Estabelecer ligação com todos os membros do Partido |
Desde sempre, O Militante teve uma especial preocupação com
as questões da organização do Partido. Embora na sua
evolução se tenha tornado uma revista com objectivos variados,
todos eles, porém, voltados para o esclarecimento, a informação
e, principalmente, a formação dos membros do Partido, não
deixou de lado, por isso mesmo, os problemas que a organização
permanentemente coloca ao Partido.
A organização do Partido constitui a sua força principal.
Quando a organização tem muitas deficiências, as dificuldades
do Partido são enormes, a sua influência é reduzida e
a sua acção também. No momento presente podem referir-se
três questões gerais particularmente importantes. Trata-se de
defi- ciências que devemos conhecer e procurar vencer. Trata-se da falta
de ligação com o Partido por parte de muitos dos seus membros.
Trata-se da falta de diálogo e de influência de muitos membros
do Partido em relação aos seus companheiros de trabalho, aos
seus conhecidos e vizinhos, às pessoas com que privam, ou deviam privar.
Trata-se da existência de um nível político e ideológico
pouco elevado de muitos membros do Partido.
São estas três deficiências que importa analisar na base
da experiência que o Partido tem adquirido ao longo do tempo e na situação
actual, que é diferente de outras que temos vivido e que é particularmente
difícil, mas que não impede que se melhore e reforce o Partido,
isto é, qualquer das suas muitas organizações.
Prestar maior atenção à organização e à discussão dos seus problemas
O número de membros do Partido que não tem uma ligação
regular é muito grande. É certo que se têm dado passos,
em muitas organizações, para combater esta situação
e há exemplos de bons e até excelentes resultados. Mas é
necessário compreender que se trata de uma questão muito importante,
que causa grandes dificuldades a qualquer organização e lhe
retira muita força.
É indispensável procurar vencer esta deficiência tão
gravosa para o Partido. É necessário, em todas as organizações
onde tal suceda, conhecer bem quem é membro do Partido, quem é
que tem uma ligação regular e quem é que a não
tem. Isto significa que é preciso, em todas as organizações,
prestar maior atenção à organização e à
discussão dos seus problemas.
Encontrar camaradas dispostos a realizar alguns contactos
Ao mesmo tempo que se vai definindo a situação existente numa
dada organização, é preciso também saber quais
as experiências que têm sido colhidas no sentido de resolver o
contacto regular com os membros dessa organização. Normalmente
a falta de ligação resulta do facto de algum ou alguns camaradas
que resolviam essa tarefa terem deixado de a cumprir e isso pode até
ter sucedido há muito tempo. O que se tem de encarar, em geral, é
encontrar camaradas com alguma dedicação que se disponham a,
pelo menos, realizar alguns contactos, contactos com camaradas que são
seus conhecidos ou que lhes são apresentados.
É diferente um contacto que se pode fazer com um colega, normalmente
conhecido, quando a organização de que se trata é, por
exemplo, uma célula de empresa ou outro local de trabalho, de um contacto
com uma pessoa que não se conhece e que se tem de ir a sua casa para
contactar, como sucede quando se trata de uma célula de local de residência
ou, por vezes, de uma organização de um sector profissional.
No primeiro caso, o contacto é geralmente mais fácil; no segundo
exige-se uma maior disponibilidade, uma melhor compreensão da importância
do contacto. Apesar das diferenças, em qualquer dos casos, com uma
explicação sobre o modo de ac-tuar, uma possível apresentação
e o interesse de fortalecer o Partido com ligações regulares
com todos os membros da organização em que se participa, é
possível conseguir ganhar a boa vontade de alguns camaradas para tomarem
conta de uma tal tarefa
Travar um combate sério, com muita paciência e persistência
A experiência tem mostrado que, mesmo em organizações
que mantêm, durante largos anos, uma elevada percentagem de membros
que não têm qualquer ligação, é possível
travar um combate sério, com muita paciência e persistência,
aproveitando os passos positivos que se vão dando como exemplos que
dão confiança e ajudam ao incitamento a que outros camaradas
também avancem. Avancem, pelo menos para a entrega de documentos do
Partido, convocatórias e outras questões que interessa ao organismo
que dirige a organização fazer chegar a todos os seus membros
e também para o recebimento das quotas de uma forma regular.
Tem interesse referir que camaradas há que, apesar de poderem ter dificuldades
no tratamento de algumas questões, levam muito a peito a sua tarefa
e conseguem contactar um grande número de membros do Partido. E também
importa lembrar que não são poucos os membros do Partido recentemente
recrutados que compreendem que devem ter uma tarefa e aceitam o contacto com
outros camaradas com gosto.
Dividir uma grande organização em organizações mais pequenas
Há organizações que têm largas centenas e até
mais de mil membros, com situações difíceis de acompanhar
ou, pelo menos, de contactar os seus membros todos. Por exemplo, organizações
por residência de algumas freguesias onde é forte a influência
do Partido.
Também a experiência tem apontado para, ante um tão grande
número de membros, se dever começar por dividir uma grande organização
em organizações mais pequenas, por exemplo, com não mais
de 200 camaradas. Porquê? Porque é muito mais difícil
resolver o acompanhamento total dos membros de uma organização
muito grande, partindo de um único organismo. É mais fácil
encontrar um menor número de camaradas capazes de tomarem conta da
tarefa dos contactos referentes a uma organização mais pequena
e, quando se consegue resolver, melhor ou pior, uma dessas partes, que podem
ser definidas por bairros, ou zonas, ou outra divisão adequada, temos
já um exemplo que pode servir para encorajar as outras
partes em que a grande organização foi dividida. É claro
que esta divisão vai levar forçosamente a uma estrutura encabeçada
pela Comissão de Freguesia que diri-
ge o trabalho das diversas Comissões de Bairro ou de Zona.
É claro que estes avanços que se conseguem rea-lizar no que
respeita ao contacto com a globalidade de uma organização não
resolvem todas as questões que essa organização nos coloca.
Pode di-zer-se que se tra
ta simplesmente de resolver uma questão básica, o contacto regular
com os membros do Partido. Que é também uma importante questão
porque o contacto regular ajuda a responder a um dos dois deveres fundamentais
de todos os membros do Partido, o pagamento regular da sua quotização.
Vai ser necessário travar outras lutas contra as demais deficiências
existentes na organização, algumas das quais foram indicadas
no início deste artigo. Ficarão para os próximos números
de O Militante.
«O Militante» - N.º 247 - Julho/Agosto 2000