PROGRAMA ELEITORAL DO PCP - ELEIÇÕES LEGISLATIVAS 2002
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Declaração do Lisboa, 27 de Janeiro de 2002 1. As próximas eleições constituem uma oportunidade para dar força à exigência de uma nova política para Portugal, e para romper com um ciclo de política de direita que nos últimos anos, pela mão do PS e do PSD, tem marcado negativamente a vida nacional e comprometido aspectos decisivos do desenvolvimento do país. Está nas mãos dos portugueses, e na sua determinação em dar força a uma nova política, a oportunidade de contribuírem com o seu voto para expressarem uma inequívoca vontade de dar corpo a uma mudança real de política, para ultrapassar dificuldades e vencer os desafios que perante o país se colocam. O Encontro Nacional do PCP sublinha que reside no reforço da votação e do número dos deputados eleitos pela CDU (PCP-PEV), a condição essencial e necessária para fortalecer a corrente dos que, com convicção, colocam a exigência de uma nova política e de uma alternativa de esquerda.
É tempo de uma decidida opção pela valorização do trabalho e pelo respeito e efectivação dos direitos de todos os trabalhadores - que combata e inverta a injusta redistribuição do rendimento nacional e a permanente orientação de fazer recair sobre eles o peso das consequências de uma política, determinada por interesses do grande capital, pela imposição de baixos salários, pela precarização das relações de trabalho, pelas deficientes condições de higiene e segurança, e pela manutenção das desigualdades que atingem particularmente as mulheres e os jovens. É tempo de assumir uma política económica capaz de desenvolver o país e melhorar as condições de vida dos portugueses, que valorize o aparelho produtivo e defenda a produção nacional, que ponha fim ao processo de privatização e garanta um sector público forte, dinâmico e eficiente, que valorize e apoie as micro, pequenas e médias empresas e um sector cooperativo e social, e que assegure uma efectiva justiça fiscal - invertendo, assim, a progressiva substituição da produção nacional, a fragilização do nosso aparelho produtivo, e uma orientação económica contrária aos interesses do povo e do país. É tempo de assegurar uma política que garanta as responsabilidades sociais do Estado, que defenda o sistema público e universal da Segurança Social, que aumente o valor das pensões e reformas e outras prestações sociais, que defenda e melhore o Serviço Nacional de Saúde - invertendo o desastroso processo de privatização e de subordinação à lógica do lucro. É tempo de concretizar uma nova política que garanta uma educação pública, gratuita e de qualidade, o estímulo à formação contínua e profissional, que contribua para a qualificação da força de trabalho, que salvaguarde o património e a identidade culturais de Portugal, favoreça o trabalho criativo e a liberdade de criação, e que promova a capacidade científica, técnica e cultural nacional - ultrapassando atrasos estruturais que pesam significativamente nos problemas do país. É tempo de dar força a uma decidida política de descentralização e regionalização, de aproveitamento equilibrado dos nossos recursos e de defesa do ambiente - rejeitando políticas centralizadoras, em grande medida responsáveis por desequilíbrios e assimetrias regionais. É tempo de trazer à vida política nacional o restabelecimento da credibilidade da intervenção política, da transparência e do rigor no exercício dos cargos públicos, de garantir uma justiça célere, de proximidade, acessível e em condições de igualdade, de assegurar a tranquilidade e a segurança públicas, de impulsionar a reforma democrática do Estado e da Administração Pública - sacudindo a crescente subordinação do poder político ao poder económico, combatendo ínvias engenharias eleitorais, o empobrecimento da democracia e dando resposta ao distanciamento e insatisfação dos cidadãos. É tempo de afirmar um Portugal independente e soberano, empenhado na conquista de um novo rumo para a integração europeia, aberto ao mundo e activamente vinculado à causa universal da solidariedade, da paz e da cooperação - e que trave um processo de alinhamento subserviente face a projectos federalistas para a Europa, e aos ditames de uma globalização capitalista, comandados pelos interesses do capital financeiro, apoiado na hegemonia norte-americana.
Assumindo um destacado papel que importa divulgar e valorizar, o Grupo Parlamentar do PCP, para além da elevada quantidade e qualidade das iniciativas apresentadas no plano político, económico, social, cultural e ambiental, privilegiou o contacto permanente com os trabalhadores, as populações e as mais diversas associações e organizações, sendo o Grupo Parlamentar que mais leis viu aprovadas com origem em projectos seus. A intervenção do PCP na Assembleia da República traduziu-se numa atenta e permanente fiscalização do Governo e numa firme oposição às medidas negativas e à política de direita do PS. Mas é importante sublinhar e destacar que, na sua intervenção e posição, tudo o que foi proposto por outros, com conteúdos positivos, foi viabilizado pelos deputados comunistas. O que de positivo se aprovou na Assembleia da República teve a iniciativa, a influência, o voto ou o contributo do PCP. A oportunidade e a mudança para uma política de esquerda será tanto mais possível quanto mais votos e deputados o PCP e a CDU alcançarem em 17 de Março.
A este respeito, sublinha a imperiosa necessidade de desmascarar vigorosamente a pretensão do PSD se apresentar como grande alternativa ao PS, de o PS se apresentar como o grande adversário da direita, e de o PS e o PSD se envolveram num confronto verbal aparentemente radicalizado, quando a verdade é que nos últimos seis anos foram patentes e predominantes as convergências e acordos entre PS e PSD em matérias fundamentais, e quando a verdade é que, ao contrário do PCP, o PS volta agora a não excluir futuras alianças globais com um dos partidos de direita. Sublinha a imperiosa necessidade de não consentir que PS, PSD e CDS-PP se refugiem nas promessas ou propostas para o futuro e de, contrariamente a esse propósito, colocar também no centro do debate eleitoral as posições, atitudes e responsabilidades concretas assumidas de cada partido nos últimos anos. E sublinha ainda a imperiosa necessidade de esclarecer activamente que não há nenhumas "eleições para primeiro-ministro", que se vão eleger 230 deputados à Assembleia da República que, consoante a representação de cada partido e a correlação global de forças, influenciarão a formação do governo, que a obtenção de uma maioria absoluta pelo PSD ou pelo PS não é garantia de estabilidade mas de impunidade e arrogância, que a derrota da direita consiste em o PSD (sozinho ou mesmo somado ao CDS-PP) não obter uma maioria absoluta de deputados, que deslocações de votos da CDU para o PS beneficiariam injustamente o PS e não alterariam em nada o resultado da direita, e que os votos recebidos pela CDU e os deputados eleitos pela CDU, além de contribuírem sempre eficaz e utilmente para que a direita continue em minoria, têm ainda a acrescentada eficácia de representarem a melhor e mais útil forma de protesto contra as orientações negativas seguidas pelo PS, e de pressionarem e pesarem para uma política e uma alternativa de esquerda.
O Encontro Nacional do PCP reafirma, entretanto, que é sobretudo da vontade e das opções eleitorais dos portugueses que depende uma evolução positiva na vida política nacional depois de 17 de Março, e que só o reforço eleitoral da CDU permitirá criar melhores condições e perspectivas para uma política alternativa e para uma alternativa política de esquerda.
O Encontro Nacional aponta a necessidade de uma vasta mobilização de vontades, associando ao empenhamento dos membros do Partido e dos seus aliados, a participação activa dos muitos milhares de independentes que integraram as listas da CDU para as eleições autárquicas, e de outros apoiantes da CDU. O Encontro Nacional destaca o papel insubstituível de cada militante do Partido e de cada activista da CDU, além da participação nas acções organizadas de campanha, na iniciativa e concretização da sua própria campanha de contacto, esclarecimento e mobilização para o voto, junto dos seus familiares, vizinhos, amigos e colegas de trabalho, junto de todas as pessoas que conhece e pode influenciar. No momento actual é preciso que cada um vá ao encontro do maior número possível de portugueses, dialogando, informando, esclarecendo, mobilizando para o voto na CDU, o voto que vale a pena. Quando nos querem distrair, desconcentrar ou dispersar, afirmamos decididamente que não somos analistas de resultados eleitorais futuros, nem receptores de ondas de pessimismo e desistência. Somos activistas de um projecto que vale a pena, lutamos por uma nova política, por uma política de esquerda. Somos protagonistas da mudança para melhor, da ruptura com a política de direita de 10 anos de governos do PSD e de 6 anos de governos do PS, da luta por um Portugal mais desenvolvido, justo e solidário. 8. O Encontro Nacional dirige-se aos militantes do Partido e da JCP, a todos os que reconhecem no PCP uma força indispensável aos trabalhadores, ao povo e ao país; aos valores da democracia, da igualdade, da justiça e do progresso social; a todos os que nele reconhecem uma força de resistência, luta, construção, proposta e projecto, a todos apela a que, com uma convicta e determinada mobilização de energias e vontades, contribuam para que o PCP trave com êxito a exigente e difícil batalha das próximas eleições legislativas.
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