CONCERTO
PROGRAMA
1. Fanfarra para o Homem Comum
de Aaron Copland
Nascido em Broklyn em 1900 e falecido em 1990, é
talvez o um dos mais importantes compositores norte-americanos,
determinante em vários aspectos: na construção
de uma obra musical fortemente influenciada por sonoridades
norte-americanas (nomeadamente o jazz e o bluegrass),
pelo seu papel dinamizador de concertos e de estruturas
de divulgação e pela sua acção
de carácter profundamente progressista na defesa
dos úsicos e da cultura.
A pedido da Orquestra Sinfónica de Cincinnati,
compôs em 1942-43 uma pequena peça a que
chamou significativamente (os Estados Unidos atravessavam
a era rooseveltiana e o empenho na luta antinazi da
II Guerra) Fanfarra para o Homem Comum. O objectivo
era essencialmente (e bastante influenciado pela música
de cinema), criar um tema que servisse de abertura de
cortina nos concertos, mas a Fanfarra transformou-se
num enorme êxito até aos dias de hoje,
incluída em repertórios tão diversos
como o de orquestras sinfónicas, a formação
de jazz de Woody Herman ou o grupo rock Emerson, Lake
& Palmer
2. Guia da Orquestra para Jovens
de Benjamim Britten – Narrador: Sérgio
Godinho
Nascido em 1913 e desaparecido em 1976, Britten confirmou-se
como um dos mais relevantes compositores britânicos
do século com a sua participação
no Festival de Salzburgo de 1937 e especialmente com
a apresentação, em 1945, da ópera
Peter Grimes. Difícil de classificar nas escolas
musicais contemporâneas, a sua música reflecte
uma grande independência, mas simultaneamente
um carácter claramente britânico, até
pelo interesse constante pela música popular
e tradicional. O seu War Requiem constitui um dos mais
lancinantes testemunhos sobre a II Guerra.
Em 1946, baseando-se num tema do compositor britânico
seiscentista Henry Purcell, compôs uma brilhante
variação e fuga destinada a explicar a
estrutura da orquestra, dos seus naipes instrumentais
e suas combinações. A sua riqueza musical
permite a interpretação simples, mas a
versão integral compreende uma narrativa explicativa,
ao longo dos anos executada por nomes tão prestigiados
do teatro e da música como Lawrence Olivier,
Mário Viegas ou a actriz e cantora norte-americana
Cher. A versão a apresentar na Festa inclui a
narração, entregue à experiência
teatral e musical de Sérgio Godinho
3. Concerto para piano e orquestra
nº 2 em Dó menor, Opus 18
de Serguei Rachmaninof
Moderato; adagio sostenuto; allegro scherzando –
Solista: Artur
Pizarro
Foi em 1901, com 27 anos, que o pianista e compositor
russo compôs o seu concerto n.º 2, decisivo
na sua carreira por diversos aspectos. Por um lado,
define o essencial do que seria a sua ligação
com o piano enquanto compositor e executante; em segundo
lugar, assinala o fim da profunda depressão em
que o lançara o fraco acolhimento que em 1897
tivera a estreia da sua 1.ª Sinfonia; finalmente,
seria o início do seu reconhecimento internacional
que se traduziria mais tarde na saída da sua
Rússia natal em 1918 e à fixação,
em 1953, na Califórnia, onde viria a morrer.
Brilhante e sentimental, facultando ao solista vastas
possibilidades de virtuosismo e interpretação
pessoal, o «rach 2», como é popularmente
conhecido, transformou-se numa das peças mais
populares e estimadas do repertório das grandes
orquestras e foi interpretado pelos melhores pianistas
do século passado.
4. Bolero, de Maurice Ravel
Maurice Ravel (1875-1937) é um dos nomes fulcrais
da música europeia do século XX e um dos
determinantes expoentes da escola que se convencionou
chamar expressionismo musical.
Nascido nos Pirineus, Ravel foi um aluno prodígio
de piano, revelando-se como um concertista de excepção,
mas o seu talento revelar-se-ia igualmente como compositor
e orquestrador, criando paletas de uma sonoridade inteiramente
inovadora.
Personalidade peculiar (viveu sempre sozinho, mas
constituiu o centro de uma activa cultura teatral parisiense,
homem de esquerda – amigo muito próximo
do socialista Leon Blum – mas de um nacionalismo
que o levou a ser voluntário na I Guerra), Ravel
afirmava-se sobretudo como um meticuloso trabalhador,
enjeitando os conceitos românticos de genialidade
e talento.
O Bolero é talvez a sua obra mais conhecida
e polémica, situação de certa forma
justificada pela sua tão genial como aparente
simplicidade. Encomendada em 1928 pela dançarina
Ida Rubinstein, o Bolero repete simplesmente 17 vezes
um tema de 14 compassos, apenas modificando em cada
repetição a arquitectura instrumental,
num esmagador exercício de maestria tão
sedutor quanto o encantatório papel da repititividade
rítmica.
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