Comunicado do Comité Central do PCP, de 3 de Abril de 2011

O Comité Central, reunido a 3 de Abril de 2011, analisou a situação económica e social do país e os recentes desenvolvimentos decorrentes da demissão do primeiro-ministro e da dissolução da Assembleia da República; debateu e definiu as principais orientações e direcções de trabalho com vista à intervenção do Partido nas eleições legislativas antecipadas de 5 de Junho e deliberou concorrer no quadro da CDU; apreciou o desenvolvimento da luta dos trabalhadores e de outros sectores da população, factor indispensável para a defesa de direitos e para a afirmação da exigência de uma ruptura com o actual rumo de declínio, retrocesso e empobrecimento do país

I.

A presente crise política, decorrente da demissão do primeiro-ministro e da dissolução da Assembleia da República, é expressão e consequência directa da crise económica e social a que PS, PSD e CDS-PP (com o indisfarçável apoio e patrocínio do Presidente da República como ficou patente no seu discurso de tomada de posse) conduziram o país e é inseparável do rumo de integração capitalista da União Europeia e da crise do sistema capitalista.

Uma crise política que é consequência da agudização das contradições resultantes da natureza anti-popular da sua política e do crescente isolamento social imposto pela ampliação e reforço da luta dos trabalhadores e das populações que levaram o PS a ensaiar uma saída política para as dificuldades que enfrenta, e o PSD a não poder continuar a apoiar o actual governo e as suas medidas mais gravosas, os recentes desenvolvimentos dão conta também de um reposicionamento dos principais círculos do capital financeiro na procura de assegurar a preservação dos seus insaciáveis lucros e interesses.

Uma crise política que é, também, resultado de uma deliberada construção por parte do PS, PSD e CDS-PP para alijar responsabilidades e disfarçar a identidade de posições quanto ao que de essencial tem determinado o rumo de declínio nacional. Uma construção concretizada a partir do PS para, refugiando-se numa alegada ingovernabilidade, iludir que a razão que conduziu à demissão do Governo foi a rejeição de um novo e mais brutal pacote de medidas que pretendia impor, dirigido contra os rendimentos, os direitos e as condições de vida dos trabalhadores e do povo. Uma construção deliberada, a partir do PSD (e também do CDS) para, refugiados em questões formais, omitirem e silenciarem, a coberto de uma altissonante retórica, a sua concordância de facto com o que, de pior, o PEC IV encerrava.

A convocação de eleições legislativas antecipadas para 5 de Junho constitui, neste quadro, uma oportunidade para os trabalhadores e o povo português fazerem ouvir a sua voz. Uma oportunidade e uma responsabilidade para todos quantos foram e são atingidos nos seus direitos, condições de vida e dignidade, por anos sucessivos de uma política determinada pelos interesses do grande capital, penalizarem os seus principais responsáveis e executantes (PS, PSD e CDS-PP) e optarem, com o seu apoio à CDU, pela ruptura e mudança e por uma política patriótica e de esquerda para Portugal.

II.

1. A gravidade e dimensão dos problemas do país tem causas e responsáveis. Trinta e cinco anos de política de direita – política ao serviço do grande capital – avolumaram injustiças e desigualdades sociais, definharam as capacidades produtivas, alienaram recursos e activos estratégicos, hipotecaram a soberania nacional, empobreceram o regime democrático. Anos continuados de uma brutal escalada anti-social e anti-popular realizada em nome da crise, da dívida e do défice das contas públicas, num processo comandado pelo grande capital e grupos económicos nacionais e internacionais, e em que PS, PSD e CDS-PP são executantes desses interesses. Anos marcados pela intensificação da exploração dos trabalhadores através de uma espiral de medidas de “austeridade”, de continuado ataque aos direitos laborais e sindicais e de simultânea protecção aos lucros e privilégios dos grupos económicos e financeiros, orientados pelo objectivo de, no quadro mais geral da crise do capitalismo, assegurar a reposição e ampliação das taxas de lucro do grande capital.

O resultado está à vista: o país subordinado à dominação do capital nacional e estrangeiro que, pressionando e chantageando, saqueia a riqueza produzida no país num processo assente na subordinação do poder político aos seus interesses de classe. Em contraste com os seus fabulosos e escandalosos lucros, a pobreza e a miséria cresce todos os dias, as famílias sentem crescentes dificuldades e o valor dos salários é cada vez menor. O país está mais pobre, menos desenvolvido e mais dependente num rumo em que, ano após ano, se avolumam e agravam problemas, em que a cada imposição de sacrifícios e injustiças se somam menos perspectivas de saída e solução.

O início do ano de 2011 aí está para o testemunhar: os PEC e Orçamentos de Estado, apresentados e justificados como males necessários para vencer dificuldades, a traduzirem-se, de facto, em factores de acentuação de crise e recessão (como o testemunha a revisão em baixa do PIB anunciada pelo Banco de Portugal, com uma previsão de -1.4% para 2011), de aumento do desemprego (em que aos cerca de 800 mil desempregados se adiciona uma nova estimativa de crescimento para este ano), com o agravamento da dependência externa (em que a dívida privada é superior à dívida pública) e a dilatação do próprio défice das contas públicas que dizem querer combater, como o revela a revisão para 8.6 % do valor do défice no final de 2010 (em vez dos 6.8% anunciados) com origem, no fundamental, na contabilização de mais de 2.200 milhões de euros enterrados pelo Estado no BPN e no BPP.

De PEC em PEC, de Orçamento em Orçamento, o inaceitável dilema em que PS, PSD e CDS-PP querem colocar o País é ficar refém dos juros incomportáveis da especulação do capital financeiro nos “mercados” ou ficar estrangulado por décadas com os juros especulativos ao serviço do mesmo capital financeiro, definidos pela União Europeia e o FMI e associados a inaceitáveis e ruinosas imposições.

2. No seguimento das gravosas medidas já adoptadas, o PEC IV proposto pelo Governo prosseguia e aprofundava este caminho.

Não incluía nenhuma medida visando o crescimento económico, o aumento da produção nacional, uma mais justa distribuição da riqueza a diminuição do desemprego ou o combate às desigualdades.

Mantendo metas absurdas para a diminuição do défice, consagrava a continuação do ataque aos salários, a diminuição real das pensões mais baixas e o corte substancial das restantes, bem como o agravamento dos impostos cobrados sobre salários, pensões e reformas. Previa o agravamento do IVA sobre os bens alimentares e outros bens essenciais que no quadro do aumento do custo de vida (a inflação agora estimada pelo BdP para 2011 é de 3.6%, a que acresce o processo de aumento dos juros) acentuaria ainda mais a perda de poder de compra. Incluía a facilitação dos despedimentos, fosse pela simplificação dos processos administrativos e judiciais, fosse sobretudo pela diminuição drástica das indemnizações devidas a todos os trabalhadores, mesmo aos contratos já em vigor. Consagrava a usurpação do direito de contratação colectiva aos sindicatos. Determinava novo corte nas prestações sociais e no subsídio de desemprego, e uma ainda maior diminuição das comparticipações dos medicamentos. Acentuava o corte no financiamento dos serviços e empresas públicas, acentuando a sua degradação, acelerando o ritmo das privatizações de empresas e serviços, prevendo mais encerramentos e maiores encargos para as populações. Determinava a liberalização em novos sectores económicos e sociais, como o das rendas e despejos, propondo-se transpor por completo a directiva de serviços da União Europeia. Propunha novo corte no já rarefeito investimento público, agravado com nova diminuição de verbas transferidas para as autarquias locais e as regiões autónomas. Apontava para a atribuição de maiores apoios financeiros à banca e sector financeiro, cujos benefícios fiscais permanecem no fundamental intocados.

Recusando a chantagem política do Governo e do PS, o PCP, dando expressão à luta continuada e crescente dos trabalhadores e das populações contra esta política e as suas consequências, propôs e viu aprovada a rejeição deste PEC IV, salientando a gravidade dos seus conteúdos e apresentando um caminho de propostas e orientações alternativas. De facto, o Governo PS e José Sócrates, acenando com a chantagem da suposta inevitabilidade do recurso ao FMI caso se demitissem e, por outro lado, com a ameaça da sua própria demissão, procuraram desviar atenções do conteúdo das políticas e medidas concretas inseridas no PEC IV - na sequência dos compromissos assumidos de forma submissa junto da União Europeia – e transferir o debate para a possibilidade de uma crise política que veio a verificar-se com o seu pedido de demissão como, provavelmente, desejavam.

3. A natureza e conteúdos das medidas presentes no PEC rejeitado são indissociáveis, como os acontecimentos vieram a expor claramente, da aceleração do processo de integração capitalista da União Europeia e das exigências do seu núcleo duro dominado pela Alemanha, com os novos e intoleráveis passos dados no recente Conselho Europeu com a aprovação do Pacto do Euro e as decisões sobre a chamada Governância Europeia. Passos que constituem um novo patamar no processo de dominação política por parte do grande capital internacional e das potências e instituições ao seu serviço e que constituem uma nova agenda de ataque aos direitos dos trabalhadores e de aumento da exploração, da destruição das forças sociais do Estado, de retrocesso social e de usurpação da soberania nacional a que, quer PS, PSD e CDS-PP, quer o Presidente da República, se submetem.

III.

A campanha de mistificações e falsidades presente na intensa ofensiva ideológica que tem procurado contrapor-se à crescente corrente de indignação e protesto erguida contra a política de direita e as suas consequências, conhece agora novos desenvolvimentos. Dirigida e orientada numa primeira fase para procurar justificar a ofensiva em curso pela difusão dos sentimentos de resignação perante alegadas inevitabilidades, esta campanha recebe agora novos argumentos tendentes a assegurar condições favoráveis à continuidade da política de direita.

Uma campanha assente, desde logo, na procura de vitimização por parte do PS, confundindo a rejeição do PEC com a queda do governo que por sua iniciativa desencadeou; transferindo para outros as responsabilidades que detém na instabilidade crescente que a sua política introduziu na vida dos portugueses e no país; procurando iludir que as únicas e verdadeiras vitimas são os milhões de portugueses (trabalhadores, reformados, jovens, pequenos e médios empresários e agricultores) sujeitos à imposição de pesados e injustificados sacrifícios; escamoteando que os reais problemas de financiamento e de endividamento são inseparáveis da atitude de obediente sujeição aos “mercados financeiros” e de insistência em orientações que não só conduzem à estagnação e recessão económicas como promoveram a alienação e abandono da produção e dos recursos nacionais.

Uma campanha de instrumentalização das reais inquietações e preocupações sentidas pelos trabalhadores e pelo povo: seja pelo agitar das consequências da intervenção financeira externa (identificada no FMI), sacudindo para outros a responsabilidade que cabe ao PS pelas políticas que tem conduzido ao agravamento dos problemas estruturais do país e iludindo que parte significativa do que verbera de previsíveis imposições do FMI estão hoje já em vigor pela mão de PS, PSD e CDS por via dos PEC e dos Orçamentos de Estado dos dois últimos anos; seja pela ameaça da iminência de uma alegada “bancarrota” usada enquanto factor de chantagem para favorecer a resignada aceitação de novas medidas que, não resolvendo nenhum dos reais problemas que o país enfrenta, têm como único objectivo assegurar a acumulação dos lucros; seja pela falsa e cínica dramatização por parte do PS do “perigo da direita” iludindo não só a sua própria vinculação e empenhada promoção da política de direita como a larga e patenteada identidade de opções e orientações para o país.

Uma campanha que, a par da cíclica promoção da alternância, alimentada na artificial dramatização entre falsas soluções, ensaia agora um apelo a uma putativa “unidade nacional” para salvar o país, destinada a justificar uma futura aliança daqueles mesmos que nas últimas décadas têm enterrado o futuro do país, para assim procurar garantir o resgate da política de direita, e a perpetuação da voragem pelo capital dos recursos do país e dos portugueses.

Uma campanha que a pretexto da crise (sempre remetida para a sua expressão internacional e ignorando que o agravamento da situação do País é anterior ao seu desenvolvimento e resultado directo da política de direita) e dos problemas de financiamento externo (com origem sobretudo no défice externo decorrente da alienação de sectores estratégicos e da destruição do aparelho produtivo e da produção nacional) visa difundir a ausência de outras soluções e políticas, silenciar as propostas alternativas e conduzir à aceitação de um novo e mais brutal pacote de medidas injustas e penalizadoras.

Uma campanha contra o papel do Estado e do sector público em geral, omitindo o facto de sucessivos governos o terem degradado de forma substancial e colocado ao serviço do grande capital – que beneficia de parte cada vez maior dos recursos públicos – em vez de estar ao serviço dos trabalhadores, do povo e do desenvolvimento do país, e que procura pôr em causa os sectores do Estado mais determinantes para garantir direitos essenciais da população.

Uma campanha que procura desvalorizar e esconder a intervenção, a proposta e o projecto do PCP e o seu papel determinante nas intuições e fora delas, na oposição à política de direita e na exigência da ruptura, ao mesmo tempo que promove o papel do BE e projecta os ataques deste ao PCP.

Uma campanha que estimulando a crítica aos “políticos” e à política em geral, esconde deliberadamente a natureza de classe e os posicionamentos concretos de cada um, numa estratégia que visa iludir o facto de que os verdadeiros e decisivos mandantes da vida política do país são os detentores do capital, os grupos económicos e o capital financeiro. Uma campanha que, explorando o legítimo desencanto de todos quantos se viram sucessivamente enganados pelo apoio e voto que deram aos partidos da política de direita visa, com a generalização da ideia “dos todos iguais”, ou de que “não vale a pena discernir quem são os responsáveis”, afastar das opções de cada um essa opção verdadeiramente diferente que o PCP constitui.

IV.

1. O Comité Central do PCP afirma que o caminho para a solução dos problemas nacionais só é possível com uma alternativa baseada numa política patriótica e de esquerda que assuma uma corajosa ruptura com a política de dominação do grande capital e de abdicação dos interesses nacionais, construída com o estímulo da acção e do apoio dos trabalhadores, da juventude e do povo português.

A necessidade da ruptura com a política de direita, com o rumo de desastre nacional, a adopção de uma política patriótica e de esquerda e de um Governo que a concretize, não só é cada vez mais necessária, como constitui um imperativo inadiável.

2. O Comité Central do PCP reafirma que há uma política e um caminho alternativos. Ao contrário de uma política de privatizações, do domínio do capital nacional e estrangeiro, da desindustrialização do país, da substituição da produção nacional pela estrangeira, de desincentivo ao crescimento económico provocada pela submissão ao Pacto de Estabilidade e Crescimento e à chantagem dos ditos mercados financeiros, daquilo de que o país precisa é de enfrentar com determinação os grupos económicos e financeiros e a abdicação da soberania nacional.

Existe uma política capaz de abrir caminho ao desenvolvimento económico, ao progresso social e à afirmação soberana do interesse nacional. Existe e é possível concretizar uma política alternativa patriótica e de esquerda, assente nos seguintes eixos e objectivos nucleares: desenvolvimento económico, elevação das condições de vida dos trabalhadores e do povo, defesa e promoção do interesses público e dos direitos dos cidadãos, recuperação e afirmação da soberania – quatro eixos e objectivos nucleares de uma política patriótica e de esquerda capaz de abrir caminho ao progresso social e à afirmação soberana do interesse nacional.

Desenvolvimento económico assente no crescimento, na defesa e promoção da produção nacional e na dinamização do aparelho produtivo – que concretize um modelo de substituição de importações por produção nacional (sem descurar o papel das exportações) associada a um programa público de industrialização do país que aproveite e potencie os recursos nacionais, que desenvolva a agricultura e as pescas, tendo como objectivo garantir a soberania alimentar, que promova a criação de emprego e o emprego com direitos e combata a precariedade –; na existência de um forte e dinâmico sector empresarial do Estado e na reversão da política de privatizações, de parcerias público-privadas e de outras formas de apropriação dos recursos do Estado; no aumento do investimento público como factor essencial da dinamização económica do país e do seu desenvolvimento científico e tecnológico.

Elevação das condições de vida assente na valorização dos salários e das pensões de reforma; no direito de acesso à protecção e apoio sociais e na defesa das funções sociais do Estado e dos serviços públicos; no acesso a um Serviço Nacional de Saúde gratuito e universal e a uma escola pública gratuita e de qualidade; no acesso à cultura; na garantia da segurança e tranquilidade públicas; na redução do peso dos impostos sobre o consumo e na concretização de uma reforma fiscal que tribute de facto os lucros dos grupos económicos e financeiros, as transacções e os ganhos bolsistas e especulativos e as grandes fortunas.

Defesa e promoção dos direitos dos cidadãos assente na garantia dos direitos e liberdades fundamentais e do acesso à justiça em condições de igualdade, bem como na prossecução do interesse público através da efectiva afectação dos meios e recursos públicos ao serviço do interesse colectivo e pela subordinação do poder económico ao poder político.

Defesa e afirmação da soberania nacional assente na recusa da sujeição do país perante as instituições da União Europeia e os mercados financeiros e pela recuperação do poder de decisão e controlo no domínio da política económica, orçamental e monetária. Uma afirmação da soberania que exige a intervenção do Estado português que recuse o saque aos recursos nacionais por via do crescente endividamento externo, da espiral especulativa que se desenvolve por via dos juros da dívida pública e da ameaça a uma entrada (directa ou indirecta) do FMI, que procure a convergência de posições com outros países que são vítimas de uma ofensiva comum. Uma outra política que garanta a resposta ao financiamento do país em condições que não sejam um factor de estrangulamento da economia nacional e de brutal agravamento das condições de vida do povo português e promova a diversificação de fontes de financiamento e das relações económicas, mutuamente vantajosas, com outros países (designadamente de África, América Latina e Ásia). Uma afirmação de soberania e independência, ao serviço da cooperação e da paz e não a sujeição aos ditames da Nato e do imperialismo norte-americano

3. O Comité Central do PCP afirma que a concretização da política necessária à resolução dos problemas nacionais exige a formação dum governo patriótico e de esquerda, capaz de assegurar uma nova fase da vida do País, marcada pelo desenvolvimento, a justiça e o progresso social.

Um governo para salvar o País e não um governo dito de salvação nacional mas que visa prosseguir a política de direita, juntando, duma forma ou de outra, o PS, o PSD e o CDS-PP, precisamente aqueles que têm enterrado e querem continuar a enterrar o País.

Um governo para salvar o país, orientado por uma política patriótica e de esquerda que, correspondendo ao conteúdo e valor próprio da Constituição da República e dos ideais de Abril, permita responder aos problemas nacionais.

Um governo constituído com base nas forças e sectores políticos, democratas e personalidades independentes, que se identificam com a política patriótica e de esquerda, apoiado pelas organizações e movimentos de massas dos sectores sociais anti-monopolistas.

Um governo cuja viabilidade e apoio político e institucional está nas mãos do povo português com a sua posição, a sua luta e o seu voto. Uma solução política necessária e urgente, que tem de ser inscrita como um objectivo incontornável para o futuro do país e cuja concretização só é possível com o significativo reforço da influência do PCP e dos seus aliados na CDU.

4. É hora de um apoio e uma votação massiva no PCP e nos seus aliados. A CDU, coligação do PCP com o Partido Ecologista “Os Verdes” e a Associação Intervenção Democrática, aberta a todos os que querem o desenvolvimento, a justiça e o progresso social, é o espaço de convergência política e eleitoral alargado, garantia de um compromisso de confiança, seriedade e capacidade, essencial à mudança que Portugal precisa.

A CDU assume uma prática, um projecto e valores necessários e indispensáveis ao País. A CDU é a garantia da defesa dos interesses dos trabalhadores e do povo, de coerência e verdade, de coragem para enfrentar os poderosos, de compromisso na defesa dos interesses nacionais, de honestidade e de garantia de determinação no combate à corrupção e ao nepotismo. A CDU é força portadora da alternativa, do projecto patriótico e de esquerda, de afirmação da democracia e da soberania nacional. O reforço da CDU é essencial para dar mais força e expressão à resistência que faça frente aos projectos de intensificação da ofensiva dirigida contra os trabalhadores e o povo e para a luta que prosseguirá para impor a necessária ruptura e mudança.

O PCP e os seus aliados na CDU são a expressão política da defesa dos interesses dos trabalhadores e do povo e a força que promove a sua participação, unidade, organização e luta, como elemento essencial de transformação, mudança e construção do futuro.

V.

O Comité Central do PCP ao mesmo tempo que sublinha a intensa e diversificada actividade das organizações do Partido, designadamente a dimensão e impacto das comemorações do 90º aniversário do PCP, salienta que o próximo acto eleitoral, que tem lugar numa difícil e complexa situação nacional, exige uma empenhada participação de todo o colectivo partidário.

O Comité Central apela a todas as organizações e militantes do PCP e à JCP para que intensifiquem a iniciativa política (nomeadamente no seguimento e valorização da campanha “Portugal a Produzir”) e a actividade partidária convergente com a dinamização e desenvolvimento da luta de massas, o fortalecimento das organizações e movimentos de massas, as tarefas eleitorais, a afirmação e reforço do Partido – em particular o alargamento das suas fileiras, concretizando a campanha de recrutamento em curso nas empresas e locais de trabalho – assegurando as condições necessárias ao desenvolvimento de uma acção mais forte e mais influente.

O Comité Central apela às organizações para progredirem na planificação e programação de todo o trabalho eleitoral e na adopção do conjunto de medidas que a exigência desta batalha coloca.

Com justificada confiança, ancorada no património de trabalho e acção e na justeza das posições em defesa dos interesses dos trabalhadores, do povo e do país, o Comité Central sublinha a importância da concepção e construção de uma campanha eleitoral alicerçada profundamente nos problemas concretos dos portugueses e do país e na afirmação do projecto que o PCP apresenta para a necessária e urgente ruptura e mudança e para a construção de uma política patriótica e de esquerda.

Valorizando o percurso de intervenção comum e a inegável afirmação da CDU e do trabalho e acção políticas que tem construído, o Comité Central do PCP decidiu, na sequência da avaliação reciproca entre as principais componentes políticas que lhe dão suporte, concorrer às próximas eleições no quadro da CDU – Coligação Democrática Unitária.

O Comité Central sublinha a importância e a necessidade imperiosa de um grande envolvimento do colectivo partidário que, conjugando a dinâmica nacional e as campanhas em cada região, assegure uma forte campanha de massas, activa, criativa e dinâmica, baseada na afirmação da CDU e de uma mobilização assente no contacto directo, na informação, no esclarecimento e na mobilização para uma ruptura e uma mudança na vida política nacional. Convergente com estes objectivos, o Comité Central decide lançar uma grande acção nacional de contacto directo com os trabalhadores e o povo sob o lema «um milhão de contactos por uma política patriótica e de esquerda».

O Comité Central do PCP salienta a importância da realização em 17 de Abril do Encontro Nacional do PCP sobre as Eleições Legislativas .

O Comité Central apela a uma ampla e diversificada iniciativa e intervenção políticas dirigidas a todos os que estão a ser atingidos pela política de direita, em particular aos trabalhadores, à juventude e às novas gerações, aos reformados e que contribua para combater a resignação e o conformismo que a ofensiva ideológica visa difundir, afirmando uma outra política ao serviço dos trabalhadores e do povo capaz de abrir caminho a um país mais justo, desenvolvido e soberano.

O Comité Central do PCP sublinha a importância de uma activa e decidida acção de esclarecimento, junto de mais e mais portugueses, que contribua para o alargamento da CDU e para a sua afirmação como a única força cujo reforço eleitoral e político pode pôr fim à alternância e abrir portas à construção de uma alternativa política.

O Comité Central reafirma que é no PCP e na luta dos trabalhadores e das populações que reside a força para impor uma mudança de rumo na política nacional. Valorizando a expressiva resposta que a luta dos trabalhadores travada em condições particularmente exigentes – com relevo para a Greve Geral de 24 de Novembro e da manifestação nacional de 19 de Março, para a acção da juventude trabalhadora de 1 de Abril e para as lutas sectoriais e de empresa – deu à ofensiva desencadeada contra os seus direitos e que constitui um elemento decisivo para isolar e condenar a política de direita e exigir uma política alternativa e de esquerda. O Comité Central apela a uma ampla participação nas comemorações do 25 de Abril e do 1º de Maio, que devem constituir momentos de exigência de um outro rumo na vida nacional.

O Comité Central saúda o vasto conjunto de lutas desenvolvidas pelos trabalhadores, populações e diversos sectores (pescadores, agricultores, juventude e estudantes...) que, no actual quadro político, económico e social traduzem o descontentamento crescente e a participação de novas camadas e constituem um contributo decisivo de resistência, contra a resignação e o conformismo, uma inequívoca condenação da política de direita e a exigência de uma mudança na vida nacional. E apela a todos os que sofrem as consequências da desastrosa política de direita, que intensifiquem a sua luta e mobilização, alargando o protesto, a indignação e a exigência de uma nova política.

O Comité Central apela ao empenho e mobilização dos membros do Partido e activistas da CDU, condição decisiva para demonstrar juntos dos homens e mulheres que connosco participam no combate à política de direita que é necessário e possível o reforço da CDU, condição indispensável para a defesa da soberania e dos interesses nacionais.

O Comité Central do PCP dirige-se aos trabalhadores, à juventude e ao povo português afirmando-lhes que têm força bastante, com o seu voto na CDU, a sua acção e a sua luta, para derrotar a política de direita e o rumo de afundamento do país e abrir um novo caminho, patriótico e esquerda, vinculado aos valores de Abril, tendo no horizonte a democracia avançada e o socialismo.