Intervenção de Jerónimo de Sousa, Secretário-Geral, Comício «Derrotar o Governo. Recuperar salários e direitos roubados»

Estamos prontos a assumir todas as responsabilidades que o povo nos queira confiar

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Não, não desistiremos de conduzir até ao fim a luta pela demissão deste governo do PSD/CDS que leva cada vez mais longe uma política de massacre do nosso povo e de ruína do país.

Não desistiremos nós, não desistem os trabalhadores e o nosso povo de continuar a luta por esse objectivo, como mais uma vez o demonstraram na grande jornada nacional de luta do passado dia 1 de Fevereiro.

Uma grande jornada que percorreu todo o país, envolvendo muitos milhares de portugueses! Uma magnífica jornada de luta da iniciativa da CGTP que é mais uma expressiva demonstração de vontade dos trabalhadores e do povo de tudo fazer para apressar e pôr fim a um governo que está a destruir o presente e o futuro dos portugueses.

Uma jornada que revela o isolamento político e social de um governo que o povo há muito condenou e que tem como único suporte o grande capital a quem serve e um Presidente da República que deliberadamente se colocou do lado do governo e contra a vontade do povo!

Os grandes grupos económicos, os grandes interesses instalados e todos aqueles que no plano político os servem, pensam vencer pelo desânimo e pelo cansaço o povo que resiste e luta pelo seu país, pela sua dignidade, pelo direito a uma vida digna e a decidir do seu futuro.

Sonham há muito com um povo dócil e submetido aos seus desígnios de exploração. Sonham com um povo vergado à condição de gente sem voz, nem vontade, mas ao contrário dos seus desejos têm encontrado um povo que não se resigna.

Um povo que vai à luta e vai continuar a lutar porque o objectivo de derrotar este governo e a sua política é não só justo como necessário.

E tanto mais justo e necessário quando vemos que a perspectiva que apresenta, para lá da propaganda do governo, é a do agravamento de todos os problemas sociais e do país. O agravamento das condições de vida dos trabalhadores e da grande maioria dos portugueses.

Ainda agora vamos no início da aplicação do Orçamento de Estado que muito justamente considerámos ser parte integrante e mais uma peça de um vasto programa de terrorismo social que há muito está em curso, com o apoio da troika estrangeira e a conivência dos assinantes do Pacto de Agressão, que faz, não tarda três anos, foi imposto ao país pelo PS, PSD e CDS.

Um celerado programa de destruição que visa impor um Estado mínimo social para os trabalhadores e para o povo e um Estado máximo para os negócios e rendas do grande capital.

Um Orçamento que constitui mais um instrumento da política de exploração e destruição de direitos, com novas e gravosas medidas de esbulho dos rendimentos do trabalho, de salários, pensões e reformas, com cortes e mais cortes nos direitos sociais, no Serviço Nacional de Saúde, na Escola Pública, nos serviços públicos e no Poder Local.

Um vasto conjunto de medidas que são um novo passo no sentido de uma sociedade cada vez mais desigual e mais injusta.

Um Orçamento e uma política que continuam a via do descalabro da venda do património e da riqueza do país. Um governo que deita mão a tudo para garantir a renda aos grandes grupos económicos e financeiros, aos agiotas, aos especuladores que vivem à custa da ruína dos povos. Privatizam tudo e vendem tudo o que é rentável e necessário para garantir o desenvolvimento do país e bem-estar dos portugueses. Alienam empresas, infraestruturas, direitos de decisão e de gestão de investimentos de sectores essenciais ao desenvolvimento económico do país e à qualidade de vida dos cidadãos, património cultural, direitos soberanos sobre recursos nacionais. Nada escapa a este governo e à gula do grande capital!

Muitos portugueses estão já a sentir e a sentir bem as consequências das novas medidas impostas pelo governo no seu Orçamento para o presente ano.

Tínhamos afirmado que as medidas que o governo e a maioria parlamentar que o apoia preparam e acabaram por aprovar, iriam trazer mais dramas, mais privações e sofrimento para a maioria dos portugueses e fechando ainda mais as portas a uma vida com futuro e todos já o estão a sentir.

Sentem-no os trabalhadores da Administração Pública quando viram a folha do seu salário neste primeiro mês do ano, em cima dos sucessivos cortes de que têm sido alvo.

Sentem-no os milhares de portugueses que vêem os seus rendimentos a cair, enquanto aumentam os preços dos bens essenciais.

Sentem-no as famílias endividadas e colocadas entre a espada e parede e são forçadas a entregar aquilo que era a garantia de uma velhice mais tranquila, nomeadamente a sua casa de habitação. Situações que hoje são o dobro do que eram há um ano!

Sentem-no milhares de portugueses nas dificuldades de todos os dias no acesso aos cuidados de saúde, quando têm de esperar, ultrapassando os tempos considerados críticos pelos médicos, por uma consulta ou uma cirurgia, ou ainda quando esperam dois anos por uma colonoscopia como aconteceu no Amadora Sintra, quando por falta de meios humanos e técnicos, um acidentado em estado crítico faz mais de 400 quilómetros de ambulância até encontrar um hospital que estava em condições de o receber, como aconteceu recentemente com um jovem de Chaves, ou ainda quando uma mulher após ter feito uma embolia e depois de ter saído do hospital, lhe marcaram um novo exame 12 meses depois, altura em que existia vaga.

São apenas alguns dos muitos exemplos que aqui poderíamos referir e que confirmam que, também nesta matéria, o discurso do governo não cola com a realidade.

Sentem-no os aposentados e reformados que são vítimas de um novo assalto às suas reformas.

Sentem-no as centenas de milhar de desempregados que se arrastam pelos centros de emprego à procura de um trabalho que nunca mais chega e ao mesmo tempo vêem desaparecer o apoio mínimo que lhes era devido – um subsídio cada vez mais reduzido e a abranger um número cada vez mais restrito de desempregados.

Sim, há mais portugueses do que há um ano nas filas de espera na esperança de encontrarem um trabalho e que desesperam. A actual taxa oficial de desemprego, bem alta, não significa recuperação, mas emigração. Significa mais de 250 mil trabalhadores, o triplo do ano passado, hoje desencorajados, cansados de procurar trabalho que não encontram e por isso desistem! Mas significa mais: - a redução artificial de desempregados que estão em cursos de formação com o propósito não de resolver a sua situação, mas principalmente para criar a ilusão de recuperação à medida dos interesses eleitorais do governo e a pensar no fim da legislatura. Estes são mais do dobro de 2012 e que não corresponde a emprego efectivo.

Sim, a taxa oficial de desemprego não corresponde à taxa real que é de 24,2%! Um milhão e quatrocentos mil desempregados!

Sentem-no aqueles e são muitos milhares que vêem cortadas as prestações sociais, RSI, complemento solidário do idoso, abono de família. Prestações sociais que para muitos os únicos suportes de vida, muitos dos quais empurrados para fila da sopa dos pobres das instituições de caridade.

Passos Coelho, agora na campanha para presidente do PSD, veio colocar, como uma das suas prioridades de acção, o combate ao grave problema da baixa natalidade do país. São uns fiteiros! Cortam nos salários, encarecem a habitação, cortam no abono de família,discriminam as mulheres trabalhadoras em função da maternidade e do apoio aos filhos, aumentam o horário de trabalho, tornam a vida cada vez mais difícil e depois vêm chorar lágrimas de crocodilo pela natalidade!

Mas não são só os desempregados e os mais carenciados que continuam a sentir a sua vida a andar para trás.

Sentem-no os jovens que vêem degradar-se a escola pública com os cortes brutais em todos os níveis de ensino e todos aqueles que todos os dias emigram em massa, porque neste país, com este governo e esta política, sabem que não há futuro e perderam a esperança. Este ano que findou foram mais de 100 mil portugueses que saíram!

Sentem-no os trabalhadores científicos que, vítimas de um processo que visa concentrar o financiamento da investigação científica nos grupos económicos e financeiros, subordinando a produção científica e tecnológica e de Investigação e desenvolvimento ao mercado privado, vêem o trabalho científico desvalorizado, a generalização da precariedade, a degradação das condições de trabalho com o aumento significativo da carga horária sobre os que estão a trabalhar, o abaixamento dos salários, a emigração forçada como única saída.

A publicação dos resultados do concurso de Bolsas individuais, em que mais de 5.000 investigadores viram as suas vidas a andar ainda mais para trás e os responsáveis dos centros de investigação começaram a ver o trabalho de décadas ruir como um castelo de cartas, revelou um cenário de desmantelamento do Sistema Científico e Tecnológico Nacional.

Sentem-no os trabalhadores em geral quando vêem um governo não só a tentar liquidar a contratação colectiva reduzindo a zero tudo o que são compromissos e direitos estabelecidos, mas igualmente um governo mais preocupado em discutir formas de continuar a facilitar os despedimentos do que a tomar medidas para criar emprego.

Sentem-no todos aqueles que têm que recorrer aos serviços públicos, cada vez com mais dificuldades de dar resposta às solicitações das populações com os cortes impostos e a falta de recursos humanos. Esta semana tomaram mais uma decisão, fecharam vinte tribunais e, não menos grave, a retirada de valências de muitos outros, com o total desprezo pelos interesses das populações.

Toda esta realidade é bem o resultado de uma política de rapina. Uma política que impõe brutais sacrifícios ao povo e tudo garante aos responsáveis pela crise no país – o grande capital económico e financeiro: menos impostos, chorudos lucros do negócio da dívida pública, benefícios fiscais, rendosos contratos swap de milhões, leoninas PPP e novas privatizações.

Milhares de milhões de euros que estão a ser pagos para engordar os grandes grupos económicos e a empobrecer o país. Milhares de Milhões que estão a ser roubados aos rendimentos do trabalho, às reformas e pensões para entregar ao grande capital, agora também com a redução do IRC por este governo, que, com o apoio do PS, quer transformar o país num paraíso para o capital.

Milhões que se avolumam em crescendo nas mãos dos grandes interesses. Há dias, foi o próprio Tribunal de Contas a denunciar o facto deste governo ter ocultado benefícios fiscais no valor de 1045 milhões de euros dados às chamadas Sociedades Gestoras de Participações Sociais. Um valor que é superior aos cortes efectuados nas pensões de reforma e nos salários da Administração Pública.

Não se baixa o IVA, resiste-se a baixar o IVA da restauração, mas dão-se milhões de euros ao grande capital pela porta das traseiras!

Uma porta que é mais larga e mais usada do que a porta principal para o grande capital.

Esta semana soubemos através da UTAO da Assembleia da República que o governo canalizou mais 510 milhões de euros para cobrir as operações de lixo tóxico do BPN. Esse banco que é um poço sem fundo de recursos públicos que foi vendido ao sector privado, mas as dívidas ficaram por conta do contribuintes que pagam impostos, isto é, por conta, essencialmente, de quem trabalha e de quem trabalhou toda a vida!

É a política do regabofe para os senhores da alta finança!

Há dias vimos Passos Coelho muito empertigado a falar da equidade deste governo na distribuição dos sacrifícios.

Disse até que este foi o governo que mais pediu aos ricos!

Pensam que nos esquecemos que cerca de 2/3 das medidas ditas de consolidação orçamental são suportadas por corte nos salários e nas pensões. Que o restante terço das medidas são essencialmente cortes nas funções sociais do Estado e onde se inclui também a redução das pensões de sobrevivência. Que mais de 82% são feitos à custa da população trabalhadora, dos reformados e pensionistas que não têm acesso à tal porta das traseiras, onde batem os senhores do dinheiro a solicitar a devolução da entrega de tudo o que entregaram pela porta principal, para português ver e pensar que os sacrifícios são para todos!

O país não vai a lado nenhum com esta política e este governo que afunda e destrói a vida das pessoas e não há campanha de mistificação da realidade que possa ocultar que, com esta política, a vida dos portugueses vai de mal a pior, para uns, muito poucos, continuarem a enriquecer e concentrar riqueza.

A manter-se este governo e não a ser interrompida a sua política, é não só a degradação da já grave situação social que se vive no país que continua e se aprofunda, mas também a dependência do país e a degradação económica, e a fragilização dos sectores produtivos que se prolonga.

Dependência cada vez mais acentuada com o aumento da dívida que tornou a crescer para 129,4% do PIB no final de 2013. Uma situação cada vez mais preocupante e que a torna crescentemente insustentável.

Degradação económica e fragilização dos sectores produtivos em resultado da evolução do investimento e do impacto que terá o roubo nos salários, nas reformas e pensões na evolução da economia portuguesa. Não há golpe de ilusionismo estatístico que possa iludir as graves consequências futuras para o país e a sua economia, quando o investimento, que é fundamental para a renovar e requalificar o aparelho produtivo, cai ao nível de 1988! Esta política vai sair cara e o país vai pagar caro as opções desastrosas deste governo.

Deste governo que vive do logro permanente e tem uma política fundada na mentira e na mistificação da realidade.

Asseguravam que as medidas ditas de austeridade, mas efectivamente de extorsão do povo eram temporárias.

Eram temporários os cortes nos salários, a contribuição extraordinária de solidariedade, a sobretaxa do IRS. Tudo era temporário!

Hoje, três anos depois, não só pretendem que o temporário passe a definitivo, como programam novas medidas de esbulho dos trabalhadores, dos reformados e das classes e camadas populares. É indisfarçável a sua pretensão de transformar em definitivos todos os roubos perpetrados aos trabalhadores e aos reformados nestes anos de PEC's do PS e do programa das troikas nacional e estrangeira.

Isso vê-se no carregar do roubo sobre os salários. Vê-se nas novas e recentes medidas contra os reformados e aposentados com o alargamento da Contribuição Extraordinária de Solidariedade. Um novo e inqualificável roubo!

Vê-se igualmente na sua anunciada reforma da segurança social e do sistema de pensões, para tornar definitivo o corte das pensões anunciado e derrotado no Tribunal Constitucional.

Mas vê-se mais. Vê-se nas declarações de Passos Coelho e de outros membros do governo quando afirmam que as pessoas não podem ter a expectativa de voltar ao que era há três anos atrás. Que o que era não existe. Era tudo uma ilusão!

Declarações que revelam não apenas o carácter ardiloso da prática política deste governo, mas a forma premeditada como pretendeu enganar os portugueses, para impor a sua política de empobrecimento e rebaixamento drástico do nível de vida do povo.

Governo enganador que agora, e à beira das eleições para o Parlamento Europeu de 25 de Maio, se prepara para iludir os reformados e aposentados, adiando a aplicação dos cortes adicionais das pensões para depois das eleições e a própria Contribuição Extraordinária de Solidariedade, para apresentar depois de Junho a respectiva factura reforçada e por junto.

Trata-se de um governo que age sem escrúpulos para levar ao engano tudo e todos. Que recorre a todas as artimanhas para iludir e enganar os portugueses!

Sabemos que foi sempre objectivo do governo consolidar cada roubo perpetuado de rendimentos e direitos, e prosseguir sempre o esbulho do povo com a sua política de imposição da ditadura do combate ao défice.

Um combate onde apenas uns contam – os trabalhadores e o povo – e para que outros possam enriquecer, banqueteando-se à mesa do Orçamento, sem preocupações com o défice.

Mas ao contrário de outros, como o PS que vai já afirmando que não promete nada se for governo, nós queremos claramente dizer que com um governo com o PCP - um governo patriótico e de esquerda – como aquele que defendemos e pela concretização do qual lutamos, tudo o que foi roubado aos trabalhadores e ao povo é para ser devolvido.

Que esta questão da obrigação da devolução ao povo do que é do povo tem que ser um compromisso de honra de quem se afirma, como nós nos afirmamos, como uma verdadeira solução alternativa à política de direita.

Mas queremos também dizer que é nossa profunda convicção que os trabalhadores, os reformados, o nosso povo não vão deixar por mãos alheias a defesa e a luta pela exigência da reposição de todos os direitos e rendimentos extorquidos.

E que nessa luta, seja qual for a situação no futuro, terão sempre a solidariedade activa e empenhada do PCP na concretização desse objectivo!

Fazem alarde do facto do défice ter baixado. Se houvesse o mínimo de decoro evitavam tanto espalhafato e aproveitavam o momento para pedir desculpa pelo facto de depois de tantos anos consecutivos de sacrifícios e de confisco descarado aos trabalhadores e ao povo, o défice se manter ainda ao nível em que se encontra, nos cerca de 5%!

Pediam desculpa pelo colossal aumento da carga fiscal sobre os trabalhadores e os reformados. Mais 35,5% de aumento do IRS relativamente a 2012! Mais 34,5% de aumento de contribuição para a Caixa Geral de Aposentações e a ADSE. Cortes nos subsídios de doença e de desemprego, na educação, na segurança social, na saúde.

O seu espalhafato é para fazer crer que os sacrifícios estão a valer a pena e esconder a quem serve e para que serve esta política. Que serve para promover a concentração da riqueza nas mãos de uns poucos à custa do afundamento do país e de milhões de vidas. Que serve para que as 25 maiores fortunas do país tivessem aumentado a sua riqueza em 16% em apenas um ano, apesar da crise, e que o número de novos milionários tivesse crescido mais de 10%!

São os mesmos - os cerca de 1% da população - de que falava o recente estudo, que viram mais que duplicar a sua riqueza desde de 1980, graças à política de direita que faz do combate ao défice o pretexto para a brutal ofensiva contra os interesses populares e a agravar todos os problemas nos serviços que deveriam garantir os direitos essenciais das populações.

Na verdade enquanto meia dúzia de famílias aumenta as suas fortunas, enquanto meia dúzia de senhores enchem a barriga, os trabalhadores, pensionistas, pequenos e médios empresários vivem cada vez com mais dificuldades.

Não podemos aceitar que este governo ilegítimo, que governa contra a Constituição, continue o seu rumo de destruição dos direitos do nosso povo ao trabalho, ao trabalho com direitos, a uma pensão e uma reforma digna, à saúde, à educação, à protecção social.

O país precisa de travar o passo à política de saque dos trabalhadores, do povo e do país!

A intensificação e alargamento da luta, de todas as lutas, pequenas e grandes, continuam a ser as questões decisivas para apressar o momento da derrota do governo e libertar o país da sua política de desastre, lutas como aquela que está já anunciada para Lisboa e Porto, no próximo dia 27 de Fevereiro!

Os portugueses têm fundadas razões de preocupação em relação ao futuro das suas vidas e em relação à evolução da situação do país.

Está aí uma descarada campanha de propaganda do governo, suportada por poderosos meios. Uma campanha de propaganda e de mistificação da realidade que quer fazer crer que o pior já passou. Que o país está a dar a volta.

Todos os dias somos confrontados com grandes oratórias sobre as virtudes desta política que dizem estar a fazer milagres.

Campanha ampliada pelos comentadores de serviço e ao serviço dos grandes beneficiários desta política de desastre nacional. Vemo-los na televisão e no sistema mediático, dominantemente os mesmos, os representantes exclusivos do comentário, em geral mandatários do bloco direitista dos interesses, a debitar milongas como especialistas de tudo e de nada, a replicar, dando ares de independentes, os argumentos do governo e dos grandes centros de decisão do capitalismo dominante e sempre, mas sempre a levar a água ao moinho de exploração do trabalho, a justificar a inevitabilidade da política de saque e de confisco do povo. São os gurus do capital com assento nos conselhos de administração, nos conselhos fiscais, nos grupos de trabalho de produção legislativa ou de distribuição de benesses. Os mesmos que têm assento nos comités de sábios de apoio à governação, quando não os próprios ex-ministros que levaram o país ao desastre em que se encontra.

Vemo-los, sempre prontos a inventar abundantes prelúdios para justificar cada medida penalizadora do povo e a certificar que vivemos no melhor dos mundos possíveis.

Falam de “milagre económico”, mas esse milagre de que falam é só para os accionistas dos grandes grupos económicos e os senhores do dinheiro, enquanto a pobreza e exclusão crescem no seio do povo.

Falam de “milagre” mas ao que assistimos é ao empobrecimento da maioria do povo.

O crescimento que pretendem e de que falam é o crescimento sem desenvolvimento. É o crescimento sem melhoria das condições de vida das pessoas.

O crescimento que pretendem é o que mantém altas taxas de desemprego e de emprego precário, sem direitos, com salários baixos e de miséria. O crescimento que serve apenas alguns, acentuando as desigualdades e as injustiças!

Na campanha de ilusionismo político governamental, difundem a ideia de que estamos próximos do fim de todos os nossos problemas. Que está a chegar o momento da saída da troika e o fim do Pacto de Agressão e com isso o dia da recuperação da nossa soberania e dos nossos direitos.

Tudo fazem para aparecerem como os salvadores da pátria. Querem vender a ilusão de que a partir da saída da troika nada será como antes. É a pura manipulação!

Querem fazer crer que a grande questão do país é a de se saber qual o modelo de saída do Pacto: “saída à Irlandesa” ou “programa cautelar”, como se um ou outro não significasse a continuação das medidas ditas de austeridade e da colonização do país pela Europa da oligarquia financeira e do directório das grandes potências.

Omitem que as suas soluções implicam novas medidas de exploração, regressão social, novos cortes nos direitos sociais, nas reformas e nos salários, iguais às que temos vindo a assistir com as políticas e medidas do Pacto de Agressão.

Omitem e escondem que não há a libertação de que tanto falam com o Tratado Orçamental que subscreveram, com os Pactos para o Euro e outros instrumentos que impõem a redução do défice e da dívida a “mata-cavalos”!

Como é que o país pode sair do sufoco em que se encontra se paga por ano sete mil milhões de euros de juros, que corresponde grosso modo ao Orçamento do Ministério da Educação!

Não há saída da crise sem que a questão dos juros, prazos e quantitativos se resolva. Os colonizadores e agiotas da Europa tudo fazem para prolongar a espoliação do país e encontraram um governo subserviente, pau mandado, uma espécie de comité de capatazes dos ditos mercados – dos grandes bancos, companhias de seguros e fundos especulativos.

Como é que o país sai do atoleiro em que se encontra sem aumentar a produção e o seu valor acrescentado, sem reindustrialização e dinamização do mercado interno?

Como é que o país sai do atoleiro se entrega, com as privatizações, empresas fundamentais ao estrangeiro que repatriam cada vez mais lucros e dividendos?
Como é que o país sai do atoleiro com a competitividade a ser continuamente esmagada pela política do Euro forte?

Como é que se sai do atoleiro com o sistemático corte de crédito às pequenas e médias empresas? Este é outro crime que conta com a absolvição dos partidos da banca – PSD, CDS e PS.

Como é que o país sai do atoleiro com uma política de concentração de riqueza, de desendividamento da banca e dos banqueiros que puseram a salvo os milhões dos negócios de agiotagem e agora querem o povo a pagar os prejuízos das suas actividades especulativas?

Nós acusamos este governo, e responsabilizamos o Presidente da República, e todas as instituições que com eles colaboram, por serem autores deste crime social, económico e financeiro que se está a praticar.

Um governo que muda as regras do jogo no meio da partida, um governo que legisla retroactivamente contra todos os princípios do direito, com a anuência do Presidente da República!

Sem uma política totalmente contrária a estas direcções não há saída do atoleiro mas sim a continuação da estagnação por longos e longos anos.

O país precisa de outra política, de uma política alternativa à política de direita!

Uma política alternativa que promova a valorização efectiva dos salários e pensões e uma melhor e mais justa distribuição da riqueza criada;

Uma política orçamental de combate ao despesismo e à despesa sumptuária e que esteja baseada numa componente fiscal de aumento da tributação dos dividendos e lucros do grande capital e de alívio dos trabalhadores, dos reformados, pensionistas e das micro, pequenas e médias empresas;

uma política de defesa e recuperação dos serviços públicos, em particular no que concerne às funções sociais do Estado;

Uma política capaz de afirmar a soberania do país e a afirmação do primado dos interesses nacionais.

O país não pode adiar por mais tempo uma mudança de rumo, uma verdadeira mudança alternativa e não as falsas e perversas soluções dos partidos do rotativismo nacional. Desses partidos com políticas siamesas. Os partidos do bipartidarismo de bengala que nos governa há quase 40 anos!

As soluções para os problemas que o país enfrenta só podem ser encontradas com um novo governo patriótico e de esquerda.

Um governo capaz de concretizar a nova política de que o país precisa, uma política que tenha como referência os valores de Abril e o respeito pela Constituição da República.

Uma verdadeira alternativa que tem o PCP como uma força indispensável na sua construção.

Deste Partido Comunista Português que é a grande e fidedigna força de Oposição à política de direita.

Deste Partido que é preciso tornar ainda mais forte no plano orgânico, no plano político e social. Mais forte para defender os interesses dos trabalhadores e do povo. Mais forte para assegurar os interesses do país e a soberania nacional.

Um partido mais forte em todas as frentes, incluindo no plano eleitoral e desde já na batalha que aí está para o Parlamento Europeu de 25 de Maio. Eleições em que o PCP concorre no âmbito da CDU.

Uma batalha eleitoral importante no combate que travamos no quadro de uma União Europeia marcada pelo aprofundamento do pilares neoliberal, federalista e militarista, cuja orientação tem importantes consequências na actual situação do nosso país.

Uma batalha eleitoral que terá de se traduzir numa importante campanha de esclarecimento a partir da situação do país e dos problemas nacionais, da denúncia da conivência das forças da política de direita nacional e do actual governo e da sua identificação com as orientações, objectivos e natureza do processo de integração capitalista europeu. Uma campanha de denúncia dos que, como o PS, se identificam com as concepções federalistas dominantes na União Europeia e os seus principais instrumentos de dominação que são responsáveis pelo rumo de desastre no país e na Europa. Uma Campanha que afirme o voto na CDU como a mais decisiva opção para assegurar o direito a um desenvolvimento soberano de Portugal e um outro rumo para a Europa. Uma campanha que identifique o voto na CDU como a mais segura contribuição para a inadiável derrota do governo e para dar força à construção da alternativa.

Somos um Partido que, como nenhum outro, desempenha um papel fundamental na dinamização da luta de massas, em estreita ligação à classe operária, aos trabalhadores e ao nosso povo pela solução dos seus problemas.

Um Partido que está pronto a assumir todas as responsabilidades que o povo lhe queira confiar, porque este é um Partido que não vira a cara à luta em nenhuma circunstância!

Um Partido com um ideal e um projecto capaz de construir um Portugal com Futuro, tendo como referência os valores de Abril!

Um Partido que mostra, com a sua história e o seu projecto, ser a grande força portadora da esperança e da confiança num Portugal com futuro! A grande força que esteve, está e estará sempre, do lado certo: do lado dos trabalhadores, do povo e de Portugal.