Estamos a chegar ao fim do nosso do nosso Encontro Nacional. A reflexão e o debate que aqui tiveram lugar são de uma grande importância, não apenas para a intervenção do PCP nas grandes batalhas que temos pela frente no plano nacional e no plano europeu, mas para a necessária e imprescindível mobilização dos militantes comunistas para garantir o seu êxito.
Desde logo para a batalha das eleições para o Parlamento Europeu que travamos no quadro da CDU. Quero reafirmar às delegações presentes do PEV e da ID a nossa saudação, juntos e prontos para, com muitos outros democratas independentes, travar mais uma batalha eleitoral!
Eleições que têm na actual situação nacional uma acrescida importância pelo que representam de possibilidade de reforço da intervenção dos deputados da CDU no Parlamento Europeu em defesa dos trabalhadores, do nosso povo, do nosso País e pelo contributo que podem dar para derrotar este governo e para animar todos quantos aspiram a uma ruptura com a política de direita e lutam por uma outra política, patriótica e de esquerda.
Neste Encontro Nacional do nosso Partido esteve presente a real situação do País, a verdadeira situação das condições de vida dos portugueses e os seus problemas, que o governo do PSD/CDS tenta encobrir com o diáfano manto da fantasia e da propaganda enganosa.
Propaganda enganosa de um governo que quer fazer crer a todo o custo que os sacrifícios, os dramas, o grave e brutal retrocesso no padrão de vida dos portugueses valeram a pena, e que quer chegar às próximas eleições vendendo a ilusão de um futuro diferente e melhor.
Pretendiam e pretendem fazer esquecer o vendaval de violência que semearam na vida dos portugueses com a sua política e as medidas do mal chamado programa de ajustamento, imposto ao País pela troika nacional do PS/PSD/CDS em concertação com a troika estrangeira na destruição do país e na extorsão dos seus recursos e património nacional.
Pretendiam e pretendem fazer esquecer a sua responsabilidade na galopante destruição do tecido produtivo do País e as milhares e milhares de empresas que foram conduzidas à falência; o desemprego brutal e massivo que promoveram; a emigração diária de milhares de portugueses fragilizando o País e o seu futuro; o aumento da exploração do trabalho e da concentração da riqueza que alimentaram; o acelerado processo de empobrecimento de milhões de portugueses que continua em curso: o alastramento da pobreza e da exclusão social; a violação e liquidação dos direitos constitucionais mais elementares, seja no direito ao trabalho com direitos, seja na garantia dos direitos à saúde, à segurança social e à educação dos portugueses.
Uma amarga realidade que entrou portas a dentro na vida de milhões de portugueses que se acrescenta às dificuldades impostas por sucessivos governos do PS, PSD e CDS, e que continua a manifestar-se todos os dias, à medida que o Orçamento deste governo para o ano em curso, de roubo nos salários, nas reformas e pensões, de destruição do sistema de protecção social, de ataque aos serviços públicos, de desinvestimento, avança na sua concretização.
Uma amarga realidade já sentida pelos trabalhadores da Administração Pública; pelas centenas de milhares de desempregados, sem perspectiva de emprego e sem subsídio; pelos reformados e aposentados vítimas de um novo assalto; por todos aqueles, e são muitos milhares, que vêem cortadas as suas prestações sociais, os seus únicos suporte de vida; pelos jovens cada vez mais marginalizados, tal como os mais idosos, por esta política de rapina.
A realidade de uma política que impõe brutais sacrifícios ao povo e benesses e mais benesses ao grande capital económico e financeiro com menos impostos, mais benefícios fiscais, contratos de avultadas rendas e novas privatizações.
Depois do que têm feito, da trágica situação a que conduziram o País, querem tornar, mais uma vez, a enganar os portugueses e tomar balanço para novas arremetidas contra as condições de vida dos portugueses!
De vez em quando lá se vão descaindo! Dizia Passos Coelho que é natural que alguma medida mais que se tenha de tomar acabe por ter efeito redobrado em quem já fez tanto sacrifício. Quando se começa a levar alguma pancada, podem ser as mais fortes, mas não as que doem mais. As que doem mais são quando estamos mias doridos! Afinal deram pancada e querem dar mais!
Incumbiram Paulo Portas, assumido ministro da propaganda do governo, dessa tarefa.
Da tarefa de criar a aparência que o País fecha um ciclo de ingerência estrangeira, para a qual tentam empurrar todas as responsabilidades dos dramas que vive o nosso povo, e se abre outro em 17 de Maio já liberto das garras impositivas da União Europeia e do FMI. Até meteram um relógio em tic-tac!
Mas tal como nenhuma propaganda pode iludir o facto de, por causa deste governo e da sua política, do Pacto de Agressão, de quem o assinou e das orientações e opções de uma União Europeia dos monopólios, continuarmos a viver o período mais negro da nossa vida democrática, também não há artifício que possa iludir que o novo ciclo que anunciam é uma fraude e pantomínia!
Vinham declarar, nestes últimos tempos, contra toda a evidência, sucessos atrás de sucessos da sua governação. Anunciavam-se não apenas sinais positivos de recuperação, mas até um milagre económico. Afirmavam-no com uma certa altivez para dar mais credibilidade à trapaça propagandística que estava em curso!
A sua estratégia dos sinais positivos, que sabem que pouco ou nada significam na vida do país e dos portugueses, é muito clara: visavam momentaneamente ganhos eleitorais, neutralizar a indignação, o protesto e a luta, e preparar o terreno para novas medidas de austeridade com o pseudo-argumento de que não se pode mudar de rumo, pois todos os sacrifícios que se fizeram até agora seriam perdidos!
Grandes hipócritas!
Mas o que é que o povo e País ganharam com os imensos sacrifícios quando a economia está de rastos, o desemprego é o que se sabe e a pobreza não para de crescer? Quando falam em sinais positivos ou em “indicadores encorajantes” o que se está é a preparar a opinião pública para mais e mais sacrifícios.
Mas, mais uma vez, o aforismo popular que diz que a mentira tem perna funcionou com este governo de Passos e Portas. De um governo envolto na sua própria contradição de ao mesmo tempo querer prosseguir a ofensiva contra o nosso povo e manter uma impostura eleitoralista.
Do milagre económico, o autor, ministro da economia, veio já reconhecer que tal anúncio foi um “excesso de linguagem”. Tem dificuldades em reconhecer que era um excesso não apenas de linguagem, mas de propaganda!
E é o próprio FMI que esta semana vem dizer alto o que toda a gente sabia, que a viragem que o governo andava a anunciar é uma treta e os seus sucessos têm pés de barro.
Vêm dizer o que há muito nós dissemos e até o grande feito do equilíbrio das contas externas, tão propalado, afinal não é êxito nenhum.
Há quem diga que as afirmações desta semana do responsável do FMI deitam por terra todos os sofismas deste governo, e são um balde de água gelada em cima da cabeça do governo e da sua estratégia de levar ao engano os portugueses, sem dúvida.
Mas é preciso também dizer que esse reconhecimento é também a admissão do fiasco das medidas do Pacto de Agressão, da interesseira intervenção do FMI e das políticas de saque a favor dos grandes senhores da banca e dos especuladores que agora também precisa de continuar a justificar novas medidas de espoliação.
De facto, o único e grande objectivo até hoje concretizado com o Pacto de Agressão e a política europeia, e do actual governo, foi esse empobrecimento acelerado de milhões de portugueses. O objectivo que todos esconderam antes do Pacto e das eleições e que Passos Coelho teve a ousadia de o proclamar quando se apanhou no poder com a cobertura do Presidente da República!
Empobrecimento e regressão social que querem consolidar, aprofundar e depois eternizar. Isso é evidente quando Passos Coelho e a Ministra das Finanças repisam a ideia de que as pessoas não podem ter a expectativa de voltar ao que era há três anos atrás.
Que o que era não existe. Era tudo uma ilusão! Salários e reformas dignas, direitos sociais e laborais.
Apetecia perguntar: quem se julgam estes senhores e esta senhora para decretar o empobrecimento perpétuo e os roubos perpetrados contra os trabalhadores, os reformados e a grande maioria do povo?
Eles acham que não, mas o mundo move-se!
É bom lembrá-los que a última palavra não será a deles, mas do nosso povo, da sua luta e do seu voto! Quem será derrotado, será este governo e a sua política, que nada está perdido para todo o sempre!
Nenhum dos objectivos anunciados pelas troikas e o seu programa, alguns dos quais significavam grandes retrocessos na vida do país, foram conseguidos, senão o do empobrecimento da maioria dos portugueses.
É ver quanto grande é a distância entre os resultados obtidos e os inicialmente proclamados. Em relação ao PIB duplicou a percentagem da quebra prevista. Um recuo acumulado de 5,8%. U/ma quebra na riqueza produzida de 9,4 mil milhões, em termos reais.
No investimento, diziam que sofreria uma retracção de cerca de 15% caiu neste três anos para perto dos 37%; a destruição de emprego foi cinco vezes superior ao anunciado, uma destruição de 464 mil empregos e o desemprego passou os limites do imaginável; a dívida que em 2010 era de 93% do PIB e que diziam não passaria dos 115%, está hoje a escassas décimas dos 130% do PIB, cresceu mais 51,5 mil milhões de euros. Disseram que o Pacto de Agressão era a solução para o défice que atingiria, depois dos muitos milhões roubados aos trabalhadores e reformados, do brutal aumento dos impostos e da mobilização de receitas extraordinárias de toda a ordem, ficará previsivelmente em 2013 ainda acima dos 5%.
Ao contrário do que os seus autores propalavam e garantiam, o Pacto de Agressão que impuseram ao País não foi para ajudar o País, mas para salvar os banqueiros! O seu Pacto de Agressão serviu apenas para afundar o País e promover o esbulho dos seus recursos!
Por isso, Portugal é hoje um País mais frágil, mais pobre e mais desigual!
Este governo e os seus principais responsáveis tudo fazem para tentar credibilizar a sua estratégia de engano e mentira e vender a ilusão de que a partir da saída da troika nada será como antes - é outra dose de propaganda!
O seu objectivo é o de se apresentarem como os grandes protagonistas da libertação do país da ingerência estrangeira, mas seguir a mesma lógica de sempre – a de continuar a hipotecar a sua soberania e com ela o seu desenvolvimento.
Querem fazer crer que a grande questão do país é a de se saber qual o modelo de saída do Pacto: “saída à Irlandesa” ou “programa cautelar”, como se um ou outro não significassem a continuação das gravosas medidas ditas de austeridade e da colonização do país pela Europa da oligarquia financeira e do directório das grandes potências.
Ao mesmo tempo difundem na opinião pública a ideia de que estamos próximos de obter uma saída limpa desse Pacto de Agressão e empobrecimento nacional graças aos esforços do governo.
Para isso estão a endividar ainda mais o País com juros exorbitantes para criar uma almofada financeira.
Uma operação onde quem ganha é o cartel dos mega bancos – o verdadeiro mercado - e quem perde é o País e as futuras gerações.
Mais um negócio colossal para os senhores do dinheiro que o compram a 0,25% no BCE e que depois investem, como no último empréstimo a dez anos de 3,5 mil milhões a uma taxa de 5,1%! Lucro limpinho, sem osso para o capital. Quem vier atrás que feche a porta!
Mas seja qual for a solução, Programa Cautelar ou saída à Irlandesa, com este governo, com esta política nacional e europeia, não há saídas limpas, só há saídas sujas! Saídas com a imposição de novos e drásticos sacrifícios para o povo e para o País!
E neste procurar de saídas sujas é grande a capacidade mistificadora dos grandes centros do capitalismo europeu e deste governo do PSD/CDS para tentar vender a solução do sistema financeiro, dos grandes bancos e dos grandes interesses, como interesse nacional.
Esta semana um dos membros do conselho executivo do BCE, veio dizer, aqui em Cascais, que há um meio caminho entre a saída à Irlandesa e o programa cautelar.
Não está a falar sozinho!
Diz que o importante é ter uma “monitorização reforçada pós-programa”, (as palavras que eles inventam!), onde Portugal assumiria determinados objectivos para os próximos anos, para além daqueles que estão previstos no chamado tratado orçamental.
Esse tratado, mais um, que o PS também assinou, que impõe o pagamento da dívida e a redução do défice a “mata cavalos”.
“Monitorização reforçada”, que seria a grande solução para dar mais confiança aos mercados!
Aliás, a senhora ministra das finanças não diz coisa muito diferente e o FMI também não, quando já vêm falar em mais dois mil milhões de cortes para 2015, e quando chegarmos a 2015 virão falar na necessidade de cortar para o ano seguinte mais uns milhões nas reformas, nos salários, na saúde, na educação, na segurança social. A tal pancada de que falava ontem Passos Coelho!
É mais uma solução pouco limpa a juntar às que estão em discussão!
E pouco limpa porque não querem apenas impor como boas as incomportáveis e sufocantes regras do chamado tratado orçamental, querem pôr o País de tanga para pagar aos credores rapidamente e a juros agiotas.
Querem renovar o Pacto de Agressão de preferência com os mesmos partidos da troika nacional, com uma diferença! Sem as ditas tranches, sem os ditos seguros cautelares, sem nada absolutamente nada, apenas com cortes e mais cortes, medidas de extorsão e mais medidas de extorsão, metamorfoseadas em medidas estruturais.
Com o governo do PS andávamos de PEC em PEC, com estes, agora, de Pacto em Pacto, mesmo que lhe chamem “monitorização reforçada” ou lhe dêem outro nome para levar a água ao moinho do consenso dos protagonistas do Pacto de Agressão que agora formalmente termina.
Não! Não há saída limpa sem renegociar a dívida para acabar com este sufoco, este apertar de garganta do País e dos portugueses e sem uma outra política capaz de relançar o desenvolvimento do país!
É preciso sair deste círculo vicioso em que o país se encontra!
Não há saída para a crise com o serviço da dívida que o País tem que pagar. Em juros, hoje, são mais de 7 mil milhões de euros ano! Estamos a falar de juros, não estamos a falar da dívida!
É preciso dizer basta! Dizer basta, ampliando e dinamizando a luta dos trabalhadores e das diversas camadas da população e esta é outra grande e determinante frente de combate que os comunistas portugueses têm pela frente!
Tomando a iniciativa lá na empresa, nos locais de trabalho, nas organizações de classe, no movimento associativo e reforçando as organizações unitárias e do próprio Partido dando ainda mais força à grande luta que tem vindo a ser travada pela exigência da demissão do governo!
Luta à qual o PCP expressa a mais fraternal solidariedade, como aquela que está marcada para o próximo dia 27 deste mês, com a realização das marchas de Lisboa e Porto pelos direitos, contra a troika e o governo, convocadas pela CGTP.
Na União Europeia, pesem as diferenças, as mesmas orientações e políticas que temos visto serem concretizadas em Portugal conduziram, no espaço europeu igualmente a gravíssimos flagelos sociais, onde pesam o desemprego, a precariedade, o aumento da exploração do trabalho, o aumento da pobreza e o acentuar das divergências económicas e sociais entre países e regiões.
Toda a evolução destes anos revela bem o grau de falsidade dos discursos da solidariedade, da coesão e da “Europa social”.
Vimo-lo ainda esta semana, quando secundando o FMI, a Comissão Europeia, vem exigir novos cortes de salários reais de 5% para todos os trabalhadores. Um diz mata, o outro diz esfola!
Uma orientação marcada pelo acelerado aprofundamento do rumo neoliberal, federalista e militarista que conheceu com o Tratado de Lisboa um novo impulso e que tem no Euro um projecto estratégico de domínio do capital e das principais potências.
Aprofundamento que acentua os constrangimentos quase absolutos ao desenvolvimento e à afirmação da soberania de países como Portugal e que encontra nos actuais processos de reconfiguração da União Económica e Monetária, União Bancária e, entre outros, no Tratado Orçamental e nas orientações da governação económica e nas políticas orçamentais restritivas, novos pretextos para a eternização da regressão social e da liquidação de direitos em curso na União Europeia.
Um projecto de dominação imperial sob a capa do federalismo que apenas tem encontrado em Portugal, a acção das forças que compõem a CDU, com proposta e firme denúncia, nomeadamente com a acção do PCP.
Tem sido contra esse projecto de dominação e contra as suas consequências para os trabalhadores, o povo e o País que temos lutado e estamos a lutar, como bem o prova a nossa luta em todas as frentes e no Parlamento Europeu, com uma intervenção de inquestionável mérito em todos os domínios da política comunitária em defesa da qualidade de vida dos portugueses, da soberania e independência nacionais, pelo direito dos portugueses a decidirem a sua política económica, monetária e orçamental e as suas relações comerciais.
Um trabalho e uma intervenção bem patente na dedicada intervenção do PCP no Parlamento Europeu sustentada nas centenas e centenas de intervenções, perguntas, declarações de voto e relatórios assumidos pelo nosso colectivo no Parlamento Europeu de que os camaradas João Ferreira e Inês Zuber são os rostos mais visíveis, rostos da política de verdade! Uma intervenção bem espelhada no facto dos deputados comunistas portugueses serem os mais activos, coerentes e intervenientes deputados portugueses representados no Parlamento Europeu.
Um trabalho altamente qualificado que, interligando a luta institucional com a luta de massas, soube honrar os compromissos assumidos e interpretar os anseios e aspirações não só daqueles que pelo seu voto confiaram ao PCP e à CDU as responsabilidades de os representar nas instituições, mas de todos os que, cada vez mais, se vêem agredidos por políticas europeias e nacionais contrárias aos seus direitos e ao direito ao desenvolvimento económico e social do seu País.
O nosso Partido, os nossos deputados estiveram sempre lá, no sítio e no lado certo, com as posições correctas.
Quando outros abdicavam de direitos, de soberania, e até de meios que poderiam ser utilizados em favor de Portugal e dos portugueses, lá estiveram os deputados do PCP lutando para minimizar os efeitos negativos das medidas da União Europeia, pugnando por mais fundos e medidas de apoio ao desenvolvimento do nosso País, denunciando, desde o início e sem hesitações, as reais intenções das imposições contra Portugal como o Pacto de Agressão.
Mas não é apenas de Bruxelas que os portugueses conhecem os nossos deputados. Foram centenas e centenas as visitas, reuniões, debates, e contactos com estruturas que os nossos deputados ao Parlamento Europeu, numa muito intensa acção que cobriu todas as áreas da nossa vida económica e social e todos os distritos do continente e das regiões autónomas.
Uma intervenção da qual muito nos orgulhamos que, tendo como principio básico usar a política para servir o povo e o País e não para benefício próprio, assentou em três princípios nunca abandonados: servir os trabalhadores e o povo português e ser a voz no Parlamento Europeu da sua luta em defesa dos seus interesses, direitos e aspirações; pôr o interesse nacional e a defesa da soberania do povo português acima de quaisquer outros interesses; dar uma decidida contribuição, no seio do Grupo Confederal Esquerda Unitária Europeia / Esquerda Verde Nórdica para a luta por uma outra Europa dos trabalhadores e dos povos, de nações soberanas, iguais em direitos e em deveres.
Um trabalho, que, estamos certos, o povo português reconhecerá renovando a confiança e reforçando a CDU com o seu apoio e o seu voto.
Um trabalho que confirma a CDU como a força necessária e insubstituível que faz a diferença no pantanoso consenso comunitário das políticas da direita e da social-democracia. Desse consenso que assume agora uma renovada e escandalosa visibilidade nos projectos conjuntos à alemã, ou separados à francesa, mas onde está patente uma “agenda comum” marcada pelo ataque e cortes nos direitos sociais, de desregulação laboral e de rebaixamento dos salários, reformas fiscais dominadas pelo aumento dos impostos sobre o trabalho e de baixa para o capital, em sede de IRC, de benefícios fiscais, de taxas para a segurança social, tudo a pensar no grande capital.
Agenda comum que em Portugal vai sendo executada, em questões nucleares com o apoio e consenso do PS, como verificámos recentemente em relação às alterações para pior das leis laborais ou na reforma do IRC.
É para travar e inverter a política que está em curso, aqui e na União Europeia, que precisamos de reforçar também o nosso Partido, levando para a frente e com êxito a batalha do reforço orgânico, social e de intervenção política do PCP, na qual assume particular relevo a grande acção nacional centrada na projecção dos valores de Abril e na afirmação de uma política patriótica e de esquerda e a vasta acção de organização que estamos a lançar “por um PCP mais forte”.
Mais forte para defender os interesses dos trabalhadores e do povo. Mais forte para assegurar os interesses do País e a soberania nacional!
É para travar e inverter esta política que está em total confronto com o que Abril representou de liberdade, conquista, transformação, realização, participação e avanço protagonizado que nos vamos empenhar nas comemorações dos 40 anos da Revolução, reafirmando que o futuro do País, que o Portugal de progresso se realiza por Abril e com Abril, sempre com o povo, com a retoma dos seus valores em plenitude e das suas conquistas.
Vamos realizar uma grande e dinâmica campanha que queremos que se traduza numa massiva acção de esclarecimento e debate a partir da situação do País e dos problemas nacionais!
Uma grande e dinâmica campanha de denúncia dos que, como o PS, simulando oposição ao actual governo, não só se identificam com as concepções federalistas dominantes na União Europeia como, não pondo em causa os seus principais instrumentos de dominação, visam manter o mesmo rumo de desastre no país e na Europa.
Uma campanha que afirme o voto da CDU e o seu reforço da votação e deputados, como a mais decisiva opção para assegurar o direito a um desenvolvimento soberano de Portugal e um outro rumo para a Europa.
Uma campanha que identifique o voto na CDU como a mais segura contribuição para a inadiável derrota do governo e para dar força à construção de uma alternativa.
Um voto na CDU é coerente e decisivo para condenar a política de direita do governo e dar força à luta dos que não se resignam e lutam por um Portugal mais justo, mais fraterno, mais democrático e desenvolvido.
Um voto para afirmar a nossa inalienável soberania e para rejeitar a política de austeridade imposta pelas troikas.
Um voto, como afirma a declaração do nosso Encontro, que distintamente de todos os outros, se apresenta como indispensável para afirmar a defesa dos interesses nacionais, para minimizar os condicionamentos e consequências negativas da integração capitalista europeia, para utilizar a favor do progresso social todos os meios e possibilidades para lutar contra as imposições supranacionais e as limitações à democracia e à vontade do povo, para agir especificamente e em articulação com os trabalhadores e povos de outros países, para romper com o processo de integração capitalista europeu e abrir caminho a uma cooperação entre Estados iguais em direitos, numa Europa de progresso, paz e cooperação.
Portugal precisa de mudar de rumo. Portugal não está condenado à submissão e à dependência!
É possível assegurar com outra política a soberania e a independência do País, o seu desenvolvimento e a elevação das condições de vida dos trabalhadores e do povo.
Uma política alternativa em ruptura com as políticas dominantes da direita em Portugal e com os eixos fundamentais do processo de integração capitalista europeu.
Uma ruptura que urge e que se impõe como um imperativo à construção da nova alternativa, patriótica e de esquerda de que o País precisa.
As soluções para os problemas que o país enfrenta só podem ser encontradas invertendo o rumo da actual política de direita e com um novo governo patriótico e de esquerda.
Um governo capaz de concretizar uma nova política, uma política que tenha como referência os valores de Abril e o respeito pela Constituição da República. Uma política patriótica e de esquerda que seja capaz de libertar Portugal da dependência e da submissão.
Uma política que, partindo da necessidade e urgência de garantir a renegociação da dívida, tendo em conta os interesses nacionais, assuma nas suas opções fundamentais :a defesa e o aumento da produção nacional, a recuperação para o Estado do sector financeiro e de outras empresas e sectores estratégicos; a valorização efectiva dos salários e pensões e o explícito compromisso de reposição dos salários, rendimentos e direitos roubados, incluindo nas prestações sociais; a opção por uma política orçamental de combate ao despesismo e à despesa sumptuária, baseada numa componente fiscal de aumento da tributação dos dividendos e lucros do grande capital e de alívio dos trabalhadores, dos reformados, pensionistas e das micro, pequenas e médias empresas; uma política de defesa e recuperação dos serviços públicos, em particular no que concerne às funções sociais do Estado; a assunção de uma política soberana e a afirmação do primado dos interesses nacionais.
A concretização da mudança que o País precisa, exige continuar a travar o combate pela demissão do governo do PSD/CDS e pela realização de eleições antecipadas.
Nós não nos resignaremos, nem baixaremos os braços perante o que é injusto, inaceitável e intolerável.
Nós não nos resignaremos perante os que querem perpetuar a dominação do nosso povo e do nosso país.
Daqui apelo a todos os portugueses que apoiem o PCP e a CDU.
Apoiem este Partido e a Coligação Democrática Unitária que se opõe à exploração e ao empobrecimento do nosso povo, à cada vez maior concentração da riqueza. Que, com a sua luta e o seu voto, digam não aos partidos da troika nacional. Digam não ao directório das grandes potências e à arrogância da Senhora Merkel! Digam não à hipocrisia de Durão Barroso e quejandos. Que com o seu voto e não com a abstenção condenem os agiotas, os usurários e a oligarquia que suga o povo português.
Que com o seu apoio e o seu voto na CDU digam sim ao desenvolvimento de Portugal. Digam sim ao direito dos portugueses de decidirem do seu destino.
Digam sim à devolução dos salários e das reformas. Digam sim ao fim da política de austeridade e extorsão e à reposição das condições de vida do povo. Digam sim à Europa dos trabalhadores e dos povos. Digam sim à mudança para uma vida melhor!
O povo não está condenado, está nas suas e nas nossas mãos derrotar esta política e dar a volta à situação! A propósito das comemorações dos 40 anos de Abril, nós lembramos que Abril devolveu a alegria de viver ao povo português. Lutemos com os seus valores para que também a esperança e a alegria roubados por esta política, sejam de novo devolvidas ao nosso povo.
Que viva Abril!
Viva a CDU!
Viva o PCP!