Um dos argumentos mais matraqueados diariamente pelo patronato
e pelo seu Governo é o seguinte: para aumentar a produtividade
é necessário alterar as leis laborais. Tudo
isto é uma grande mentira.
A produtividade pode ser calculada de várias formas
e não apenas de uma maneira. Ela pode ser calculada
por trabalhador, com base ou na quantidade de matérias
primas utilizadas, ou no volume de capital usado, ou conjuntamente
com base em tudo. Mesmo a produtividade por trabalhador em
Portugal e a sua evolução desmentem o argumento
do patronato e do Governo.
Efectivamente a análise da produtividade das empresas
a funcionar em Portugal leva a conclusão de que existem
diferenças de produtividade tremendas entre elas. Por
exemplo, no ano 2000, no sector têxtil a produtividade
da MUNDIFIOS era 6 vezes superior à da MUNDO TÊXTIL;
no sector de distribuição alimentar, a produtividade
por trabalhador da JERÓNIMO MARTINS era quase quatro
vezes superior à do PINGO DOCE; a produtividade da
EDP era tripla da empresa ELECTRICIDADE DA MADEIRA; no sector
da agro-indústria, a produtividade da PARMALAT era
2,7 vezes superior à da AGROS. E os exemplos podiam-se
multiplicar indefinidamente.
A pergunta que imediatamente se coloca e que desmente os
argumentos do patronato e do Governo é a seguinte:
- Como é que empresas a trabalhar no mesmo país
- Portugal -; utilizando os mesmos trabalhadores – os
portugueses –; e regidas pelas mesmas lei de trabalho
– as portuguesas -, apresentam valores de produtividade
bastante diferentes? - É evidente que a razão
da produtividade baixa em muitas delas não poderá
estar nem nos trabalhadores nem nas leis laborais que vigoram
no País, porque se isso fosse verdadeiro as outras
empresas não obteriam valores de produtividade extremamente
elevados.
Se analisarmos a evolução da produtividade
em Portugal e se a compararmos com a de outros países
da UE também se chegam a conclusões que desmentem
o patronato e o Governo. Assim, com base um estudo feito pela
UE a produtividade por trabalhador cresceu em Portugal 3,3%
por ano no período 1975/85, enquanto que, entre 1995
e 2001, o aumento anual da produtividade por trabalhador foi
2,9% em Portugal e 1,2% na União Europeia.
Portanto, os dados provam que a taxa de crescimento da produtividade
em Portugal tem sido superior à média da UE.
No entanto, o crescimento não tem sido suficiente para
anular a grave situação que foi herdada neste
campo. A experiência de outros países mostra
que o aumento rápido da produtividade está associada
ao aumento significativo da qualificação dos
trabalhadores e à utilização intensiva
das novas tecnologias em todas as áreas de produção
e de serviços, portanto fundamentalmente da responsabilidade
das entidades patronais.
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