Intervenção de

Montado e fileira da cortiça - Intervenção de José Soeiro na AR

Defender o montado, valorizar a fileira da cortiça

 

Sr. Presidente,
Sr.as e Srs. Deputados:

Não é comum todos os grupos parlamentares convergirem na defesa de um projecto (projecto de resolução n.º 201/X) nesta Assembleia. Não é inédito, mas não é comum.

Mas este é, sem dúvida, um momento particular, na medida em que a Assembleia da República assume um compromisso em torno de um sector de grande importância para a nossa economia. Como já foi referido, este universo representa mais de 20 000 trabalhadores e mais de 900 milhões de euros de exportações por ano, tendo ainda potencial de crescimento sustentado, assim o País perceba a importância da fileira da cortiça e, naturalmente, da defesa do montado enquanto floresta multifuncional. De resto, esta floresta pode e deve contribuir não apenas para o combate à desertificação de importantes zonas do País mas também para manter de pé esta fileira em que o nosso país é líder, se atendermos à relevância que, para a economia mundial, temos neste domínio - aliás, não há muitas áreas como esta, em relação à qual podemos afirmar que dominamos todo o sector, da produção à comercialização. Para além disso, não teremos de investir muito para podermos tirar mais riqueza sustentada deste sector para a nossa economia. Depois da volta que deu pelo País neste último ano, o Grupo de Trabalho adquiriu conhecimentos e criou legítimas expectativas junto do sector, dos trabalhadores, dos produtores florestais e dos industriais. É deste ponto que avançamos agora para uma nova etapa, com a aprovação deste projecto de resolução em apreço, que deve constituir o virar de uma importante página no que diz respeito à intervenção das instituições em defesa deste sector.

Em nossa opinião, temos todas as condições para nos mantermos à frente no que diz respeito à preservação de um património natural de grande importância como é a floresta mediterrânica, que caracteriza parte substantiva do nosso país, mas, simultaneamente, manter, ao nível do conhecimento, o pioneirismo que caracteriza, hoje, a intervenção dos nossos produtores e da nossa indústria corticeira, que pode e deve dar um bom contributo para retirar o País da difícil situação económica em que se encontra.

É com este espírito que o Grupo Parlamentar do PCP se tem empenhado, desde o primeiro momento, no sentido de conseguir ultrapassar qualquer dificuldade que sempre subsiste, de desconfiança ou de descrédito na possibilidade de encontrar respostas em comum para enfrentar os desafios com que somos confrontados ao nível da defesa do montado.

Temo-nos empenhado, igualmente, na resposta a problemas sérios que existem na sua manutenção, na sua preservação e na sua valorização futura no que diz respeito à investigação necessária na produção e mantendo entre o ensino e as empresas uma profunda articulação, por forma a potenciar recursos existentes que podem e devem servir para gerar mais emprego, emprego com mais qualidade, e a garantir que o sector da cortiça possa continuar a ser uma «bandeira» que o nosso país pode erguer com orgulho de estar a produzir com qualidade, com competitividade e, podemos dizê-lo, com o mínimo de apoios que tem tido por parte das instituições.

Pensamos, por isso, que aprovar este projecto de resolução é uma medida que a todos honra e que nos cria novas responsabilidades em relação ao futuro. Como se diz, aliás, no projecto de resolução, é o assumir de uma responsabilidade nova por parte da Assembleia da República no que diz respeito ao acompanhamento desta fileira e à relação da Assembleia da República com as outras instituições de poder e, naturalmente, com empresários, com trabalhadores, com investigadores, de modo a que possamos, daqui a algum tempo, trazer um balanço novo e mais positivo ao serviço do desenvolvimento do nosso país.

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