Sobre a morte de um cidadão em Vendas Novas


Quantos mais precisam de morrer?

Nota da Comissão Nacional do PCP para as Questões da Saúde

Sobre a morte de um cidadão ontem em Vendas Novas, ocorrida quando aguardava no Centro de Saúde a chegada de uma Viatura Médica de Emergência e Reanimação (VMER) vinda de Évora, o Partido Comunista Português considera desde já o seguinte:
 

1- Estamos perante mais um acontecimento de extrema gravidade que tem na sua génese a política do Governo PS – Sócrates de crescente desresponsabilização do Estado em garantir o acesso aos cuidados de saúde, em igualdade, a todos os portugueses. As consequências destas políticas, como o PCP tem vindo a denunciar e a vida vai confirmando, são desastrosas para as populações. O acesso aos cuidados de saúde está cada vez mais dificultado e a qualidade da prestação de cuidados de saúde vai-se degradando. 

2 - A morte deste cidadão aconteceu precisamente no momento em que decorria uma vigília de protesto pelo facto de poucas horas antes ter sido comunicado à Câmara Municipal e Comissão de Utentes, a decisão governamental de encerrar o SAP de Vendas Novas. Esta decisão política que não tem em conta a realidade física, as instalações e os equipamentos, os meios de socorro e os recursos humanos existentes, penaliza desta forma, sobretudo, as populações mais isoladas. 

3 - A situação que se viveu ontem em Vendas Novas confirma, ao contrário daquilo que é afirmado na propaganda do Governo, que o primeiro socorro com suporte avançado de vida não está garantido em vastas regiões do país. O facto de apenas existir uma VMER estacionada em Évora – que à mesma hora estava envolvida noutra operação de socorro – fez com que o paciente esperasse mais de uma hora. 

4 - Mais uma vez o PCP exige que se pare imediatamente com o processo de reestruturação das urgências, se reabra o que encerrou e a partir daí se criem as condições para realizar uma verdadeira reforma destes serviços com a participação dos profissionais do sector, das populações e seus representantes, integrada num processo mais vasto de reestruturação dos Serviços de Saúde orientada para a defesa do seu carácter público, que tenha em conta as realidades e as aspirações de desenvolvimento das diversas regiões, assegurando uma efectiva articulação dos diversos níveis de cuidados.