Intervenção de Carlos Carvalhas, Secretário-Geral
do PCP
na Festa-Comicio da CDU
Lisboa, 23 de Fevereiro de 2002
Camaradas e amigos:
Como não podia deixar de
ser e é nossa estrita obrigação, a nossa pré-campanha
tem estado a ser centrada, e a campanha oficial também o
será, na justa e indispensável evocação
e testemunho de como honrámos plenamente os compromissos
assumidos com os eleitores há dois anos, no valor das propostas
e do programa que apresentamos e nas linhas de resposta para os
problemas que mais preocupam os portugueses e que mais negativamente
caracterizam a situação do país.
Mas, ao mesmo tempo, daqui até
ao último minuto da campanha, nada nos deve distrair da importância
e necessidade de uma vasta e convincente acção de
esclarecimento que afaste um conjunto de confusões e mistificações
que, como bem sabemos pelo passado, muito podem erradamente condicionar
a formação da vontade dos cidadãos e impedir
muitos deles de compreenderem a indiscutível e incomparável
utilidade do voto na CDU.
Com efeito, é talvez maior
do que se pensa o número de portugueses que pensam mesmo
que a principal finalidade destas eleições é
escolher um Primeiro-Ministro e que, como a toda a hora lhes dizem
que um Primeiro-Ministro só pode sair do PS ou do PSD, são
sensíveis à ideia mentirosa de que as únicas
opções de voto seriam o PSD e o PS.
E é, por isso, que daqui
até ao minuto de campanha, teremos de insistir mais e mais
que as eleições de 17 de Março não são
para eleger nenhum Primeiro Ministro e que essa história
dos "candidatos a Primeiro-Ministro" só foi criada
pelo PS e PSD precisamente para levar os eleitores ao engano. E
que as eleições são de facto para eleger, não
uma só pessoa, mas sim 230 deputados pelo método proporcional,
o que significa que todas as opções e convicções
dos eleitores podem obter útil representação
no órgão de soberania que sem dúvida influenciará
a formação do governo mas que também é
não esquecer durante quatro anos será chamado a debater
e aprovar leis, a fazer opções decisivas sobre a política
nacional e a fiscalizar a actividade do Governo.
Infelizmente, é também
ainda maior do que se pensa o número de eleitores que é
constantemente pressionado para pensar que o elemento decisivo do
resultado das eleições é saber qual é
o partido "que ganha", que "fica à frente"
ou que é o mais votado.
E é por isso que, daqui
até ao último minuto de campanha, teremos de insistir
mais e mais que isso não é verdade, que teremos de
explicar que o elemento mais decisivo é o tipo de maioria
que sair do resultado de 17 de Março ( e o peso relativo
que, dentro dela, cada força tiver) e que teremos de tornar
claro que a prova que assim é, é que, por exemplo,
o PSD até podia ser o partido mais votado mas isso de pouco
lhe valeria se houvesse maioria de deputados do PS e da CDU; e que,
também o PS podia ser o mais votado e isso de nada lhe valer
se PSD e CDS somados tivessem uma maioria absoluta de deputados.
Também pode haver um número
importante de eleitores que, adormecidos e iludidos com tanta conversa
sobre a estabilidade, sejam sensíveis à ideia de que
o melhor seria ou o PSD ou o PS terem uma maioria absoluta.
E por isso, daqui até ao
último minuto de campanha, teremos de insistir mais e mais
para que ninguém se esqueça do que significaram as
maiorias absolutas do PSD e de Cavaco Silva, para que toda a gente
se lembre que o grande problema do PS nos últimos seis anos
não foi não ter uma maioria absoluta mas sim ter uma
política na maior parte dos aspectos absolutamente incapaz
de dar resposta aos problemas nacionais. Que ninguém se esqueça
também que as cenas ou as dificuldades em torno da votação
dos Orçamentos não explicam a sucessão de casos,
escândalos, demissões, remodelações e
outras confusões que marcaram seis anos de governação
do PS. E que ninguém se esqueça que o Governo do PS
não caiu por nenhum votação na Assembleia da
República, mas sim porque se desgastou espantosamente nos
últimos dois anos e porque, a sequência das autárquicas,
o Primeiro- Ministro resolveu dar à sola e provocar eleições
antecipadas
Há também cidadãos
que reconhecem o valor da nossa intervenção e a justeza
das nossas propostas e do nosso projecto mas têm a ideia de
que nós "nunca ganhamos".
E por isso teremos de insistir
junto destes eleitores em que somos um partido apto a assumir as
mais altas responsabilidades no país, que não há
nada nas linhas do destino contra isso e que também isso
depende da dimensão da força que os votos dos portugueses
nos derem.
Mas também teremos de insistir
junto destes eleitores que a maior pergunta que têm de fazer
a eles próprios é o que é que eles próprios
ganharam no passado de cada vez que, por causa destas ideias, foram
votar no PSD ou no PSD e depois tão amargamente se arrependeram
ou queixaram das desilusões sofridas.
E teremos de insistir junto destes
eleitores para que não se esqueçam que uma campanha
eleitoral são duas semanas e a votação é
só num dia. Mas que entre esta campanha e esta votação
e a anteriores houve dois anos e que nenhum eleitor se deve furtar
ao dever de apreciar o que as diversas forças políticas
fizeram, o que defenderam e como cumpriram ou não o que prometeram.
E teremos de insistir junto destes eleitores que se lembrem que
depois destas eleições virão quatro anos onde
serão confrontados com decisões, com políticas
e medidas e que nessa altura se verá de que lado é
que vão estar aqueles que agora receberem os seus votos.
Ou seja, teremos de insistir que
a questão do governo é importantíssima mas
que se engana quem pensar que é tudo e ponto final.
É que, além de, como
já dissemos, pesar sempre para a política e o governo
de que o país realmente precisam o voto na CDU têm
sempre, e além do mais, a incomparável utilidade de
fortalecer o pluralismo e a diversidade na AR- sede da representação
nacional : a incomparável utilidade da pedagogia da resistência,
da verticalidade e da construção; a incomparável
utilidade do que se consegue ou conquista pela luta, das propostas
e ideias que fazem caminho ainda que difícil, trabalhoso;
a incomparável a utilidade de derrotar, travar ou atenuar
golpes alheios; a incomparável utilidade da defesa de causas,
valores e ideias humanistas num tempo em que tantos os renegam e
sacrificam no altar dos senhores do dinheiro; a incomparável
utilidade de darem força e projecção a honrosos
percursos e compromissos de vida, individuais e colectivos que mas
que fazem realmente a grandeza de muitos empreendimentos humanos.
Por fim, mas talvez este seja o
eixo de esclarecimento mais decisivo que nos cumpre desenvolver
e levar a toda a parte, não faltarão eleitores de
esquerda que, tal como nós, consideram que seria uma evolução
muito negativa e indesejável o regresso da direita ao Governo
mas que depois erradamente pensam que a única maneira de
impedir esse regresso é votar no PS.
E devemos estar prevenidos que,
quanto mais nos aproximarmos de 17 de Março, mais o PS e
Ferro Rodrigues vão procurar ampliar esta confusão
e este equívoco, mais o PS vai querer aparecer como o grande
adversário da direita (que pena não se terem lembrado
disso nestes últimos seis anos), mais o PS vai dramatizar
o perigo da direita (que pena não se terem lembrado disso
quando a andaram a engordar e fortalecer com sucessivos acordos
e entendimentos ).
E, por isso, daqui até ao
minuto da campanha, em toda a parte e em todas ocasiões (sem
medo que alguns digam que repetimos as mesmas ideias porque mais
vale a reafirmação da verdade do que a reafirmação
da mentira), teremos de insistir mais e mais que os votos na CDU
e os deputados eleitos pelo PCP e pelo PEV são sempre votos
e deputados que a direita não terá e que, por isso,
contribuem sempre para que a direita permaneça em minoria
na AR ; que deslocações de votos da CDU para o PS
não alterariam nem num milímetro o resultado da direita
e só fortaleceriam que o PS conservasse orientações
voltadas para a direita e enfraqueceriam a força mais consequente
na luta por uma política e por uma alternativa de esquerda.
Mas que, em contrapartida, deslocações de eleitores
do PS para a CDU se é certo - como honestamente devemos reconhecer
- que também não alteram o resultado da direita, criam
entretanto no plano político condições muito
mais favoráveis para uma política e soluções
governativas de esquerda.
Mas, em relação a
esta questão do perigo do regresso da direita ao poder há
algo mais que tem de ser dito.
Tem de ser dito que só por
reescrita da história do país nos últimos 28
anos é que alguém pode pretender que o PS é
o grande combatente contra a direita e alternativa à direita,
porque a mais pura das verdades é que, em matéria
de combate e oposição à direita, ninguém
tem em Portugal património mais sólido, mais permanente
e mais coerente que o do PCP e da CDU.
Não fomos nós, mas
o PS, que no passado já governou com o CDS e já governou
com o PSD. Não somos nós, que formalmente já
declarámos rejeitar qualquer entendimento de incidência
política global com qualquer dos partidos de direita, mas
o PS que ainda agora continua, como disse Ferro Rodrigues, a não
excluir uma eventual coligação ou entendimento com
o CDS-PP, enquanto muito diferentemente o PCP o que declarou, numa
atitude responsável e construtiva a que os eleitores de esquerda
devem dar o devido valor, é que após as eleições
estará disponivel para examinar as possibilidades de uma
nova política e da sua garantia e concretização.
E escusam alguns de nos acusar
de metermos "tudo no mesmo saco" ou de fazermos do PS
o "inimigo" ou "alvo" principal.
Nós não metemos tudo
no mesmo saco, mas era bom que alguns percebessem de vez que não
fazemos política por rótulos ou contra rótulos,
fazemos política baseados na avaliação dos
factos e das realidades, fazemos política ajuizando livre
e soberanamente sobre os conteúdos reais e méritos
ou deméritos das políticas concretas.
E, ontem como hoje, por respeito
connosco próprios, por respeito com os cidadãos e
para dignificação da vida política, o que ninguém
nos verá fazer é dizermos que, só porque são
desenvolvidas pelo PS, passaram a ser magnificas as orientações
e medidas que ontem considerávamos péssimas quando
desenvolvidas pelo PSD.
Nós não afirmamos
que o PS é igual ao PSD. Mas é uma evidência
que o enfraquecimento da CDU deixaria a direita de mãos mais
livres para concretizar a sua política reaccionária
e que o PS continuaria no essencial com a mesma política
que levou ao seu descrédito e à demissão do
Primeiro-ministro, que continuaria com a sua política ziguezagueante
cedendo às pressões do capital financeiro, dos interesses
ilegítimos, às pressões das diversas clientelas
e dos diversos lóbies.
Por isso é preciso, porque
é verdade lembrar e reafirmar até ao fim da campanha
de que tudo o que se aprovou de positivo na Assembleia da República
teve o impulso, a proposta, o empenho, a luta e o voto do PCP. E
se tivéssemos tido mais força teríamos feito
aprovar diversos projectos de lei que o PS inviabilizou conjuntamente
com a direita como sejam, por exemplo, o aumento digno do salário
mínimo nacional; a revisão do regime jurídico
da reparação dos acidentes de trabalho e doenças
profissionais, procedendo à revalorização das
pensões e das pensões mais degradadas resultantes
de acidentes de trabalho que atingem em Portugal valores inaceitáveis;
ou a criação dos Institutos Regionais visando democratizar
as CCR's num processo de maior descentralização dando
mais força à intervenção das regiões
ou a criação de um regime especial para jovens de
acesso a serviços de transporte, saúde e cultura,
ou a confirmação do passe social intermodal, actualizando
o âmbito geográfico das respectivas coroas, etc., etc..
E temos que lembrar que a CDU foi
a força que mais projectos de lei apresentou na Assembleia
da República nesta legislatura, que foi uma força
de luta, de fiscalização e de proposta, oposição
de esquerda construtiva, testemunhada ainda pelo facto das 97 propostas
de lei que o Governo apresentou, 45 terem merecido a nossa aprovação
ou viabilização. Pelo facto de para além da
lei de bases da Segurança Social e da Reforma Fiscal terem
sido viabilizadas connosco e na base das nossas propostas, termos
hoje leis da República que tiveram origem e a marca da CDU
como sejam a rede de atendimento e recuperação de
toxicodependentes, a descriminalização do consumo
da droga e o combate ao tráfico e ao branqueamento de capitais;
uma maior protecção aos créditos dos trabalhadores
no caso de falência das empresas; o combate à precariedade
no emprego; o direito ao sindicalismo para os profissionais da PSP;
a criação dos Julgados de Paz; a prevenção
contra a Sida, com acesso aos contraceptivos de emergência
e educação sexual nas escolas; mais direitos para
quem vive em união de facto; a protecção às
mulheres vítimas de violência, o combate à discriminação
das mulheres no trabalho, designadamente na gravidez e na maternidade;
a redução dos gastos com medicamentos; e a resolução
aprovada por unanimidade mas ainda não levada à prática
para a concretização de um programa de emergência
para a formação de médicos e enfermeiros e
a mobilização de meios no Serviço Nacional
de Saúde para responder às listas de espera nos hospitais,
etc., etc.,.
E por aqui também se vê
a vantagem e utilidade do voto na CDU. E também por isso,
temos que recordar a todos aqueles e aquelas - comissões
de trabalhadores, comissões de moradores, comissões
de ambientalistas, comissões de pequenos e médios
empresários -, que se nos dirigem no momento das aflições
porque sabem que aqui encontram sempre uma força que não
vira as costas à luta contra as injustiças e as prepotências,
que se na altura das eleições nos dessem mais força,
também na altura das aflições estaríamos
com mais força para dar vencimento às suas justas
aspirações e reivindicações.
Somos uma força que honra
os seus compromissos. Damos garantias de nos batermos pelas bandeiras
que vamos levantar nestas eleições e na futura Assembleia
Legislativa: a bandeira do crescimento económico, com a sua
dimensão social, ambiental e espacial o que passa pela valorização
da produção e do aparelho produtivo nacional, o combate
aos défices externos, o aumento da produtividade e do investimento
público. E a nível europeu, por se privilegiar a defesa
da concretização do princípio inscrito nos
Tratados da "coesão económica e social"
e da convergência real das economias.
Levantaremos a bandeira da distribuição
do rendimento nacional. Somos reconhecidamente quer pelas estatísticas
oficiais da União Europeia quer pelos relatórios do
Conselho Económico e Social, a sociedade mais desigual da
União Europeia. O país que tem o mais baixo salário
mínimo, os mais baixos salários médios, as
mais baixas pensões de reforma e invalidez, e simultaneamente
as mais altas taxas de concentração de riqueza e de
lucro do capital financeiro. O país em que é maior
o fosso entre os dez por cento mais ricos e os dez por cento mais
pobres. O país em que seis grandes grupos económicos
detém em conjunto qualquer coisa como 27% do Produto Interno
Bruto.
Por isso é necessário
dar resposta a esta questão, o que passa por um aumento de
salários de forma realista mas sustentada, sendo este também
um factor impulsionador do aumento de produtividade e de alargamento
do mercado interno. Da mesma maneira há que fazer um esforço
quanto à elevação das pensões e reformas
nomeadamente em relação às mais degradadas,
não nos podemos esquecer que elas mesmo são um dos
principais factores de pobreza juntamente com os baixos salários.
E é necessário aprofundar a justiça fiscal
desagravando os rendimentos mais baixos e criando um imposto sobre
as grandes fortunas. No quadro das desigualdades e dos problemas
sociais há que dar uma grande atenção à
precarização do trabalho, ao trabalho com direitos,
à situação de milhares de jovens à procura
do primeiro emprego ou sem emprego garantido e às discriminações
que continuam a verificar-se em relação à mulher.
A protecção eficaz dos direitos relativos à
maternidade e à paternidade o combate em relação
às desigualdades salariais que atingem as mulheres e a luta
pela despenalização da interrupção voluntária
da gravidez são direcções de luta do PCP para
serem concretizadas na próxima legislatura.
E quanto à despenalização
da interrupção voluntária da gravidez saliente-se
que é uma vergonha que pela hipocrisia do PS, do PSD e do
PP, Portugal tenha ainda uma legislação mais recuada
do que por exemplo a vizinha Espanha e que no século XXI
haja ainda mulheres a passarem pelo vexame de um julgamento e a
exporem a sua vida privada .
Levantaremos a bandeira da eficácia
da despesa pública, do chamado desequilíbrio das finanças
públicas. Mas em relação ao problema das finanças
públicas é preciso que se diga que este não
é fundamentalmente um problema do volume da despesa pública.
O problema das finanças
públicas é fundamentalmente o da afectação
dos recursos orçamentais disponíveis, o do rigor e
transparência da sua gestão, o do alargamento da base
tributária e o de uma mais justa repartição
da carga fiscal. E que a resposta a esta questão passa pelo
corte das despesas não essenciais, pelo combate à
multiplicação de institutos e serviços públicos
com funções sobrepostas, à política
dos jobs for the boys e por reforçar o controlo e racionalização
financeira dos serviços da administração pública
incluindo os serviços e fundos autónomos.
Mas passa também pelo aumento
das receitas de forma justa com a reposição da tributação
efectiva e socialmente justa das mais-valias e do princípio
do englobamento pleno de todos os rendimentos. O desagravamento
da tributação sobre os rendimentos do trabalho, designadamente
dos mais baixos e a contemplação mais adequada das
famílias numerosas. O aprofundamento do regime da tributação
das empresas financeiras e seguradoras, numa perspectiva socialmente
mais justa e equitativa. É inaceitável como mostram
mais uma vez os resultados do capital financeiro que a banca continue
a pagar uma taxa efectiva de IRC de 12% quando qualquer pequeno
e médio empresário paga uma taxa de 30%. Impõe-se
também uma revisão drástica dos privilégios
ilegítimos concedidos às zonas francas e a revisão
geral do estatuto dos benefícios fiscais no sentido da sua
substancial redução.
Queremos daqui recordar e sublinhar
que no Orçamento para este ano se estima em mais de 370 milhões
de contos os benefícios fiscais não produtivos que
vão ser concedidos. Por outro lado é necessário
combater a grande evasão fiscal. Registe-se que ninguém
defende que o défice orçamental possa evoluir sem
qualquer controlo, constrangimento ou preocupação.
Mas nenhum argumento também nos diz que o melhor para o presente
e o futuro da economia do país seja o tudo sacrificar para
se enveredar pelo dogma do défice zero. E nomeadamente numa
altura em que uma das ameaças da economia portuguesa e das
economias europeias é a recessão a exigir a compensação
da quebra do investimento privado pelo investimento público.
É preciso também
que fique claro que o choque fiscal do PSD não é o
de diminuição de impostos como ardilosamente se diz.
É sim um choque que no balanço final se traduz por
uma maior carga fiscal através do IVA, agravando os rendimentos
mais baixos e desagravando os altos rendimentos. O programa eleitoral
do PSD pode-se resumir na forma neoliberal - que infelizmente também
tem algum acolhimento no PS -: quem quer saúde que a pague,
quem quer ensino que o pague, e se queres pagar menos impostos torna-te
rico! Tem e terá o nosso firme, decidido e determinado combate!
Uma outra bandeira que levantaremos
diz respeito às funções sociais do Estado e
aos serviços públicos. É necessário
promover as reformas de fundo com vista a uma melhor prestação
do serviço público com menores recursos financeiros
- saúde, ensino, formação profissional, justiça,
administração pública.
Precisamos de um Serviço
Nacional de Saúde eficiente. No nosso entender é necessário
colocar como prioridade a drástica redução
das listas de espera, começando pelo integral aproveitamento
dos recursos e meios existentes no Serviço Nacional de Saúde.
A resposta efectiva à falta de médicos de família,
enfermeiros e outros profissionais. A redução dos
gastos dos cidadãos e do Estado com medicamentos, através
do alargamento e promoção dos medicamentos genéricos
disponíveis, a prescrição por princípio
activo, o redimensionamento das embalagens, a revitalização
das farmácias hospitalares e ter em conta que há um
conjunto de medicamentos que inclusivamente ficariam mais baratos
se fossem dispensados gratuitamente no Serviço Nacional de
Saúde do que serem comparticipados.
É necessário também
implementar um plano de prevenção e combate ao alcoolismo.
Quanto à toxicodependência, entendemos que o esforço
do Estado deve ser direccionado em três grandes vectores:
prevenção, recuperação dos toxicodependentes,
combate ao tráfico e ao branqueamento de capitais.
Precisamos duma escola pública
gratuita e de qualidade, que tenha a escola pública como
opção fundamental. Impõe-se o alargamento da
rede pública do pré-escolar e uma grande atenção
à democratização do acesso e do sucesso educativos,
bem como o incremento do apoio social escolar em todos os níveis
de escolaridade e às saídas profissionais dos novos
licenciados.
O nosso programa com medidas globais
e sectoriais que apresentámos esta semana marca a diferença
e é uma contribuição séria para dar
resposta aos graves problemas com que se debate o povo e o país.
Camaradas e amigos,
Nós não nos resignaremos,
nem baixaremos os braços perante o que é injusto,
inaceitável e intolerável.
Nós não nos resignaremos
perante os talisbans do neo-liberalismo, que querem perpetuar e
acentuar a exploração, a dominação,
a concentração da riqueza, através dos seus
dogmas e da sua hipocrisia.
Não nos vergaremos perante
a arrogância da Administração Bush e de Ariel
Sharon e também por isso ainda esta semana dois deputados
do PCP, António Filipe e Margarida Botelho estiveram em Israel
e na Palestina designadamente com Arafat prestando em nome do PCP
e da CDU a nossa solidariedade ao povo da Palestina, à Alta
Autoridade Palestiniana e às forças de paz israelitas.
Nós não nos resignaremos
nem baixaremos os braços na luta contra a globalização
capitalista e por isso mesmo também daqui saudamos todos
aqueles e aquelas que em Porto Alegre no Brasil onde esteve uma
significativa delegação do nosso Partido, interviram
por uma maior consciencialização anti-imperialista.
Como já alguém disse
o que separou a reunião de Nova York do Forum de Porto Alegre
não foi apenas os milhares de quilómetros. Em Nova
York estiveram os grandes senhores a tratar do mundo dos negócios,
em Porto Alegre tratou-se dos problemas do mundo.
E também por tudo isto,
pelo nosso património de intervenção, pelo
generosidade dos seus activistas e simpatizantes, o reforço
da CDU é a mais sólida garantia de que a luta por
uma nova política em Portugal, pela justiça e transformação
social e paz no mundo terão mais força e dará
voz onde ela faz falta.
Viva a CDU
Viva Portugal!
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