Uma das justificações mais utilizadas pelo
Governo e pelo patronato para alterar as leis laborais é
a necessidade de aumentar a competitividade das empresas e
do País.
Mas o que é a competitividade? A competitividade
de uma empresa está relacionada com a posição
vantajosa da empresa no mercado. E essa posição
poderá ser alcançada não só através
da redução dos seus custos mas também
por meio da diferenciação e inovação
do produto ou do serviço que a empresa vende de forma
a torná-lo mais atractivo para os seus clientes e consumidores.
Portanto, e contrariamente ao que afirmam as entidades patronais
e o Governo a competitividade de uma empresa não depende
apenas da redução de custos, já que pode
ser também obtida por meio da qualidade dos seus produtos;
da investigação orientada para criar novos produtos
que satisfaçam melhor os clientes ou para criar novas
necessidades; da notoriedade da marca de que é proprietária;
de um marketing agressivo; da sua ligação aos
seus clientes; da personalização do seu produto
com o objectivo de o adequar aos gostos de um segmento de
mercado; de um serviço de distribuição
muito vantajoso para o cliente; de um serviço, incluindo
o de pós-venda, que satisfaça e atraia novos
clientes; etc., etc..
Mesmo a redução de custos de uma forma sustentável
não se obtém principalmente com reduções
nas remunerações dos trabalhadores portugueses
que são já das mais baixas da União Europeia,
até porque existem países onde os trabalhadores
não têm direitos e os salários são
ainda mais baixos, e não será com salários
de miséria que as empresas portuguesas ganharão
competitividade. A experiência dos países mais
desenvolvidos mostra que as maiores reduções
de custos se obtêm melhorando a qualificação
dos trabalhadores e a gestão e a organização
das empresas, investindo na tecnologia e nos processos de
produção, melhorando a concepção
dos produtos e a utilização das matérias
primas. Por exemplo, a Toyota e a Ford obtiveram as maiores
reduções de custos quando diminuíram
significativamente o números de peças que integram
cada parte das viaturas que produzem (a Toyota conseguiu reduzir
os custos significativamente utilizando no motor do Corolla
menos 25% do número de peças que no modelo anterior).
A reduzida competitividade da maioria das empresas portuguesas
é culpa do patronato e não dos trabalhadores,
e nunca será através da redução
das baixas remunerações que auferem já
os trabalhadores portugueses e do aumento da repressão
patronal, como pretende o Governo com o seu código,
que se conseguirá aumentar essa competitividade; muito
pelo contrário.
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