Em Portugal, o peso dos salários na distribuição do rendimento nacional atingiu o valor historicamente baixo de 38%, sem contar com o efeito das várias políticas delineadas para o corrente ano, ao abrigo do programa UE-FMI, que prevêem ainda mais cortes nos salários. Este número mostra que, a par da profunda recessão que afecta o país, com uma muito significativa quebra na produção de riqueza, se procedeu e procede a uma operação de redistribuição da riqueza nacional em favor do capital e em desfavor do trabalho, agravando assim as injustiças que já existiam e que colocavam Portugal, segundo dados do Eurostat, em 2011, entre os países com maiores desequilíbrios na distribuição dos rendimentos.
Em face do exposto, solicitamos à Comissão Europeia que nos informe sobre o seguinte:
1. Tem avaliado a Comissão a evolução deste indicador - peso dos salários no rendimento nacional - nos 27 Estados-Membros? Que avaliação faz desta evolução?
2. Não considera que a diminuição do peso dos salários a que se assiste em Portugal compromete a possibilidade de um desenvolvimento justo e inclusivo (objectivos que a UE afirma defender)?
3. Pensa adoptar alguma medida que contribua para elevar o peso dos salários no rendimento nacional, ou seja, para que uma parte maior da riqueza criada remunere aqueles que efectivamente a criam, contribuindo assim para uma maior justiça social?