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Projecto de Lei nº 117/VII
Criação da Freguesia da Póvoa de Penafirme, no concelho
de Torres Vedras
Pelo que, o cumprimento de todos os critérios exigidos pela lei foram largamente superados.
Elementos de ordem histórica
Nome, Origem e Situação
Geográfica
Terra de gente cristã e laboriosa
que se dedica ao cultivo dos campos e à transacção
comercial, Penafirme fica situada no extremo nordeste do vasto
concelho de Torres Vedras e no litoral sul da mais extensa das
suas freguesias -- Nossa Senhora da Luz de A-dos-Cunhados, de
cuja sede dista cerca de légua e meia. O seu nome anda
ligado ao velho Convento de Eremitas de Santo Agostinho e a sua
origem perde-se na bruma dos tempos. Póvoa é nome
comum a muitas terras de Portugal.
Penafirme (que antigamente se escrevia
de forma separada, Pena-firme) significa rocha, penha, ou lugar
seguro. Já era assim designado no século IX quando
da fundação do primeiro Convento erguido "no
sítio chamado de Penafirme". Esta região (ou
distrito, como antigamente se dizia) abrangia toda a faixa litoral
que vai desde a foz do Alcabrichel até à ribeira
de Santo Cruz. Era formada de extensas matas de pinheiros e agrestes
matagais, vales férteis e plainos arenosos ao longo de
ribas altas, sendo delimitada a nordeste por alto maciço
rochoso que se vai esbatendo para sul.
A população, escassa,
distribuía-se pelo lugar da Póvoa (povoação
ou aglomerado principal) e um punhado de Casais à volta
cujos nomes chegaram aos nossos dias - o Cano, o Sepilhão,
o Chofral, a Taberninha, a Bombardeira... e outros que se foram
formando ao longo dos tempos -- o Seixo, a Onia, a Cotovia, a
Varzinha, o Arneiro, a Serra, o Valongo, o Vale de Pau, a Cruz,
os Marcos, as Portelinhas, o Vale de Janelas, a Oliveirinha, a
Mexilhoeira...
Estes casais foram crescendo e hoje
são já novas póvoas ou, aproximando-se, alargaram
o perímetro da velha Póvoa. Muitos pinhais foram
sendo desbastados pela erosão dos ventos e das areias,
ocorrendo o maior desbaste por ocasião do grande ciclone
de 1942. Os matagais, arroteados pela mão do homem, foram-se
transformando em vasta zona agrícola onde os vinhedos e
trigais do passado deram lugar a hortas e estufas do presente.
O Passado
Toda a grandeza do seu passado histórico
o deve Penafirme ao seu Convento multissecular. Fundado, segundo
a tradição, Por Santo Ancirado (ou Ancireno), eremita
de origem alemã, junto de uma ermida muito antiga dedicada
a Nossa Senhora da Graça, por volta do ano de 840, nele
se terão refugiado outros eremitas que viviam nas cercanias
de Torres Vedras, mas eram incomodados frequentemente pelos árabes
que ao tempo dominavam o seu castelo. Eram conhecidos por Eremitas
do Sizandro e seguiam a Regra de Santo Agostinho. As investidas
do mar e a erosão do tempo levaram à construção
de um novo Convento no Século XIII. Reconstruído
em 1597 um pouco mais acima (o actual Convento Velho) veio a ser
destruído pelo Terramoto e consequente maremoto de 1755,
e hoje encontra-se em lastimoso abandono quase soterrado nas areias.
O actual convento (o Convento Novo) foi depois construído
junto do lugar da Póvoa, a cerca de 2 quilómetros
para sul, após o terramoto já na segunda metade
do século XVII. O Cruzeiro que ainda hoje lá se
encontra construído em 1787 como consta da inscrição
gravada. Provavelmente a data da inauguração da
Igreja. O plano inicial previa um segundo corpo do edifício
conventual para sul da igreja, mas que, talvez por falta de verba
se não concretizou.
Centro de irradiação humana
e cristã, o Convento de Penafirme foi, nas suas diversas
fases, a alma desta região até 1834, data da expulsão
dos seus moradores, ficando, a partir daí, condenado ao
abandono, ao vandalismo e consequente degradação.
Além do venerando Convento (ou
Conventos) há notícia de outras construções
de interesse histórico:
Tudo isto se foi na voragem do tempo!
Resta apenas a Cruz de Frei Aleixo, no alto da serra fronteira
ao mar (ou "Rocha", como diz o povo) no sítio
das "Chãs", e que recorda uma formosa lenda.
Porto Novo era ainda, num passado não
muito distante centro pesqueiro de grande movimento, com duas
"armações" de pesca valenciana (a de Porto
Novo, fundada em 1902 e a de Santa Rita em 1906). O crescente
desenvolvimento do porto de Peniche foi asfixiando os portos vizinhos,
entre eles o de Porto Novo que ficou reduzido a um pequeno ancoradouro
de meia dúzia de embarcações. Porto Novo
evoca ainda um acontecimento histórico de projecção
internacional -- o desembarque das tropas inglesas em 1808 vindo
em auxílio das tropas aliadas de Portugal ajudando-as a
derrotar o exército invasor francês na célebre
Batalha do Vimeiro.
Pelo Convento de Penafirme passaram
figuras ilustres e venerandas pelo seu saber e virtude. Entre
outras avultam os nomes de Frei Aleixo de Penafirme, Frei Roque
da Gama, Frei João de Estremoz (primeiro Provedor do Hospital
das Caldas da Rainha), Frei Tomé de Jesus (grande escritor
místico e autor clássico do livro escrito no cativeiro
de Alcácer Kibir, "Trabalhos de Jesus"; D. Frei
António de Santa Maria (que construiu o segundo Convento,
o Velho, e foi Bispo de Leiria; e D. Frei António de Sousa
e Távora (mandou construir o Convento Novo, e foi Bispo
do Porto).
O Presente
Terra que no passado se dedicou à
exploração agrícola de sequeiro (vinhas e
cereais) hoje floresce nela a cultura de regadio, sendo, como
a vizinha Silveira, o maior centro de horticultura do concelho
de Torres Vedras e um dos maiores do País. Hortas em estufa
e ao ar livre vicejam por toda a parte e são uma florescente
actividade comercial que leva os produtos da terra aos grandes
mercados da Malveira, de Lisboa e Cascais e a outros cantos de
Portugal e do mundo. Além do grande valor agrícola
e comercial, Penafirme é também um ponto de referência
no campo formativo, intelectual e espiritual. O seu prestigiado
Externato, sucessor do Seminário Liceal, fundado em 1960,
começou a ser, desde 1974, o maior e mais conceituado centro
cultural e formativo do concelho de Torres Vedras. E como Casa
de Retiros e de Vilegiatura, a maior estância de repouso
para o corpo e para o espírito.
O Futuro
A enorme vitalidade agrícola,
comercial, formativa, intelectual e espiritual do presente anuncia
para Penafirme um futuro risonho e promissor no campo do turismo
e do lazer. Crescem a um ritmo acelerado os Complexos e Urbanizações
(Pisão, Mirante, Navio, Vigia, Vale de Janelas, Oliveirinha,
Mexilhoeira e Barqueira) e as suas belas praias e repousantes
pinhais vão sendo cada vez mais procurados.
Por tudo isto, Penafirme não
é somente um marco do Passado. Tem a força do Presente
e a promessa do Futuro.
1. Eleitores da Freguesia:
De acordo com o último recenseamento
eleitoral a área proposta para a freguesia contava com
1338 eleitores.
2. Taxa de variação
demográfica da Freguesia:
Entre os dois últimos recenseamentos
eleitorais o número de eleitores da freguesia passou 1171
para 1338, o que representa uma variação percentual
de 14%. Tal variação corresponde a uma taxa de crescimento
anual médio de 2,6%. Se projectarmos a mesma de crescimento
anual médio por um período de 6 anos podemos estimar
que a área proposta para a freguesia registe no ano 2000
cerca de 1600 eleitores.
3. Eleitores da Sede:
Ainda de acordo com o último
recenseamento eleitoral a sede proposta para a freguesia, isto
é, a Póvoa de Penafirme registava 723 eleitores.
Entre os dois últimos recenseamentos o número de
eleitores aumentou de 608 para 723, o que corresponde a uma variação
percentual de 19%, e a uma taxa de crescimento anual média
de 3,5%. Repetindo o mesmo exercício de projecção,
admitindo um crescimento anual médio de 3,5%, podemos estimar
que no ano 2000 a sede proposta para a freguesia registe 920 eleitores.
4. Número de tipos de serviços
e estabelecimentos na Sede:
Serviços à População/Equipamento
Social
Unidades Industriais
Comércio e Serviços
bebidas e tabaco) 3
papelaria 1
carne 1
suas peças e acessórios 1
com motor 1
fiscal 2
O Recenseamento preliminar efectuado
permitiu concluir a existência de 20 tipos de estabelecimentos
na sede correspondendo a um número de 31 estabelecimento
de comércio e serviços.
5. Acessibilidade de transportes
à sede
Regista-se uma acessibilidade entre
a sede e as principais povoações possível
através de automóvel e transporte colectivo diário.
6. Distância da sede proposta
à sede primitiva freguesia (Póvoa de Penafirme-A-dos-Cunhados):
De 5,5 km a 6,5 km. O intervalo resulta
da medição da distância ser feita de acordo
com dois critérios: 5,5 km medindo a distância mínima,
isto é, entre as placas mais próximas identificadoras
das localidades; ou 6,5 km se tivermos em consideração
a distância entre o CENTRO das duas localidades.
Tratando-se de um Concelho com uma densidade
populacional entre os 100 e os 199 eleitores por km2 seriam necessários
no mínimo 20 pontos na classificação dos
itens anteriores para, de acordo com a lei se considerar viável
a candidatura da Póvoa de Penafirme a sede de Freguesia.
O dinamismo já comprovado das
populações, quer nos aspectos económicos,
quer nos aspectos sócio-culturais, mostrando que são
capazes de se organizarem com autonomia, responsabilidade e sentido
da res pública, são razões suficientes para
justificar e caucionar a sua justa aspiração de
elevação de Póvoa de Penafirme a sede de
Freguesia.
Nestes termos, ao abrigo das disposições
constitucionais e regimentais aplicáveis, os Deputados
abaixo-assinados, apresentam o seguinte projecto de lei:
É criada, no concelho de Torres
Vedras, a freguesia de Póvoa de Penafirme.
Os limites da nova freguesia, conforme
representação cartográfica, são os
seguintes:
A Norte:
A delimitação desta fronteira inicia-se pela foz
de linha de água, ribeiro do Sorraia, prolonga-se para
montante a cerca de 200 metros da Cruz de Frei Aleixo, pelo caminho
vicinal que delimita o Casal da Serra, seguindo, de seguida, pelo
mesmo caminho vicinal até à ponte que atravessa,
no sentido Norte-Sul, a ribeira do Sorraia localizando-se esta
ponte a uma distância de 400 m para Poente do Casal dos
Moreiras.
A Sul:
Toda a fronteira do norte da Freguesia da Silveira até
ao Casal do Galego inclusive.
A Poente:
Da foz da ribeira do Sorraia, até ao extremo Norte Atlântico
da Freguesia de Silveira, tendo como fronteira natural o Oceano
Atlântico.
A Nascente:
A fronteira percorre desde a parte referida anteriormente para
Sul por caminho vicinal, interceptando a cerca de 800 metros a
estrada nacional 247 no lugar de Bombardeira, continuando para
Sul por caminho vicinal até ao Casal da Cruz, continuando
mais para Sul, a partir deste lugar, por caminho municipal 1407,
passando por Marco Grande, Casal do Forno.
1. A Comissão Instaladora da
nova freguesia será constituída nos termos e no
prazo previsto no artigo 9º da Lei nº 8/93, de 5 de
Março.
2. Para efeitos do disposto no número
anterior, a Câmara Municipal de Torres Vedras nomeará
uma Comissão Instaladora, constituída por:
A Comissão Instaladora exercerá
as suas funções até à tomada de posse
dos órgãos autárquicos da nova freguesia.
As eleições para a Assembleia
da nova freguesia realizar-se-ão no prazo legal.