudar de política.

Por todo o lado ouvimos essa ânsia. Quando a vida se complica, as injustiças se agravam, ouvimos essa exigência: mudar de política!

Mas nem todos querem efetivamente mudança de política, porque há quem esteja a ser muitíssimo beneficiado com esta situação. Aqueles que lucram 12 milhões por dia à custa das prestações e dos juros suportados pelas famílias ou os grupos económicos que somam 25 milhões de lucros ao dia.

Mudar de política é uma necessidade para a esmagadora maioria da população, que trabalha, que vive do seu esforço, que precisa dos serviços públicos em condições. Para os que trabalharam uma vida inteira e não têm uma reforma para viver. Para as centenas de milhares de crianças em risco de pobreza.

Não para os 5% mais ricos que concentram nas suas mãos 42% de toda a riqueza nacional. Para esses, a política de direita está-lhes bem. Venha de onde vier, de um PS sem empecilhos (como lhes chamou um dos seus deputados) ou do PSD, IL ou Chega.

Desde que continue tudo na mesma.

E “tudo deve mudar para que tudo fique como está”, sabem bem disso os donos disto tudo. E por isso é que começaram a financiar e a promover novos protagonistas para praticar a mesmíssima política de direita.

Apostam também em novos cavalos, tendo a garantia que tudo se manterá na mesma.

O de cima sobe e o de baixo desce. Uma minoria com tudo e uma maioria com quase nada. É isso que explica que nos anos mais difíceis para o povo português sejam anunciados lucros record.

O país não precisa de mais política de direita cor-de-rosa ou laranja, mais aprumadinha ou mais estridente, o país precisa de um verdadeiro safanão que reponha justiça nas nossas vidas. De mudanças reais.

De uma política que resolva os problemas e isso está nas mãos da maioria das pessoas. Que todos os dias lutam por uma vida digna.

Milhares saem à rua pelo direito a ter um tecto, pelo direito básico a ter uma casa para viver. A lei do arrendamento ao serviço da liberalização do mercado faz subir os preços e despeja famílias. O PS podia ter revogado a lei do governo PSD/CDS mas quis mantê-la. O PS podia ter colocado um travão ao aumento das rendas este ano, como propôs o PCP. Escolheu não o fazer. Ao PS e os partidos à sua direita é mais o que os une do que o que os separa. Também no favorecimento aos bancos, com as taxas de juro a fazer aumentar as prestações em centenas de euros. PS, PSD, CH, IL tiveram oportunidade de votar a proposta do PCP para sacrificar os lucros mas preferiram sacrificar as famílias

O serviço nacional de saúde luta para continuar a prestar cuidados condignos à população enquanto o governo utiliza metade do orçamento da saúde para entregar aos grupos privados da doença. São 8mil milhões de euros que faziam falta para dignificar carreiras de médicos, enfermeiros, técnicos e auxiliares, para pagar condignamente. Mas a estratégia é deixar degradar, para que ganhe força a privatização da saúde. O que explica que o SNS só pague cerca de 8 euros/hora a um enfermeiro ao mesmo tempo que estão a ser contratados para o mesmo serviço por 16 euros/hora.

Os agricultores continuam esmagados, esmagados pela Política Agrícola Comum e pela ditadura grande distribuição. Não basta pagar o que está em falta, é preciso criar condições para que valha a pena produzir, para que sejam pagos preços justos. Não é a concentrar 80% dos apoios no agronegócio e continuar a subserviência à grande distribuição.  Ganham menos os produtores, pagam mais os consumidores que cada vez trazem menos no saco das compras.

As forças de segurança foram ignoradas durante anos nas suas exigências, exigências justas, a um salário digno, a um reconhecimento e compensação real do risco a que estão expostos. Ainda no fim do ano passado, quando o PCP aqui trouxe o aumento do suplemento de risco, disseram que não havia dinheiro. Mentiram. Há e não é pouco. Basta dizer que do orçamento do estado para 2023 para o 2024, o governo inscreveu benefícios fiscais para os grandes grupos económicos no valor de 1600 milhões de euros. E aqui importa questionar, com tantos problemas, com tanta gente a receber pouco, tantos setores profissionais maltratados, entre eles as polícias, porque é que não ouvimos PSD, IL ou CH nem sequer sussurrar sobre este escândalo? É porque nisto estão todos juntos, todos do mesmo lado, todos dependentes e todos a servir os mesmos.

Aumentaram de novo em 2024 os preços nas telecomunicações e nos correios, preços que já eram dos mais elevados na europa. E aí está a demonstração prática da falácia neoliberal: setores completamente liberalizados, graças às privatizações dos CTT e da PT, obra de PSD/CDS e do PS. Quando o PCP pôs em causa essas opções, uma vez mais foi o coro da política de direita em uníssono a defender a entrega dos setores estratégicos a grupos económicos por mais que isso prejudique o serviço prestado e o povo.

Temos em breve uma oportunidade para mudar, para mudar não só de caras, mas de política.

Muitos já perceberam que para os lucros subirem desta maneira é preciso manter a política de baixos salários. alguém está a ganhar com isso, mas não são certamente os trabalhadores.

Muitos já perceberam que destruir os serviços públicos dá jeito a quem os quer privatizar. Muitos já perceberam que a promiscuidade entre o poder económico e o poder político se revela nestas opções que são tomadas.

Muitos deixarão de con­formar e travarão com­bate às in­jus­tiças e às de­si­gual­dades cres­centes entre quem produz a ri­queza e quem dela se apro­pria e sabem que é necessária outra política que res­ponda aos pro­blemas que per­sistem e ao agra­va­mento dos dé­fices es­tru­tu­rais re­sul­tantes de dé­cadas de po­lí­tica de di­reita.

Pe­rante as cres­centes in­cer­tezas e os de­sa­fios de um País cada vez mais sub­misso a in­te­resses que não são os seus, e a mo­delos eco­nó­micos que não lhe servem, é tempo de usar o voto como arma para defender os valores da justiça e solidariedade. Dar uma mensagem clara de mudança e construí-la de facto, com mais força à CDU.

 

 

 

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