Em nome da Organização Regional de Aveiro, saúdo todos os delegados, convidados, camaradas e amigos aqui presentes e que tornam possível a realização deste grande Congresso. Permitam-me uma saudação em especial para os camaradas da OR Aveiro que, de uma forma ou outra, participaram e deram o seu contributo na discussão e preparação deste Congresso.
Estes três dias são, de facto, o culminar de um longo processo de debate e trabalho colectivo, o que diferencia este Partido de todos os outros. Um processo que, no distrito de Aveiro, envolveu mais de 500 camaradas que, apesar todas as dificuldades e constrangimentos, apesar da intensa actividade partidária e unitária, na intervenção e luta de massas – porque o Partido não “fecha para Congresso” – fizeram questão de dar o seu contributo e reafirmar o seu empenho na defesa e reforço do PCP.
O distrito de Aveiro não tem ficado imune às políticas de desastre nacional conduzidas pelos sucessivos governos. Sendo um dos distritos mais importantes do país, em termos económicos e sociais, a natureza dos problemas que enfrenta, está também na razão directa desse facto.
Só entre os nossos XVIII e XIX Congresso, para não ir mais longe, há, no distrito, mais 10 mil desempregados registados! Mas os números reais são bem mais assustadores: partindo dos dados do INE, estimamos que o número de desempregados efectivos no distrito já ultrapasse os 89 mil trabalhadores! “Desapareceram do mapa”, como se costuma dizer, algumas das empresas mais emblemáticas do distrito, como a Oliva, a Rhode, a Califa, a Aerosoles… Só no ano passado encerraram cerca de 2500 empresas.
Mas não ficamos por aqui. A precariedade e a exploração aumentam.
- O ganho médio mensal dos trabalhadores do Distrito, na sua maioria, não chega aos 70% da média nacional.
- A discriminação salarial em função do género continua! Os salários das mulheres estão abaixo das médias salariais dos homens. E em alguns sectores, como na cortiça, para o mesmo trabalho, as mulheres continuam a receber menos que os homens.
- Milhares de trabalhadores recebem salários líquidos abaixo do valor considerado como limiar de pobreza.
- Menos de metade dos desempregados registados recebe algum tipo de apoio.
- Mais de 100.000 trabalhadores, em especial os jovens, têm vínculo precário. Significa isto que cerca de metade da população activa do distrito está desempregada e/ou com trabalho precário.
- Cerca de 200.000 reformados têm pensões médias que não chegam aos 400€ (homens) e apenas 300€ (mulheres).
Ou seja, são centenas de milhares de pessoas que o PS, PSD, CDS lançam na pobreza, sendo que a tendência não é para melhorar, se esta política não for invertida.
É também por isso que têm lutado os trabalhadores e a população do distrito: na defesa dos postos de trabalho, das funções sociais do Estado – do SNS e da Escola pública –, em defesa do tecido produtivo, da agricultura familiar, em defesa das freguesias e em defesa dos seus direitos consagrados na Constituição da República Portuguesa.
Destacamos a participação nas grandes lutas de massas, nomeadamente na manifestação de 29 de Setembro e na greve geral de 14 de Novembro, mas igualmente as lutas nas empresas e locais de trabalho.
A política de desastre, de generalização da pobreza, de tentativa de destruição dos valores mais progressistas e das conquistas de Abril tem que acabar! Cabe aos trabalhadores e ao povo essa tarefa, mas também nos cabe, enquanto comunistas, a de ajudar a criar e a desenvolver as condições para que tal aconteça. Uma condição essencial para esses avanços é o reforço e afirmação do Partido.
No distrito, desde o início deste ano, temos 55 novos militantes e o objectivo que nos propomos atingir em 2013 é manter o mesmo nível de recrutamentos. O vasto e intensivo trabalho realizado com 10 Assembleias de Organização Concelhia – a par da preparação do Congresso e de toda a actividade – comprovam que podemos fazer muito mais. Uma das áreas de trabalho a desenvolver é, sem dúvida, a organização nas Empresas e Locais de Trabalho, que se mantém aquém das necessidades.
Os efeitos da precariedade e a facilitação dos despedimentos fazem-se sentir na organização, mas também potenciam novas formas de intervenção. É fundamental intensificar a discussão dos problemas, envolver e responsabilizar mais camaradas nestas tarefas e na luta de massas.
Vamos continuar a reforçar o Partido!
Viva o PCP!