O despedimento de 160 trabalhadores no Grupo Controlinveste – um dos principais grupos económicos no sector da comunicação social do nosso país – que foi ontem conhecido, incluindo o despedimento colectivo de 140 trabalhadores e 20 de rescisões por mútuo acordo, abrangendo um total de 64 jornalistas, constitui um dos maiores despedimentos colectivos dos últimos anos no sector da comunicação social.
Esta decisão é tanto mais incompreensível quanto é sabido que ainda há pouco mais de meio ano, perante a reestruturação accionista da Controlinveste, a Administração afirmava que o grupo ficaria “em condições de dar continuidade ao seu longo historial e enfrentar os exigentes desafios que se colocam na área dos media em Portugal”, e que o grupo teve um reforço financeiro, com a conversão em capital de parte dos créditos bancários e do aumento de capital através de novos accionistas.
Os argumentos usados agora, como "a evolução negativa do mercado dos media (...) e a acentuada quebra de receitas do sector", que impôs à empresa, segundo a Administração, "uma decisão estratégica de redução de custos para garantir a sustentabilidade do negócio", não escondem a opção clara de sacrificar os postos de trabalho, que para além do significado para a vida de cada um dos trabalhadores atingidos, terá impacto na qualidade, no pluralismo e no rigor de um conjunto significativo de órgãos de comunicação social, mas também para o previsível agravamento da exploração daqueles que permanecem ou entram no grupo.
Importa recordar que já em 2009 teve lugar o despedimento colectivo de 122 trabalhadores na Controlinveste, facto que evidencia uma contradição clara: a empresa ainda recentemente se mostrou “viável” para o conjunto de novos accionistas, mas volta a recorrer uma vez mais ao despedimento colectivo, agora com um forte impacto no “Diário de Notícias”, no “Jornal de Notícias”, na Global Imagens e na TSF.
Esta situação não é alheia à política seguida pelo actual Governo, que favorece a concentração da propriedade dos órgãos de comunicação social, por um lado, e permite a degradação das condições de trabalho no sector, por outro, o que evidencia a promiscuidade de interesses entre o Executivo PSD/CDS-PP e os grandes grupos económicos, a que permanentemente sacrificam os legítimos direitos dos trabalhadores.
O PCP manifesta a sua solidariedade a todos os trabalhadores atingidos por este despedimento e apela a que se mobilizem e lutem em defesa dos seus postos de trabalho; exige à administração do grupo que respeite os direitos das organizações representativas dos trabalhadores; reclama a adopção de políticas que combatam a concentração da propriedade dos órgãos de comunicação social; e assume o compromisso de levar por diante as iniciativas que considere necessárias para salvaguardar os postos de trabalho e os direitos dos trabalhadores.
Neste sentido, o Grupo Parlamentar do PCP já dirigiu uma pergunta ao Governo sobre este despedimento e o desrespeito pelos direitos dos trabalhadores da Controlinveste.