7º Encontro Nacional da Juventude
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Ana Lourido
Membro da Direcção Nacional da JCP |
Desta vez é que é! E assim foi.
Passados quatro anos desde o último Encontro, retomou-se a ideia de realizar o 7º Encontro Nacional de Juventude. Por parte da Secretaria de Estado da Juventude que se havia comprometido a apoiar o Encontro, denotou-se um completo desinteresse que comprometeu o movimento associativo e não reconheceu a devida importância política de um Encontro desta natureza e dimensão. Decerto, um Encontro único como é o Encontro Nacional de Juventude, que junta associações sociais, culturais e desportivas, recreativas, académicas, artísticas, ambientalistas, associações de estudantes e muitas outras de todo o País, merecia mais respeito e mais empenhamento por parte de um organismo do Governo que se diz responsável por dinamizar e apoiar o movimento associativo a nível nacional!
Porém, o Conselho Nacional de Juventude não baixou os braços. Formou-se uma Comissão Organizadora e deu-se início a uma longa fase preparatória do Encontro.
Declarada a necessidade de um espaço que chamasse associações de todo o País ao debate e confronto de ideias, à união em torno de causas comuns e aspirações da juventude, perto de 600 participantes de mais de uma centena de organizações reunidas em Tróia, no fim-de-semana de 14, 15 e 16 de Maio, levantaram a sua voz mais alto fazendo ouvir as suas críticas e reivindicações.
Áreas como o emprego, a educação, a sociedade e cooperação, foram algumas temáticas abordadas nos dias do Encontro, de onde saíram conclusões com ideias e exigências específicas como a defesa da educação pública, gratuita e de qualidade, o reconhecimento das dificuldades do movimento associativo e da falta de apoios, condenou-se o “pacote laboral” e a precariedade do emprego.
Quinze foram as moções aprovadas em plenário, referentes a temas como a educação para a cidadania e o apelo ao voto, a importância do 25 de Abril e do 1º de Maio, o trabalho infantil. Timor mereceu uma atenção especial, com reivindicações concretas pela libertação dos presos políticos e de Xanana Gusmão, pelo desarmamento das milícias e retirada das tropas indonésias do território de Timor, pela intervenção da ONU.
Também o Sahara Ocidental foi alvo de uma moção aprovada com vista à sua auto-determinação, e Cuba com a condenação do bloqueio norte-americano. O Encontro aprovou também em moção uma solução política e de paz para o conflito na Jugoslávia, a retirada de Portugal da guerra e a condenação da intervenção da NATO.
Contrariando a ideia generalizada, e que muitos pretendem fazer passar, sobre o desinteresse dos jovens pelas questões sociais, económicas e políticas, jovens de todo o País, sob o lema “Afirma o futuro! Viver os direitos, participar na liberdade”, demonstraram o seu interesse em luta pela construção de uma sociedade mais justa e solidarária, respeitadora dos direitos humanos, dos direitos à educação, ao emprego com direitos, à saúde, à paz. O direito a viver com dignidade, a viver os sonhos, a “participar na liberdade”.
A delegação da JCP também esteve presente, mostrando grande empenhamento, discutindo ideias e participando nos debates de forma crítica e construtiva e ajudando, também, a fazer do Encontro um espaço de convívio e confraternização.
As noites transformaram-se em grandes festas comemorativas dos 25 anos do 25 de Abril e dos 50 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos, de solidariedade com os povos de Timor-Leste e do Sahara Ocidental.
O Encontro e as associações saíram reforçados com ideias, críticas e reivindicações concretas sobre a realidade social, económica e política, nacional e internacional, para a juventude.
É, assim, de extrema importância valorizar, incentivar e participar nestes Encontros que, pelas características que apresentam, se tornam espaços privilegiados de convívio e troca de ideias, onde se conhecem diferentes realidades associativas, num espírito de unidade e acesa luta política por direitos e interesses dos jovens, que se vêem confrontados com problemas reais e que lutam pelos seus sonhos e por um futuro melhor.
«O Militante» Nº 241 - Julho / Agosto - 1999