JOVENS
GOVERNO QUER TRABALHADORES DO SÉCULO XXI
COM DIREITOS DO SÉCULO XIX
Não é por maldade ou mesquinhez que os jovens
trabalhadores se transformam num alvo preferencial do Governo
neste pacote laboral. É por razões de classe.
Sendo uma ofensiva contra todos os trabalhadores do sector
da Administração Pública, do sector público
ou privado, este pacote laboral articulado com a nova Lei
de Bases da Segurança Social propõe “medidas
especiais” contra os jovens.
Em primeiro lugar, num avassalador combate ideológico
quer convencer os jovens que os direitos e conquistas sociais
mais modernos e avançados são “coisas
do passado”.
E falamos da segurança no emprego, do direito a um
salário e a um horário dignos, a uma carreira
profissional, à segurança social como um direito
e não como uma esmola ou um risco, ao direito a exercer
direitos colectivos como a contratação colectiva,
a fazer greve para defender os seus interesses e direitos.
Procura-se fazer crer as novas gerações que
o emprego não é um direito mas sim um privilégio
que só está ao alcance dos “melhores”.
Apresenta-se o emprego estável como coisa ultrapassada
e até desligada das aspirações dos mais
jovens, aptos trabalhadores que não querem fazer o
mesmo toda a sua vida.
Introduz-se o clima da crise financeira e económica
(cujos únicos responsáveis são quem tem
as responsabilidades governativas) para justificar os baixos
salários.
É neste quadro de profunda ofensiva ideológica
do sistema que o Governo propõe este novo pacote laboral
que a ser aplicado criava as condições para
o aumento da precariedade e em particular dos jovens que já
hoje são os mais afectados (42% dos jovens trabalhadores
até aos 25 anos são precários), para
além de manter a discriminação de que
os jovens são alvo na procura do 1º emprego e
que possibilita a contratação a termo certo.
Mantém a discriminação salarial de que
os jovens são alvo.
Refugiando-se no falso argumento do absentismo e das baixas
fraudulentas desresponsabilizam-se as empresas e nada se faz
para resolver o problema das doenças profissionais
e da segurança e higiene no trabalho, problema que
já originou a morte desde 1990 a 500 trabalhadores
com menos de 20 anos.
Flexibiliza ainda mais os já flexíveis horários
laborais que levam milhares de jovens a trabalhar já
hoje como e quando os patrões querem, pondo ainda mais
o trabalhador na mão do patrão e das vontades
quer de dia quer de noite, nomeadamente com a proposta de
alteração aos horários de trabalho nocturno.
Porque os direitos se conquistam e asseguram com luta e não
por dádiva, porque o património de direitos
legados por outras gerações só é
possível de manter se os jovens tomarem nas suas mãos,
como coisa sua, esse património, haverão de
assumir o papel de protagonistas, se quiserem um futuro melhor.
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