Reforçar a organização e a intervenção

 

Entrámos no emblemático ano 2000. A situação no mundo neste final de século que se aproxima é particularmente exigente para a intervenção dos partidos comunistas.
Para um partido com a identidade e natureza de classe do PCP, a sua intervenção política, a sua luta em defesa dos interesses dos trabalhadores, das camadas sociais vítimas da política de direita, por uma alternativa de esquerda, pela concretização do seu programa de democracia e socialismo para Portugal, o alargamento da sua influência de massas, assenta essencialmente na organização partidária, no seu grau de estruturação, na iniciativa de cada uma das suas organizações no quadro dos princípios de funcionamento do Partido, no dinamismo dos seus quadros e activistas.
O Partido conta com um grande colectivo ímpar no panorama político nacional, mas para concretizar os seus objectivos precisa de ultrapassar insuficiências e reforçar a sua organização e intervenção, aprofundando as suas raízes na classe operária, nos trabalhadores, no povo português.
Fortalecer os organismos de base

Ao longo dos três anos que nos separam do XV Congresso, com um calendário político muito intenso, particularmente no ultimo ano e meio, foi feito um esforço importante para o fortalecimento do Partido. Persistem no entanto atrasos, insuficiências e problemas que é necessário ultrapassar.
Saímos de uma batalha eleitoral com resultados positivos, entrámos num ano com grandes exigências políticas mas em que é possível concentrar mais atenções na concretização das medidas de reforço da organização associadas à intervenção do Partido.
Neste ano, que culmina com o XVI Congresso, há condições para um novo dinamismo no reforço do Partido, aspecto que o Comité Central na sua reunião de Novembro de 99 assinalou, ao mesmo tempo que apontou algumas orientações prioritárias no reforço orgânico sempre associado à intervenção do Partido e ao aprofundamento da sua ligação às massas, cuja concretização se coloca como importante tarefa do colectivo partidário.
Uma dessas orientações prioritárias é a intensificação dos esforços para o fortalecimento das organizações de base, com a realização entre Janeiro e Abril de um elevado número de Assembleias das organizações de base, o que, para além da dinâmica própria de cada organização, exige em muitos casos a concentração de esforços dos quadros do Partido aos vários níveis. Trata-se de conseguir a realização do maior número possível de Assembleias, que juntem os comunistas de uma dada organização para discutir os problemas e aspirações dos trabalhadores e das populações das áreas onde actuam. Trata-se de definir linhas de intervenção, iniciativas, movimentos e lutas, tomar posição, adoptar medidas de reforço da divulgação das propostas e ideais do Partido e de divulgação do Avante! e da imprensa partidária em geral e proceder à eleição dos respectivos organismos dirigentes.

Melhorar a organização e a intervenção junto dos trabalhadores

Outra orientação prioritária é a concretização de um efectivo plano de acção para o reforço da organização e intervenção do Partido no seio da classe operária e dos trabalhadores em geral, no sentido de ultrapassar graves atrasos existentes. De facto, apesar de alguns passos dados com campanhas de contactos com os trabalhadores, a criação de organismos e a reactivação de algumas células, o nível de intervenção do Partido e principalmente a sua organização e intervenção nos locais de trabalho não responde minimamente às necessidades actuais e coloca sérios problemas no futuro se a situação não se alterar. Impõe-se por isso fazer uma avaliação dos passos dados e da situação actual e definir objectivos, medidas e planos de intervenção, tendo em conta as condições existentes, com criação de estruturas, destacamento de quadros e meios, inserção prioritária dos membros do Partido nas organizações da sua empresa ou sector, associando organização com luta reivindicativa e iniciativa política. Trata-se de prosseguir as acções de contacto com os trabalhadores à porta das empresas com a importância que a experiência demonstra que têm, mas principalmente de assegurar uma intervenção organizada do Partido em cada local de trabalho, dando prioridade às grandes concentrações operárias e de trabalhadores de serviços e tendo em conta a importância dos jovens trabalhadores.
Uma outra orientação importante é o desenvolvimento do trabalho com outros sectores e camadas sociais, em particular junto da juventude, contribuindo para o reforço da JCP e para o aumento da influência do Partido.


Recrutamento, responsabilização, participação, quotização e imprensa

O alargamento do trabalho de recrutamento, com uma maior iniciativa dos membros do Partido em contactos com esse objectivo, acrescentando a militância e iniciativa dos novos membros ao colectivo partidário, é por sua vez indispensável para o rejuvenescimento e reforço de muitos organismos e para a criação de organizações partidárias em locais essenciais em que não existe.
A responsabilização de quadros e o rejuvenescimento de organismos, na base de camaradas que vieram ao Partido e/ou se destacaram, cuidando igualmente da sua formação política e ideológica, constitui também uma tarefa da maior importância.
Uma vasta acção de contacto com os membros do Partido e de apelo à sua participação na vida partidária para a sua integração efectiva em organismos, apuramento de disponibilidades, atribuição de tarefas, pagamento e aumento da respectiva quotização, é outra orientação cuja concretização é necessária em articulação com a realização das Assembleias das organizações de base e com o reforço da organização e intervenção do Partido no seio da classe operária e dos trabalhadores.
A adopção de medidas para uma vasta acção de promoção da difusão do Avante! e de O Militante, do aumento das suas vendas e de um crescente estímulo à sua leitura, no âmbito da campanha nacional que arranca no mês de Fevereiro, constitui uma linha de trabalho que, convergindo com o conjunto das orientações apontadas, pode propiciar uma mais forte presença e afirmação política e ideológica do Partido.

São importantes linhas de intervenção imediata, cuja concretização é essencial para o reforço e afirmação do Partido. Há que pôr mãos à obra. Uma obra de todos e de cada um, para um PCP mais forte e mais influente.

«O Militante» - Nº 244 - Janeiro/Fevereiro 2000