Camaradas e amigos,
Aos que apregoam por aí que o País está melhor, a situação vivida pelos trabalhadores e pelo nosso povo fala por si.
Um cenário desolador de desemprego, exploração, empobrecimento, jovens sem perspectivas de futuro, muitos forçados e emigrar. Um país subjugado e dependente, esbulhado dos seus recursos em nome de uma dívida que não pára de crescer.
Um cenário inquietantemente parecido com o que muitos conheceram num passado não muito longínquo.
Um cenário inimaginável para quem, como o nosso povo, protagonizou uma revolução tão profunda, tão bela e libertadora, como o 25 de Abril.
Uma revolução que libertou um país à beira do colapso económico e social e lhe abriu as portas à Europa e ao Mundo. Uma revolução que venceu a tristeza e o desânimo e devolveu a esperança e a alegria de viver ao povo português.
Sabemos bem que o grande capital nunca se conformou com o que Abril lhe negou. Bem cedo conspiraram para travar Abril e fechar as portas de progresso e de justiça social que Abril abriu.
Sabemos bem como se coordenaram os que animando e promovendo o processo contra-revolucionário viram na integração de Portugal na CEE um pretexto mais para justificar o seu projecto de retrocesso social e de subordinação externa.
Prometeram-nos cinicamente o paraíso europeu. Na realidade, a integração capitalista ampliou os problemas e fragilidades da economia nacional, acentuou a sua dependência e os seus défices estruturais.
Sectores fundamentais da indústria nacional, da agricultura e das pescas foram desmantelados. Entregaram ao grande capital, por via das privatizações, sectores-chave da economia e alavancas fundamentais para o desenvolvimento do país.
Empresas e sectores estratégicos, geradores de emprego e riqueza, antes ao serviço do desenvolvimento do país, estão agora nas mãos de grandes grupos económicos, muitos estrangeiros, e passaram a ter como único objectivo a concentração de riqueza nos bolsos dos grandes capitalistas.
Esta é a única política que PS, PSD e CDS têm para oferecer ao País. Uma política cujos resultados estão à vista.
Mais de dois milhões e seiscentas mil pessoas em situação de pobreza – das quais, meio milhão foram arrastadas para essa situação nos últimos dois anos – ao mesmo tempo que as 25 maiores fortunas do país, em dois anos, engordaram 16%.
Para estes, a vida corre de feição: facilitam-se os despedimentos, cortam-se os salários, dão-se milhares de milhões em benefícios fiscais, baixam-se os impostos sobre os lucros, como se fez com o IRC das grandes empresas – com o apoio de PSD, CDS e PS.
Entre promessas de que um dia – mas nunca agora! – os sacrifícios terão um fim, o governo anuncia já novas medidas para o ano que vem. Nem uma é para dinamizar a economia, nem uma é para reabilitar o poder de compra dos trabalhadores e reformados, todas são para cortar ainda mais, despedir ainda mais, roubar mais ainda.
E tudo isto em nome de quê? Hoje, da troika, do défice e da dívida – que não resolveram antes agravaram. Amanhã será em nome do Tratado Orçamental – que PS, PSD e CDS assinaram. Depois de amanhã se verá que afinal tudo está ainda pior e lá virão os mesmos de sempre pedir mais sacrifícios.
Não é acaso ou coincidência. É orientação. Com as políticas que PSD, CDS e PS nos impõem, são e serão sempre os mesmos a ganhar e sempre os mesmos a perder.
Perde o país, perde o povo, hipoteca-se o futuro, compromete-se a perspectiva de um desenvolvimento livre e soberano que alcançámos com a revolução de Abril!
Camaradas e amigos,
Celebramos os quarenta anos da Revolução de Abril!
Fazêmo-lo com alegria, lembrando a sua dimensão emancipadora e as suas inapagáveis conquistas.
Há quarenta anos, a acção dos militares de Abril e o levantamento popular que se lhe seguiu devolveram a liberdade ao nosso povo e abalaram profundamente os alicerces do próprio sistema capitalista em Portugal. Uma revolução inseparável das muitas lutas que os trabalhadores e o povo travaram contra a ditadura fascista.
Celebramos Abril com o olhos no futuro. Com a convicção de que os seus valores perduram na consciência de milhões portugueses com a força que faz deles referência para uma política alternativa, patriótica e de esquerda. Referência também na luta por essoutra Europa, dos trabalhadores e dos povos.
Celebramos Abril com a certeza de que as conquistas e os valores de Abril, apesar do ataque cerrado a que estiveram e estão sujeitos, surgem aos olhos de cada vez mais portugueses como o caminho de desenvolvimento e progresso que é urgente retomar.
Comemoramos Abril com a convicção de que, tal como a Revolução de Abril o demonstrou, o povo é o principal actor da história e que nada o pode travar quando se organiza e luta. Sim, é no povo e na sua determinação e vontade que reside a força capaz de romper com quaisquer constrangimentos, chantagens ou ingerências.
Tudo o que se alcançou com Abril foi conquistado. Com coragem e determinação. Nada foi oferecido, mas sim arrancado ao poder do monopólio e do latifúndio e inscrito com letra de lei na Constituição.
Uma Constituição que, apesar das várias perversões e amputações a que foi sujeita, tanto incomoda ainda os que querem levar por diante o seu projecto de destruição e empobrecimento.
Uma constituição que consagra direitos fundamentais, que acolhe o direito à indignação e à resistência, que afirma um desenvolvimento soberano e independente.
Camaradas e amigos,
Bem podem eles esbracejar, dar piruetas ou distribuir sorrisos e beijinhos. E vão fazê-lo nas próximas semanas. Mas a realidade é só uma: PSD, CDS e PS são responsáveis pelo estado a que o país chegou e são incapazes de o tirar da situação em que está.
Na verdade, se há coisa de que PSD, CDS e PS são capazes é de continuar a afundar o país e o povo.
Só a CDU está em condições de inverter a situação. Só com a CDU mais forte podemos trilhar um caminho soberano de desenvolvimento, que coloque em primeiro lugar os interesses do país e do povo.
A coerência e a riqueza de um imenso património de intervenção e de luta, mostra bem que fomos, somos e seremos os que não viram a cara à luta, os que não embarcam nem alimentam ilusões, os que não se ficam nas meias tintas a ver para onde sopra o vento.
Somos a força que está em melhores condições para desenvolver a política alternativa a que os portugueses aspiram e de que o país precisa!
Fomos os primeiros a defender a renegociação da dívida. Somos hoje os que de forma mais coerente e profunda a continuamos a defender.
Uma dívida insustentável, que terá de ser renegociada o mais cedo possível. Ou isso ou o sufoco do país e dos portugueses. Renegociada nos seus prazos e juros, como agora muitos são forçados a admitir, mas também nos seus montantes.
Renegociar a dívida nos seus prazos e juros apenas, sem tocar nos montantes, é como querer ir do Porto a Lisboa em ponto-morto nas descidas com meia dúzia de litros de combustível no depósito. Não resolve o problema de fundo.
Percebe-se bem que aqueles que estão dispostos apenas a assegurar os direitos dos especuladores e dos mercados financeiros não queiram ouvir falar de tal coisa. Mas esta é a única e patriótica atitude para assegurar o futuro do país e os direitos do nosso povo.
Já se percebeu que PSD, CDS e PS – que juntos chumbaram, uma vez mais, o projecto de renegociação da dívida apresentado pelo PCP na Assembleia da República, (já se percebeu) que se preparam para amarrar o País, por muitos anos, ao garrote da dívida e à submissão à União Europeia.
Já se percebeu que, cada um à sua maneira, se preparam para manter cá dentro, em novas condições, a velha a política da troika!
Ele são as afirmações do primeiro-ministro, dizendo que não esperem os portugueses voltar ao nível de salários de há três anos (como se estes fossem uma grande coisa), ele são as afirmações de altos responsáveis do PS dizendo a mesma coisa, tentando depois Seguro emendar a mão, em vésperas de eleições, dizendo que devolver salários e pensões ou recuperar direitos talvez, se calhar, quando for possível, lá “para dia de são nunca à tarde”!
Camaradas e amigos,
Todos os que querem ver recuperados os seus direitos e rendimentos, todos os que querem ver o País liberto das peias do Tratado Orçamental, a que os partidos da troika nacional nos querem amarrar, têm no próximo dia 25 de Maio a oportunidade de, com o seu voto na CDU, condenar este governo mas também a política de direita que há 37 anos inferniza a vida dos portugueses.
Andam por aí umas almas inquietas. Dizem que a nossa campanha tem como única proposta a saída de Portugal do Euro. E para eles falar do fim do Euro é coisa do inferno.
Não é inocente esta diabolização. Desenganem-se os que com ela julgam calar o que deve ser dito.
Não reduzimos os problemas nacionais ao Euro. Antes do Euro, já cá moravam, pela mão de PS, PSD e CDS, a liquidação da produção nacional, os défices estratégicos, o abandono económico e a liquidação de direitos.
Mas também não deixaremos de dizer o que está à vista: o efeito devastador da moeda única para a economia do País e para o nível de vida do povo português.
O que incomoda PS, PSD e CDS é saberem que a vida deu e dá razão ao PCP!
Saberem que em lugar das miríficas promessas que nos fizeram, o Euro agravou as desigualdades, trouxe-nos estagnação e recessão económica, o desemprego disparou, a produção industrial recuou, o endividamento externo disparou e os salários reais encolheram, ao mesmo tempo que os lucros aumentaram.
Sabem tudo isto. Mas vêem na permanência do Euro um instrumento para justificar em seu nome o assalto aos rendimentos de quem trabalha ou trabalhou uma vida inteira e o saque dos recursos e riquezas nacionais.
Querem esconder a possibilidade de uma saída do Euro imposta por desenvolvimentos na crise da União Europeia e da Zona Euro. Querem esconder que quando um dia essa questão se colocar ambicionam enfrentá-la não pelo lado da defesa dos interesses dos trabalhadores mas sim em beneficio dos especuladores.
Percebe-se que queiram fugir ao debate do problema, fugir da situação do país, fugir das suas responsabilidades, fugir de revelar o que reservam para o futuro do país.
Não venham PS, PSD e CDS agitar espantalhos em torno da saída do Euro. Se querem falar de cortes nos salários e pensões, de aumento do custo de vida e destruição da economia, não venham invocar falsos pretextos. Eles que olhem para o seu percurso de PEC em PEC, para o seu acordo com a troika, para o Tratado Orçamental e para o que que, à sua sombra, preparam para o que chamam de pós-troika.
Falta-lhes a vergonha. Falta-lhes também a credibilidade.
Camaradas e amigos,
Os tempos que vivemos são propícios a confusões. Sabemos que nas campanhas eleitorais há muita declaração piedosa, muita promessa, como as falsas promessas de mudança que há quase 38 anos, PS e PSD andam à vez a fazer, com os resultados conhecidos.
Foi com o PCP e a CDU que, ao longo de todos estes anos, o povo e o país contaram, para defender salários, para defender o emprego, para defender a produção nacional, para defender direitos, à saúde, à educação, à segurança social, para defender todas e cada uma das conquistas de Abril.
De forma franca e fraterna, hoje nos dirigimos a todos os que ao nosso lado travaram estas lutas: levem a vossa luta até ao voto! Como inteira justiça, vos desafiamos: estejam com a CDU nestas eleições.
Porque não é indiferente para as batalhas futuras a força com que sairmos destas eleições!
Neste 40º aniversário da Revolução de Abril, a melhor comemoração que dela podemos fazer é dar mais força à CDU, dar mais força à candidatura de Abril, verdadeiramente patriótica e de esquerda. A força que, lado a lado com os trabalhadores e o povo, afirma e inscreve os valores de Abril no futuro de Portugal.