A decisão do Conselho de Segurança sobre o Iraque é um documento contraditório, dificilmente susceptível de leituras simplistas estilo José Manuel Fernandes falando em «vitória dos EUA» ou Durão Barroso dizendo que já há legitimidade para enviar a GNR para Bagdad (então antes não havia?....)

Washington conseguiu obter apoio para as suas dificuldades por parte de governos muito críticos, mas é incontornável perguntar porque é que os americanos vêm agora implorar a legitimação e apoio da ONU que imperialmente recusaram quando unilateralmente desencadearam a agressão.

Os falcões diriam que os países críticos não tiveram outro remédio senão atrelarem o seu carro à política americana – e, infelizmente, haverá alguma verdade nisso. Mas o que é inquestionável é que todos os prognósticos sobre a possibilidade de os EUA ganharem a guerra e perderam a paz se revelaram exactos. É o próprio ex-comandante da NATO para a campanha do Kosovo, general Wesley Clark, que claramente o afirma, criticando acerbamente a completa ausência de planificação para o pós-guerra.

A única conclusão consistente é assim que os americanos fizeram a guerra que lhes interessava e o mundo tem de construir a paz de que necessita.