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O Projecto de Lei que o PCP agora apresenta, tem por base a indispensável existência de um órgão de consulta do Estado português assente numa representatividade o mais ampla possível, que permita conhecer e acompanhar mais de perto a realidade e os inúmeros problemas com que se confrontam as comunidades portuguesas no estrangeiro.
Acresce a constatação de se proceder a alterações profundas ao actual Conselho das Comunidades Portuguesas, tendo em conta a experiência da sua vida atribulada durante o seu primeiro mandato.
Na elaboração do presente Projecto de Lei, o PCP teve em conta a opinião e propostas de muitos portugueses residentes no estrangeiro, que conhecem e desenvolvem uma actividade cultural, social ou política no seio das nossas comunidades espalhadas pelo Mundo.
A Assembleia da República aprovou, por unanimidade, a Lei 48/96, de 4 de Setembro que criou o Conselho das Comunidades Portuguesas. No entanto, desde muito cedo se verificaram desajustamentos entre o articulado da Lei e a realidade vivida pelas comunidades portuguesas. Tal facto, levou à apresentação por conselheiros de diversos países, quando da realização do primeiro Plenário Mundial (Setembro de 1997), de um considerável número de propostas de alteração.
Pretendendo contribuir para a urgência da solução, o Grupo Parlamentar do PCP reapresenta um outro projecto de lei que, não tendo a pretensão de proceder a uma alteração profunda da Lei nº 48/96, visa, no entanto, contribuir para a saída do impasse vivido pelo Conselho das Comunidades Portuguesas, e responder, no imediato, ao vazio criado pelo Governo, ao adiar as eleições que deveriam realizar-se no dia 25 de Novembro de 2001.
Entretanto, considerando que urge construir uma solução duradoura, que integre as inúmeras críticas aos desajustamentos do actual quadro legal, o PCP apresenta um projecto que contribui para a existência de uma estrutura mais representativa das Comunidades Portuguesas no estrangeiro.
A nova estrutura aqui proposta pelo PCP, assenta fundamentalmente nas Comissões Consulares que serão compostas por membros eleitos, por sufrágio directo e secreto, dos portugueses maiores de 18 anos residentes na respectiva área consular.
Competindo-lhes, designadamente, nomear os seus representantes na Comissão de Acção Social e Cultural - previstas no Regulamento Consular, que existe desde 1997, mas que até hoje nunca foram incrementadas; propor ao responsável do posto consular soluções para a resolução dos problemas da comunidade portuguesa residente na respectiva área.
Os outros órgãos são o Conselho de País e o Conselho Mundial.
O Conselho da Comunidade Portuguesa de País, é composto por todos os membros eleitos para as Comissões Consulares e reúne, ordinariamente, uma vez por ano. Competindo-lhe representar a comunidade junto das entidades oficiais portuguesas, estudar e emitir pareceres sobre os problemas existentes que afligem os portugueses residentes nesse país. O Conselho de País elege também os seus representantes ao Conselho Mundial.
O Conselho Mundial é composto por membros eleitos pelo Conselho de País, numa relação proporcional ao número total de eleitores inscritos no respectivo país. Reunindo cada dois anos.
O Conselho Mundial, na primeira reunião, elege o Conselho Permanente que poderá ser constituído por 9 a 15 membros que elegem entre si uma co-presidência com 4 membros provenientes da Europa, América do Norte, América do Sul e Central, e, alternadamente, um da África ou da Ásia e Oceânia.
Projecto de Lei nº 41/IX
Órgãos Representativos dos Portugueses Residentes no Estrangeiro
Capítulo I
Criação, natureza e atribuições dos órgãos
representativos dos portugueses residentes no estrangeiro
Artigo 1.º
(Criação)
São criados os seguintes órgãos representativos dos portugueses
residentes no estrangeiro:
a) Comissões Consulares;
b) Conselhos da Comunidade Portuguesa de País;
c) Conselho Mundial da Comunidade Portuguesa;
d) Conselho Permanente do Conselho Mundial da Comunidade Portuguesa.
Artigo 2.º
(Natureza e atribuições)
Os órgãos instituídos pela presente lei são, simultaneamente,
órgãos representativos dos portugueses residentes no estrangeiro
e órgãos consultivos do Governo em matéria de política
de emigração e comunidades portuguesas, incumbindo-lhes designadamente:
a) Contribuir para a definição de uma política global de
promoção e reforço dos laços que unem os portugueses
e luso-descendentes a Portugal, através da adopção de políticas
de língua e cultura especialmente dirigidas às comunidades portuguesas;
b) Propor a adopção de medidas que visem a melhoria das condições
de vida, estadia e trabalho dos portugueses e suas famílias que residem
no estrangeiro, assim como no seu regresso a Portugal;
c) Promover a relação entre as diversas comunidades, fomentando
o associativismo, a realização de encontros e de outras actividades
que visem o estudo e o debate dos problemas específicos de cada comunidade;
d) Emitir e apreciar pareceres, por iniciativa própria ou por solicitação,
sobre as matérias relativas à emigração e comunidades
portuguesas, da iniciativa da Assembleia da República do Governo ou dos
Governos das Regiões Autónomas;
e) Exercer funções consultivas sobre quaisquer disposições
legais, bem como sobre instrumentos jurídicos em preparação
que versem sobre matérias relativas às comunidades portuguesas;
f) Cooperar com os vários serviços públicos que têm
atribuições em matéria de emigração e comunidades
portuguesas, solicitando-lhes informações e propondo-lhes iniciativas,
nomeadamente nas áreas do ensino da língua e cultura portuguesas,
da comunicação social, da segurança social e dos serviços
consulares;
g) Fomentar a cooperação e a troca de informação
entre os vários órgãos criados pela presente lei.
Capítulo II
Comissões Consulares
Artigo 3.º
(Definição)
1 - As Comissões Consulares são órgãos representativos
dos portugueses residentes na área geográfica abrangida por um
consulado de carreira ou secção consular.
2 - Junto de cada consulado de carreira ou secção consular, com
pelo menos 500 eleitores, podem constituir-se Comissões Consulares.
Artigo 4.º
(Composição)
1 - As Comissões Consulares são compostas por representantes
eleitos, por sufrágio directo e secreto, dos portugueses com capacidade
eleitoral, inscritos no consulado de carreira ou secção consular
respectivos.
2 - O número de membros a eleger por cada Comissão Consular obedece
à seguinte distribuição:
a) 3 membros nas áreas com 500 a 2000 eleitores;
b) 5 membros nas áreas com 2001 a 5000 eleitores;
c) mais 2 membros por cada fracção de 5000 eleitores.
Artigo 5.º
(Eleição)
1 - A eleição dos membros das Comissões Consulares efectua-se
por consulado de carreira ou secção consular respectivos, podendo
concorrer mais do que uma lista.
2 - O acto eleitoral para as Comissões Consulares decorrerá em
simultâneo, devendo a respectiva data ser fixada nos termos do disposto
na alínea i) do artigo 16.º do presente diploma.
3 - A distribuição dos mandatos obedecerá ao sistema de
representação proporcional e o método da média mais
alta de Hondt, nos termos do artigo 26.º.
Artigo 6.º
(Capacidade eleitoral activa)
1- Gozam de capacidade eleitoral activa os cidadãos portugueses maiores
de 18 anos inscritos nos cadernos eleitorais dos consulados de carreira ou serviços
consulares residentes na área geográfica respectiva.
2.- Não gozam de capacidade eleitoral activa:
a) os interditos por sentença com trânsito em julgado;
b) os notoriamente reconhecidos como dementes, ainda que não interditos
por sentença, quando internados em estabelecimento psiquiátrico
ou como tais declarados por uma junta de dois médicos;
c) os que estejam privados de direitos políticos, por decisão
judicial transitada em julgado.
Artigo 7.º
(Capacidade eleitoral passiva)
1 - São elegíveis para as Comissões Consulares os cidadãos
portugueses eleitores, inscritos na respectiva área geográfica.
2 - As listas propostas às eleições devem ser apresentadas
por:
a) Uma ou mais organizações não governamentais de portugueses
no estrangeiro;
b) Um mínimo de 5% do total de eleitores nos consulados de carreira ou
secções consulares que tenham até 2000 eleitores inscritos;
c) Um mínimo de 100 eleitores nos consulados de carreira ou secções
consulares com mais de 2000 eleitores inscritos.
3 - Consideram-se organizações não governamentais, para
os efeitos do presente diploma, as associações como tal consideradas
pela lei local ou pela lei portuguesa, e, independentemente do estatuto jurídico,
sejam reconhecidas pelo posto consular da área onde exerçam actividade.
4 - São inelegíveis para as comissões consulares:
a) Os eleitores que exerçam cargos de representação em
organismos oficiais portugueses no estrangeiro;
b) Os eleitores que exerçam actividade profissional nas representações
consulares e diplomáticas portuguesas no estrangeiro cujas funções
sejam consideradas incompatíveis com a sua eleição.
Artigo 8º
(Duração do Mandato, Instalação e Funcionamento
da Comissão Consular)
1 - O mandato dos membros das Comissões Consulares tem a duração
de quatro anos, podendo ser reeleitos.
2 - O mandato dos membros das Comissões Consulares inicia-se com a primeira
reunião da respectiva Comissão após a eleição
e cessa com a primeira reunião após as eleições
subsequentes, sem prejuízo da suspensão ou da cessação
individual do mandato.
3 - A primeira reunião da Comissão Consular eleita é convocada
pelo responsável do consulado de carreira ou secção consular
correspondente nos 20 dias posteriores à publicação dos
resultados eleitorais e respectivos mandatos apurados, nos termos do artigo
26º.
4 - O responsável do consulado de carreira ou secção consular
procede à instalação da Comissão Consular na primeira
reunião, verificando a identidade e a legitimidade dos eleitos e designa,
de entre os eleitores inscritos, quem redija o documento comprovativo do acto,
que é assinado, pelo menos, por quem procedeu à instalação
e por quem o redigiu.
5 - Salvo impedimento de força maior, as reuniões das Comissões
Consulares realizam-se nas instalações dos postos consulares,
nas quais, para todos os efeitos legais, se localizará a respectiva sede.
Artigo 9º
(Competências)
1 - Compete a cada Comissão Consular:
a) Estudar os problemas da comunidade portuguesa existente na respectiva área
geográfica e propor, junto das representações diplomáticas
e consulares, as soluções adequadas;
b) Nomear os seus representantes na Comissão de Acção Social
e Cultural, em conformidade com o disposto na alínea b), do art.º
21.º, do Regulamento Consular, aprovado pelo Decreto-lei n.º 381/97,
de 30 de Dezembro;
c) Elaborar e aprovar os respectivos estatutos.
2 - Os membros das Comissões Consulares são membros por inerência
no Conselho da Comunidade Portuguesa do respectivo país.
Capítulo III
Conselhos da Comunidade Portuguesa de País
Artigo 10º
(Definição)
O Conselho da Comunidade Portuguesa de País é o órgão representativo dos portugueses residentes em cada país.
Artigo 11º
(Composição)
1 - O Conselho de País é composto pelos membros das Comissões
Consulares do respectivo país, cuja denominação a ele fará
referência expressa.
2 - Nos países onde só exista uma Comissão Consular, esta
constitui-se em Conselho de País.
3 - Podem existir círculos de apuramento por países, a determinar
por diploma complementar, desde que constituído por um número
não superior a 5 países e tenham continuidade geográfica,
até corresponderem um mínimo de 500 eleitores inscritos.
Artigo 12º
(Funcionamento e duração do mandato)
1 - O Conselho de País reúne, ordinariamente, uma vez por ano
e extraordinariamente quando convocado pelo respectivo secretariado permanente,
por sua iniciativa, ou a solicitação de, pelo menos, dois terços
dos seus membros.
2 - Podem participar nas reuniões do Conselho de País, sem direito
a voto, os membros do Governo, deputados à Assembleia da República,
e na Europa deputados ao Parlamento Europeu, membros de organismos oficiais,
membros de estruturas sindicais e outras personalidades que o Conselho de País
entenda dever convidar.
3 - Os membros do Conselho de País cessam funções com o
termo do respectivo mandato na Comissão Consular para que foram eleitos.
4 - Cabe ao Embaixador ou um seu representante convocar a primeira reunião
do respectivo Conselho de País, nos 30 dias posteriores às eleições
para as respectivas Comissões Consulares.
5 - A primeira reunião do Conselho de País é dirigida por
uma mesa composta por:
a) Um Presidente, cargo exercido pelo Embaixador ou um seu representante.
b) Dois vogais, designados cada um deles pela duas listas mais votadas.
Artigo 13.
(Competências)
1- Compete ao Conselho de País:
a) Apresentar propostas para a resolução dos problemas da comunidade
portuguesa no respectivo país, às entidades oficiais portuguesas;
b) Conhecer e tomar posição sobre a execução de
acções e programas a cargo dos responsáveis pela coordenação
do ensino da língua e cultura portuguesas;
c) Pronunciar-se em matérias de interesse para a comunidade portuguesa,
objecto de Acordos ou Tratados bilaterais celebrados com o Estado Português,
e emitir pareceres;
2 - Cabe ainda ao Conselho de País:
a) Coordenar a actividade das respectivas Comissões Consulares;
b) Eleger, um Coordenador ou um Secretariado Permanente até cinco membros;
c) Eleger os seus representantes ao Conselho Mundial.
3 - As eleições para o Secretariado Permanente e para o Conselho
Mundial far-se-ão por lista de candidatura, procedendo-se à distribuição
dos mandatos segundo o sistema de representação proporcional e
o método da media mais alta de Hondt.
4 - Qualquer Conselho de País pode propor ao Conselho Permanente a realização
de reuniões dos Conselhos de País de uma determinada região,
continente ou sub-continente para debater problemas comuns a essas comunidades.
5 - A convocação de reuniões referidas no número
anterior será feita pelo Conselho Permanente.
Capítulo IV
Conselho Mundial
Artigo 14º
(Definição)
O Conselho Mundial é o órgão plenário dos Conselhos de País existentes
Artigo 15º
(Composição)
1 - O Conselho Mundial é formado pelos membros dos Conselhos de País
existentes, de acordo com os seguintes critérios:
a) 1 Membro por cada Conselho de País que tenha entre 500 e 5000 eleitores;
b) 2 membros até 10.000 eleitores;
c) 3 membros até 20.000 eleitores;
d) 4 membros até 30.000 eleitores;
e).mais 1 membros por cada fracção de 20.000 eleitores.
2 - Participam ainda nas reuniões, sem direito a voto:
a) O membro do Governo responsável pela tutela dos assuntos relativos
às comunidades portuguesas;
b) Os deputados eleitos pelos círculos da Emigração e um
deputado designado por cada grupo parlamentar;
c) Um representante de cada uma das estruturas sindicais dos trabalhadores consulares
e dos professores, existentes no estrangeiro.
3 - Podem ser convidados a participar nas reuniões do Conselho Mundial,
igualmente sem direito a voto:
a) Membros do Governo da República e dos Governos Regionais;
b) Deputados à Assembleia da República e às Assembleias
Legislativas Regionais;
c) Representantes da Associação Nacional de Municípios
Portugueses e da Associação Nacional de Freguesias;
d) Representantes de organismos da Administração Pública;
e) Representantes do Conselho Permanente das Comunidades Madeirenses e do Congresso
das Comunidades Açoreanas;
f) Os parceiros sociais e outras entidades.
Artigo 16º
(Reuniões do Conselho Mundial)
1 - O Conselho Mundial reúne, ordinariamente, de dois em dois anos mediante
a convocação do membro do Governo responsável pela política
relativa às comunidades portuguesas e após consulta ao Conselho
Permanente.
2 - O Conselho Mundial reúne extraordinariamente quando requerido:
a) Pelo membro do Governo responsável pela política relativa às
comunidades portuguesas;
b) por um mínimo de 2/3 dos membros do Conselho Permanente;
c) por um mínimo de 2/3 dos membros do Conselho Mundial.
3 - As reuniões ordinárias do Conselho Mundial são convocadas
com a antecedência mínima de 90 dias, com indicação
da data e do local da respectiva realização.
4 - As reuniões ordinárias do Conselho Mundial decorrem em plenário
e em secções temáticas.
5 - Cabe ao membro do Governo responsável pela política relativa
às comunidades portuguesas convocar, no prazo de 90 dias posteriores
à data das eleições para as Comissões Consulares,
a primeira reunião do Conselho Mundial.
6 - Até à eleição do Conselho Permanente, a reunião
do Conselho Mundial será dirigida por uma mesa constituída por
5 conselheiros das listas mais votadas para as Comissões Consulares,
e representadas no Conselho Mundial, em cada uma das seguintes regiões:
Europa; América do Norte; América do Sul e Central; África;
e, Ásia e Oceânia.
Artigo 17º
(Competências)
O Conselho Mundial, reunido em plenário, tem as seguintes competências:
a) Aprovar o respectivo regulamento de funcionamento;
b) Apreciar e deliberar sobre os documentos que, para o efeito, lhe sejam submetidos;
c) Constituir comissões temáticas, mediante proposta dos seus
membros, as quais aprovarão a sua própria organização
interna;
d) Homologar e registar as Comissões Consulares e os Conselhos de País;
e) Eleger, entre os seus membros, mediante sufrágio secreto, o Conselho
Permanente;
f) Discutir e votar o relatório do mandato do Conselho Permanente e deliberar
sobre o programa de acção para o período subsequente;
g) Mandatar o Conselho Permanente para a coordenação da execução
do programa de acção aprovado, bem como para assegurar a representação
em organismos oficiais e em reuniões internacionais;
h) Deliberar sobre os critérios de distribuição das verbas
orçamentais pelos vários órgãos representativos
dos portugueses residentes no estrangeiro, criados pelo presente diploma, a
serem distribuídas anualmente pelo Conselho Permanente;
i) Proceder, ou delegar no Conselho Permanente, a marcação da
data em que decorrerão as eleições das Comissões
Consulares para o mandato seguinte.
Capítulo V
Conselho Permanente
Artigo 18º
(Conselho permanente)
1 - O Conselho Permanente é eleito na primeira reunião do Conselho
Mundial subsequente ao acto eleitoral para as Comissões Consulares, sendo
constituído por um mínimo de 9 e um máximo de 15 membros,
não podendo exceder 1 por país, nem mais de metade dos seus membros
pertencerem à mesma região geográfica, mediante apresentação
de lista, procedendo-se a distribuição de mandatos em conformidade
com a alínea e) do artigo 26.
2 - O Conselho Permanente funciona na Assembleia da República e reúne
anualmente, no mínimo, duas vezes.
3 - O Conselho Permanente elege de entre os seus membros 4 co-presidentes cada
um deles provenientes das seguintes regiões: Europa, América do
Norte, América do Sul e Central, e, alternadamente, um da África
ou da Ásia e Oceânia.
Artigo 19
(Competências)
1 - Compete ao Conselho Permanente:
a) Assegurar a preparação, a realização e o acompanhamento
das reuniões do Conselho Mundial;
b) Presidir às reuniões do Conselho Mundial.
c) Coordenar a execução das deliberações do Conselho
Mundial, previstas no art.º 16.º;
d) Emitir parecer sobre programas de actividades da Direcção-Geral
de Assuntos Consulares e Comunidades Portuguesas;
e) Assegurar a existência de canais de informação entre
o Conselho Permanente e os restantes órgãos previstos neste diploma;
f) Apresentar, em cada ano, ao membro do Governo responsável pela elaboração
da proposta do Orçamento do Estado, o projecto de orçamento para
o exercício das suas actividades e dos demais previstos neste diploma,
bem como o relatório e contas.
g) Enviar para publicação no Diário da República,
2ª série, as resoluções e recomendações
aprovadas pelo Conselho Mundial.
2 - Compete ao Conselho Permanente propor ao Governo a definição
do regime e estatuto do Conselheiro.
3 - O Conselho Permanente aprova a sua organização interna bem
como o seu regulamento de funcionamento e delibera sobre a sua estrutura de
apoio.
4 - O Conselho Permanente pode designar outros membros do Conselho Mundial para
participarem nas comissões temáticas que venha a criar, com carácter
permanente ou temporário.
Artigo 20º
(Serviços de apoio)
1 - O Conselho Permanente possui serviços de apoio constituídos
por funcionários da Administração Pública, nomeados
em comissão de serviço pelo Ministro dos Negócios Estrangeiros.
2 - O exercício das funções nos serviços de apoio
conta, para todos os efeitos legais, como serviço prestado no lugar de
origem.
3 - Podem ainda colaborar nos serviços de apoio, como consultores, técnicos
de reconhecida competência, nomeados pelo Ministro dos Negócios
Estrangeiros, sob proposta do Conselho Permanente.
4 - Compete aos serviços de apoio ao Conselho Permanente:
a) Organizar todos os processos de interesse do Conselho Permanente;
b)Desempenhar todas as funções técnicas e administrativas
que lhe sejam atribuídas pelo Conselho Permanente.
Capítulo VI
Processo eleitoral
Artigo 21.º
(Direito de voto)
1 - Para efeitos do presente diploma, em cada consulado de carreira ou secção
consular constitui-se um círculo eleitoral.
2 - Cada consulado de carreira ou secção consular organiza cadernos
eleitorais próprios que são inalteráveis nos 30 dias anteriores
a cada eleição.
3 - Nos primeiros 30 dias dos 60 dias que antecedem cada eleição,
os postos consulares devem ter disponíveis cópias fiéis
dos cadernos eleitorais, para efeitos de consulta e reclamação.
4 - Qualquer eleitor pode reclamar, por escrito, das omissões ou inscrições
indevidas perante o Cônsul ou, no impedimento deste, o seu substituto
legal, devendo as reclamações ser decididas nos 5 dias seguintes
à sua apresentação e a decisão comunicada imediatamente
ao interessado e afixada no posto consular.
Artigo 22º
(Modo de eleição)
Os candidatos são eleitos por listas plurinominais em cada círculo eleitoral, dispondo o eleitor de um voto singular de lista.
Artigo 23º
(Apresentação e verificação das listas de candidatura)
1 - A apresentação de candidatura cabe ao primeiro proponente
de cada lista e faz-se entre os 60 e os 55 dias antes da data prevista para
as eleições, perante o cônsul ou, no impedimento deste,
do seu substituto legal.
2.- As listas propostas a eleição são identificadas por
uma sigla ou por um nome.
3.- As listas propostas à eleição devem conter indicação
de candidatos efectivos em número igual ao dos mandatos atribuídos
a cada círculo nos termos do art.º 4.º, e de candidatos suplentes
em número não inferior a dois nem superior ao dos efectivos.
4 - Os candidatos de cada lista consideram-se ordenados segundo a sequência
da respectiva declaração de candidatura.
5 - A organização consiste na entrega da lista contendo:
a) Os nomes dos candidatos e de mais elementos de identificação:
idade, filiação, profissão, naturalidade, residência
e número de eleitor;
b) As declarações de candidatura, assinadas conjunta ou separadamente,
pelos candidatos e das quais constem: a indicação do motivo pelo
qual são elegíveis; que não se candidatam por qualquer
outro círculo eleitoral nem figuram em mais nenhuma lista de candidatura,
e que aceitam a candidatura pela lista proponente.
6 - Nos 2 dias úteis subsequentes ao termo do prazo de apresentação
de candidaturas, o Cônsul verifica a regularidade do processo, a autenticidade
dos documentos que o integram e a elegibilidade dos candidatos, rejeitando fundamentadamente
os candidatos inelegíveis, os quais deverão ser substituídos,
no prazo de 2 dias úteis.
7 - A não substituição dos candidatos inelegíveis,
no prazo referido no número anterior, implica a recusa da lista, salvo
se o número de candidatos estiver conforme com o n.º 3.
8 - O Cônsul, nos 7 dias subsequentes ao fim do prazo de apresentação
das candidaturas, procede, na presença da Comissão Eleitoral,
ao sorteio das listas apresentadas, para o efeito de lhes atribuir uma letra
correspondente à ordem alfabética e que constará nos boletins
de voto.
Artigo 24.º
(Comissão eleitoral)
Em cada consulado de carreira e secção consular onde existam eleitores é constituída uma comissão eleitoral, composta por um representante do posto consular, que preside, e por um representante de cada lista concorrente no respectivo círculo eleitoral, à qual compete a organização do processo eleitoral.
Artigo 25º
(Mesas de voto)
1 - As mesas de voto para o acto eleitoral funcionam em cada posto consular,
em conformidade com o art.º 3.º, e desde que se apresente ao escrutínio
pelo menos uma lista concorrente, bem como em sedes das organizações
não governamentais cujas candidaturas para o efeito, junto da comissão
eleitoral respectiva, demonstrem reunir condições adequadas e
sejam aceites pela mesma comissão eleitoral.
2 - As mesas de voto são integradas pelos representantes de todas as
listas concorrentes em cada círculo eleitoral, cabendo à comissão
eleitoral a indicação de qual a composição de cada
uma delas.
3 - O presidente da comissão eleitoral notifica cada uma das organizações
não governamentais, em cujas sedes funcionem mesas de voto, dos requisitos
indispensáveis à organização do acto eleitoral,
bem como da composição daquelas mesas.
4 - A cada uma das organizações não governamentais, em
cujas sedes funcionem mesas de voto, o presidente da comissão eleitoral
faz entrega dos extractos dos cadernos eleitorais, onde constem as inscrições
dos eleitores que exerçam o seu direito de voto nessa organização
não governamental.
5 - Os actos eleitorais só podem ocorrer com a participação
dos representantes de cada lista concorrente, ou após renúncia
expressa comunicada à comissão eleitoral respectiva pela lista
de que se trate.
6 - Cada consulado de carreira ou secção consular informa, por
carta, os eleitores da respectiva área territorial, das mesas de voto
existentes, indicando as localidades ou os códigos postais abrangidos
por cada uma das mesas de voto.
Artigo 26º
(Apuramento)
1 - Os presidentes das mesas de voto enviam à comissão eleitoral
da respectiva área as actas de apuramento dos resultados eleitorais,
rubricadas por todos os elementos que constituíram as mesas de voto.
2 - O apuramento dos resultados da eleição em cada país
cabe a uma assembleia de apuramento geral, presidida pelo Embaixador nesse país
e constituída por um cônsul, ou quem desempenhe as suas funções,
e por mais dois elementos, sendo, preferencialmente, um jurista e uma pessoa
com adequada formação matemática, um secretário,
todos designados pelo presidente e dois presidentes de mesas de voto sorteados.
Artigo 27º
(Critério de eleição)
A conversão dos votos em mandatos faz-se de acordo com o método
de representação proporcional de Hondt, obedecendo às seguintes
regras:
a) Apura-se em separado o número de votos recebidos por cada lista no
círculo eleitoral respectivo;
b) O número de votos apurados por cada lista é dividido, sucessivamente,
por 1, 2, 3, 4, 5, etc., sendo os quocientes alinhados pela ordem decrescente
da sua grandeza numa série de tantos termos quantos os mandatos atribuídos
ao círculo respectivo;
c) Os mandatos pertencem às listas a que correspondem os termos da série
estabelecida pela regra anterior, recebendo cada uma das listas tantos mandatos
quantos os seus termos na série;
d) No caso de restar um só mandato para distribuir e de os termos seguintes
da série serem iguais e de listas diferentes, o mandato cabe à
lista que tiver obtido menor número de votos.
e) A distribuição dos mandatos para o Conselho Permanente será
feita, independentemente do lugar que cada um tiver na lista respectiva, devendo
respeitar os critérios de representatividade dos países e das
regiões, de acordo com o disposto no artigo 17.º, n.º 1 e n.º
3.
Artigo 28º
(Garantias e publicação dos resultados)
1 - Às Embaixadas de Portugal e aos postos consulares cabe assegurar
a democraticidade, conforme a ordem jurídica portuguesa, do processo
e dos actos eleitorais previstos no presente diploma, que tenham lugar no âmbito
da respectiva jurisdição.
2 - A Comissão Nacional de Eleições é competente
para apreciar os recursos interpostos das decisões tomadas pelas comissões
eleitorais.
3 - Os resultados do apuramento geral em cada país são publicados
pelo presidente da respectiva assembleia nos 5 dias posteriores ao da votação
e em seguida publicitados, por meio de edital nos consulados respectivos, devendo
o Governo fazer publicar imediatamente os resultados gerais, em Diário
da República, 1ª série.
Capítulo VII
Financiamento
Artigo 29º
(Custos)
1 - Os custos de funcionamento e a actividade dos órgãos representativos
dos portugueses residentes no estrangeiro, são incluídos anualmente
no orçamento apresentado pelo Conselho Permanente em conformidade com
a alínea f) nº 1 do art.º 18.º.
2 - O financiamento para a actividade regular dos órgãos representativos
dos portugueses residentes no estrangeiro é coberto pela dotação
orçamental atribuída ao Ministério dos Negócios
Estrangeiros.
3 - Os custos inerentes à preparação e organização
do processo eleitoral, assim como a divulgação junto dos eleitores,
por correio, das listas concorrentes, devem ser incluídas em dotação
adequada do Ministério dos Negócios Estrangeiros para o ano em
que se realizam as eleições.
4 - Os órgãos a que se refere o n.º 2 são equiparados
a serviços dotados de autonomia administrativa para efeitos do disposto
na legislação sobre contabilidade pública.
Capítulo VII
Disposições transitórias e finais
Artigo 30º
(Prorrogação do mandato)
Os actuais membros do Conselho das Comunidades Portuguesas, criado pela Lei n.º 48/96, de 4 de Setembro, manter-se-ão em funções até à tomada de posse dos membros dos órgãos representativos dos portugueses residentes no estrangeiro, em conformidade com o artigo 8.º do presente diploma.
Artigo 31º
(Interpretação e integração)
As disposições do presente diploma em matéria relacionada com o processo eleitoral devem ser interpretadas e integradas de harmonia com a legislação eleitoral para a Assembleia da República.
Artigo 32º
(Regulamentação)
O Governo deve aprovar as normas complementares e proceder à regulamentação necessária da presente lei.
Artigo 33º
(Norma Revogatória)
Com a entrada em vigor do presente diploma é revogada a Lei nº
48/96, de 4 de Setembro.
Assembleia da República, em 29 de
Maio de 2002