Máximas e reflexões da guerra
Porque a paz não é ausência de guerra, mas força que nasce da firmeza de ânimo.
Espinosa, Tratado político, cap. V, § (1677).
Que as secções da Associação Internacional dos Trabalhadores em todos os países chamem as classes operárias à acção. Se elas esquecerem o seu dever, se permanecerem passivas, a terrível guerra actual apenas será a precursora de conflitos internacionais ainda mais mortíferos, e levará em cada nação a um triunfo renovado, sobre o operário, dos senhores da espada, da terra e do capital.
Marx, A guerra civil em França (1870).
(...) invocaremos ainda um testemunho a favor da mudança da quantidade em qualidade: Napoleão. Eis como ele descreve o combate da cavalaria francesa mal equipada, mas disciplinada, contra os Mamelucos, incontestavelmente a melhor cavalaria desse tempo no combate singular, mas indisciplinada:
Engels, Anti-Dühring (1877).
Toda a história da guerra se torna compreensível se se regressar aos seus fundamentos económicos. Ela evapora-se em romance histórico se, pelo contrário, se pretender fazer do maior ou menor 'génio' dos generais a alavanca que a move.
F. Mehring, A lenda de Lessing (1893).
O carácter da guerra (seja ela reaccionária ou revolucionária) não depende de quem atacou nem de qual o país em que se encontra o 'inimigo', mas de qual a classe que conduz a guerra, de qual a política de que essa guerra é a continuação.
Lénine, A revolução proletária e o renegado Kautsky (1918).
Lucros de guerra! Esta expressão, só por si, é um julgamento de toda a ordem social, além de ser a palavra de ordem de um Estado capitalista.
H. Barbusse, Luz no abismo (1920).
A grande Cartago conduziu três guerras. Ainda ficou poderosa depois da primeira, ainda habitável depois da segunda. Já não se sabia onde ficava depois da terceira.
Brecht, Carta aberta aos artistas e escritores alemães (1951).
Na tragédia jugoslava tem havido tantas agressões, quer abertas, quer ocultas, de forças externas mais ainda do que de internas, que identificar um só agressor seria uma tomada de posição unilateral (...) As tendências para a dissolução da Jugoslávia tornaram-se visíveis, primeiro, na Eslovénia (...) Não está claro por que é que Hans Dietrich Genscher [ministro alemão dos Negócios Estrangeiros nesse período] fez uma tão abrupta viragem na política alemã para a Jugoslávia.
Z. Constantinovic, Orientação sobre os Balcãs (1994).
«O Militante» Nº 241 - Julho / Agosto - 1999