As Organizações Regionais de Bragança, Guarda, Vila Real e Viseu do PCP saúdam os durienses pelo 10º Aniversário da Classificação pela UNESCO do Alto Douro Vinhateiro como Património da Humanidade – Paisagem Viva e Evolutiva.
Distinção tanto mais significativa porquanto representa o reconhecimento da dimensão humana do trabalho e da capacidade de um Povo em vencer adversidades e transformar a natureza tornando-a ainda mais bela e produtiva, enriquecendo, assim, o património nacional e da humanidade. De facto, foi o trabalho humano que fez desta região a mais antiga região demarcada e regulamentada do mundo. Foi o trabalho humano que levou a UNESCO a classificar o Alto Douro Vinhateiro como Património da Humanidade. Foi o trabalho humano que transformou montes em socalcos, a pedra em terra, a terra em seiva e a seiva no vinho do Douro, sem dúvida “ o melhor vinho do mundo”, como afirma António Teimas no romance “O Homem e as Sombras” de Alves Redol.
Esta importante classificação patrimonial veio reconhecer o enorme valor patrimonial da região do Douro e criar legítimas expectativas quanto às potencialidades de desenvolvimento, ao nível regional e nacional, que esta região comporta com políticas verdadeiramente apostadas no seu desenvolvimento económico, social, cultural e ambiental.
Contudo, no momento em que comemoramos o 10º Aniversário desta classificação, o PCP não pode deixar de manifestar as suas preocupações que na actualidade persistem, em consequência das políticas nacional e comunitária, designadamente:
1. A Região Demarcada do Douro continua sendo a Região mais pobre do País, e uma das mais pobres da Europa Comunitária: ao nível das condições de vida das suas populações e do rendimento da esmagadora maioria dos cerca de 35 mil vitivinicultores, de que é significativo sinal o facto de, nos últimos dez anos, a Região ter perdido 16 mil pessoas;
2. Apesar de construída pelo esforço e suor de milhares de pequenos Vitivinicultores ao longo de séculos, estes estão a ser enxotados para fora da região, designadamente nas zonas de menor rendimento, sendo que, no Alto Douro Vinhateiro, há um profundo contraste entre as condições de vida e rendimentos da maioria da população duriense – viticultores e trabalhadores rurais – e os lucros e ostentação dos proprietários das grandes casas exportadoras e comerciais, dos empresários do turismo Douro Azul e dos hotéis de luxo, que nunca os pequenos viticultores frequentarão!
3. A ausência de medidas para garantir a regulamentação do mercado do vinho generoso do Douro, com o desmantelamento do seu pilar fundamental, a Casa do Douro, num processo que arrasta milhares de pequenos vitiviniculores para a falência e o abandono da produção.
4. A Estrutura de Missão do Douro, organismo criado pelo Governo e anunciado como uma estrutura que, dispondo de milhões de euros, iria corrigir as escandalosas assimetrias e desigualdades existentes na Região, tem sido uma autêntico fracasso. Mais não tem feito do que anunciar, repetidamente, projectos que não resolvem os reais problemas dos trabalhadores e das populações, aliás alguns deles nunca saindo da mera propaganda, como é o caso da reabertura da Linha do Douro, troço Pocinho/Barca d'Alva;
O PCP, alertando para o conjunto de atentados à própria classificação, nomeadamente o encerramento das linhas de caminho de ferro do Tua, Sabor e Corgo; o anunciado fim do Comboio Turístico; o conhecido e escandaloso desinvestimento na Linha do Douro, entre o Pocinho e Amarante; ou a Barragem de Foz Tua, nas condições em que está a ser construída, como a própria UNESCO chama a atenção, afirma que cabe ao poder político defendê-la, assegurando que, ao Povo do Douro Vinhateiro e à Região, não fazem novas desfeitas e não prejudicam ainda mais.
No 10º Aniversário da Classificação pela UNESCO do Alto Douro Vinhateiro Património da Humanidade – paisagem viva e evolutiva, o PCP manifesta, mais uma vez, a sua solidariedade e apoio às populações trabalhadoras desta Região, reclama uma política que garanta que elas são também beneficiárias das vantagens deste merecido reconhecimento e exorta os durienses a defenderem esta importante classificação patrimonial e, ao mesmo tempo, a lutarem contra o pacto de agressão da troika e a exigirem do Governo medidas urgentes de desenvolvimento da Região.
As Direcções Regionais de Bragança, Guarda, Vila Real e Viseu do PCP