Um outro argumento utilizado pelo patronato e pelo seu Governo,
é que em Portugal o mercado de emprego é rígido
porque as empresas não podem despedir e fazer o que
querem.
No entanto, a verdade é que se verifica em Portugal
uma flexibilidade e precariedade muito superior à que
existe nos restantes países da UE.
Assim, de acordo com dados publicados pelo Instituto Nacional
de Estatística, entre o 4º trimestre de 2000 e
o 4º trimestre de 2001, o número de trabalhadores
com contratos a prazo aumentou de 518.200 para 584.900 (cresceu
12,8%); o número de trabalhadores por conta própria
(a maior parte deles, são trabalhadores contratados
ao mês, portanto com uma situação de precariedade
ainda mais grave do que os anteriores) aumentou, durante o
mesmo período, de 838.300 para 914.200 (cresceu 9%);
e o número total de desempregados aumentou, entre 2000
e 2001, de 330.200 para 362.100 (cresceu 9,6%). Se somarmos
estes grupos, obtemos, para o 4º trimestre de 2000, 1.686.700
portugueses, e para o 4º trimestre de 2001, 1.861.200
portugueses, o que representa, respectivamente, 34,2% da população
empregada em 2000, 37,2% em 2001. Portanto, a precariedade
no emprego é já muito elevada em Portugal e
tem crescido muito nos últimos anos.
A pergunta que se coloca imediatamente face a estes dados
oficiais é a seguinte: - Como é que se pode
falar em rigidez do mercado de trabalho, quando os contratos
a prazo já rondam os 600.000 e não param de
crescer? Como é que se pode falar em rigidez do mercado
de trabalho quando mais de 900.000 trabalhadores, trabalham
e vivem com base em “recibos verdes” que é
o extremo da precariedade e da flexibilidade e que esse número
não para de crescer? Como é que se pode falar
em rigidez do mercado de trabalho quando o desemprego não
para de crescer em Portugal, como provam os últimos
dados oficiais sobre o desemprego (cerca de 4,5% no 2º
trimestre de 2002, sem incluir os “desencorajados”
e outros desempregados)?
Num mundo cada vez mais globalizado, onde a insegurança
e a precariedade é cada vez maior, o que é necessário
é reforçar o direito do trabalho visando a protecção
dos trabalhadores, e não destruir os direitos de quem
trabalha como pretende o anteprojecto de código de
trabalho apresentado pelo Governo PSD/PP.
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