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Projecto de Lei nº 181/VII
Elevação da localidade de Beringel
à categoria de vila
Exposição de motivos
Situada a meia encosta de um outeiro,
na margem esquerda do rio Galego, Beringel é povoação
muito antiga. Não se sabe ao certo quando ou por quem foi
fundada, adiantando os autores que nas suas proximidades abundam
os vestígios arqueológicos dos períodos proto-histórico,
romano e visigótico.
Segundo Pinho Leal, o nome do povoado
derivou do termo muçulmano "badanjan", que significa
beringela.
Na altura da reconquista do Baixo Alentejo,
no reinado de D.Afonso III, deveria esta povoação
encontrar-se num estado próximo da ruína, e praticamente
despovoada, foi talvez por isso que o monarca a doou, em 1255,
ao mosteiro de Alcobaça. O grau de desenvolvimento conseguido
pelos frades bernardos é hoje impossível de precisar,
sabendo-se apenas que ali mandaram construir um convento com a
sua respectiva igreja. O certo é que no reinado de D.Dinis,
Beringel receberia a sua primeira carta de foral.
Com D.Afonso V, Beringel deixou de fazer
parte dos feudos de Alcobaça para passar, em 1479, ao senhorio
de D.Rui de Sousa, incumbido do seu "novo repovoamento".
As razões para esta mudança de senhorio não
nos são dadas pelos autores, adiantando-se a hipótese
de os antigos donatários terem estagnado na sua missão
dinamizadora do povoamento, o que teria implicado a caducidade
do diploma outorgado por D.Dinis. O segundo foral de Beringel
é conferido por D. Manuel em 1519, passando Beringel à
categoria de vila ainda por intenção deste monarca.
É na vigência de D. Pedro,
1º conde do Prado e alcaide de Beja, que a vila de Beringel
começou a expandir-se, sendo dotada, em 1533, de Misericórdia
com o seu hospital, e desenvolvendo-se nela várias actividades
económicas ainda hoje presentes, como sejam o amanho das
culturas de regadio, dos pomares, dos cereais, da vinha, a produção
de azeite, a recolha de mel, a criação de gado,
a obra de olaria e de lambazes, a moagem a vento e a água,
além da prática da caça. Há ainda
a salientar que os seus moradores estavam isentos do pagamento
de sisas e de portagens.
Em l839 o concelho de Beringel é
extinto, passando a integrar-se no conjunto das freguesias do
concelho de Beja, entrando a vila em acelerado processo de degradação
económica e sucessiva perda de relevância político-administrativa.
Dos antigos edifícios que testemunhavam
a importância e a autonomia da vila (pelourinho, o paço
dos condes do Prado, marqueses das Minas, o convento dos frades
bernardos, o hospital da Misericórdia) quase todos se perderam,
subsistindo apenas as várias igrejas, o edifício
da cadeia velha, a antiga casa da Câmara e um ou outro prédio
de feição senhorial. Desta forma, a extensão
do casario, ordenado em várias ruas e pracetas, convergindo
no rossio de Santo António, bem como o elevado número
de igrejas que despontam por entre as casas térreas, constituem
o testemunho mais evidente da antiga importância deste povo,
situado junto da estrada de Lisboa, a meio caminho entre Beja
e Ferreira do Alentejo.
Limitada geograficamente:
a Norte pela freguesia de Trigaches; a Nordeste pela freguesia
de S.Brissos; a Sudoeste pela freguesia de Santiago Maior; a Sul
pela freguesia de Mombeja, todas do Concelho de Beja, a Poente
pelo concelho de Ferreira do Alentejo.
Beringel possui um conjunto de estruturas
sociais e equipamentos colectivos que colocam esta povoação,
numa posição de relevância no contexto regional,
designadamente:
- Sede da Junta de Freguesia;
- Escola Pré-Primária;
- Escola Ensino Básico;
- Colégio Particular (Ensino Básico + Secundário)
- Casa do Povo;
- Posto de Correios;
- Posto da GNR;
- Farmácia;
- Extensão do Centro de Saúde de Beja;
- Consultórios Médicos;
- Associações Desportivas, Recreativas e Culturais;
- Jardim Público;
- Parque Infantil;
- Postos de Abastecimentos de Combustíveis;
- Complexo Desportivo;
- Agência Bancária;
- Cooperativa Agrícola;
- Estabelecimentos Comerciais e Industriais;
- Igrejas e Capelas;
- Cemitério;
- Sistema de recolha e tratamento de esgotos e lixo;
- Distribuição domiciliária
de Água e Luz.
Em fase de instalação:
- Museu Rural de Beringel;
- Biblioteca.
A exemplo do que sucede na maioria das
localidades do interior do País, Beringel nos últimos
anos tem vindo a perder população. Assim, em 1960,
tinha 3 554 residentes; em 1970, 2 774; em 1981, 2 763; e 1991,
1 729.
A quebra de população
registada entre 1981 e 1991 (cerca de mil habitantes) deve-se,
em 1988, à criação, da freguesia de Trigaxes,
criada por desanexação da área administrativa
de Beringel.
Actualmente, o número de eleitores
(1 598) é inferior ao exigido por lei (artigo 12º
da Lei nº 11/82 de 2 de Junho) para a sua elevação
a vila. No entanto, as dinâmicas que têm vindo a ser
criadas nos últimos anos, bem como a restituição
da denominação que já ostentou (vila) e a
importância de polo urbano de desenvolvimento que o Plano
Director Municipal lhe confere, caracterizam Beringel como "
o aglomerado rural com maior dinâmica do concelho de Beja,
quer pelo quantitativo populacional quer pelos equipamentos que
contém, quer ainda por um conjunto de actividades que lhe
confere vida própria", levam-nos a acreditar que a
elevação da localidade a vila poderá contribuir
não só para estancar a desertificação
registada como passar a fixar a população e face
à sua localização e qualidade de vida atrair
residentes de outras localidades e da própria sede do concelho.
Nestes termos, e abrigo das disposições
constitucionais e regimentais aplicáveis, os Deputados
do PCP abaixo-assinados apresentam o seguinte projecto de lei:
É restaurada na categoria de
vila a povoação de Beringel.