Os resultados da primeira volta das eleições legislativas em França, traduzindo expressões políticas e ideológicas do aprofundamento da crise estrutural do capitalismo na Europa e não dispensando uma aprofundada reflexão ulterior, suscitam sérias preocupações.
Perante uma abstenção recorde que, ultrapassando os 50%, reflecte a desafeição do povo francês perante um sistema político mergulhado numa crise profunda, e no contexto de uma lei eleitoral anti-democrática incapaz de poder reflectir a vontade do eleitorado, a perspectiva de uma maioria absoluta do partido criado no quadro da eleição de Macron, reconhecidamente um homem de mão do grande capital financeiro, é um mau prenúncio.
Em primeiro lugar para os trabalhadores e o povo francês, nomeadamente perante a violenta ofensiva já em curso contra os direitos laborais e os serviços públicos e a pretendida constitucionalização das limitações de direitos e liberdades fundamentais em vigor com o estado de excepção. Depois pelo anunciado reforço do eixo franco-alemão e das “cooperações reforçadas” visando impor um novo salto nas políticas neoliberais, militaristas e federalistas da União Europeia.
O PCP, acompanhando com grande preocupação a evolução da situação política em França e as suas repercussões na Europa, expressa a sua confiança em que os trabalhadores e as forças progressistas francesas não permitirão a instauração neste grande País de um poder autoritário ao serviço do grande capital francês e europeu e defenderão os interesses dos trabalhadores e do povo no caminho do progresso social.