A atribuição do Prémio Nobel da Paz à União Europeia é, na linha de anteriores decisões do Comité Nobel – nomeadamente a sua atribuição a Barack Obama em 2009 -, um irreparável golpe na credibilidade de um galardão que teoricamente deveria contribuir para a afirmação dos valores da paz, da solidariedade e da amizade entre os povos.
Trata-se de uma inaceitável decisão, tão mais hipócrita quanto a União Europeia, pilar europeu da NATO, assume nestes dias um destacado papel nas operações de ingerência, chantagem e agressão militar na região do Médio Oriente, nomeadamente com as ameaças de agressão à Síria e a outros países soberanos da região. Simultaneamente constitui uma operação de branqueamento da história da União Europeia - marcada pela sua militarização e pela sua participação em algumas das principais guerras de agressão imperialista nos últimos 20 anos – e um vergonhoso atentado à memória dos milhões de seres humanos que deram a vida para libertar a Europa da guerra e do jugo do nazi-fascismo.
O PCP denuncia o carácter de manipulação ideológica desta decisão num quadro em que a União Europeia conduz um brutal ataque aos direitos sociais e laborais, à soberania dos Estados e à própria democracia. Mas simultaneamente, e no quadro do rápido aprofundamento da crise dos pilares económicos, políticos e ideológicos da União Europeia, o PCP lê esta decisão como uma prova de fraqueza de todos os que insistem num caminho de retrocesso civilizacional assente na reafirmação e aprofundamento do carácter neoliberal, militarista e federalista da UE.