Os jovens, o Verão e a Festa do Avante!
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Elsa Paixão
Membro da Comissão Política da JCP |
Começou o Verão, o calor, a festa e a folia.
Férias, dias de descanso, onde as horas não passam e os relógios tornam-se adereços das gavetas. Agora já não é preciso pôr o despertador a tocar às 7 horas da manhã para apanhar o autocarro.
Depois da vigaem que se fez até uma das muitas terras à beira mar plantadas, acordam por volta das duas da tarde e comem um "almoço alancharado", não se pode encher o bandulho pois ainda lhes espera um longo dia de sol, de mar, de areia e de "bronze", pois só assim se consegue refrescar. Deita-se tudo para trás das costas, não esquecendo o bronzeador, e começam mais umas férias de Verão.
É óbvio que a variedade de locais e festivais, que existem e acontecem de Norte a Sul do País, é muito grande. Tem-se a Zambujeira do Mar, o Paredes de Coura, o Super Bock Super Bock, é só escolher.
Corre-se o País de Norte a Sul, enchem-se os ouvidos de música, vê-se muita gente, muita bebida, muita comida, pouco dinheiro para gastar e não se aprende nada de novo. No final os comentários são os do costume, do género: "só gostei de um concerto!", "estava à espera de outra coisa!", "é só isto?", ou então: "já acabou?".
A Festa do Avante!
Até que, pela primeira vez na vida, se tem a experiência de ir à maior festa que se realiza no País, onde a música não é cabeça de cartaz para quem lá vai, onde o contacto com as pessoas, culturas e raças é uma constante, onde os valores sociais são respeitados e o valor humano tem importância. Não esquecendo que é uma Festa onde não nos põem as mãos nos bolsos.
Uma Festa construída, desde o primeiro prumo até à última decoração, por mulheres, homens e jovens, unidos por um só sonho, uma só voz, uma só vontade e um só ideal.
Afirmo com toda a certeza, e ponho mesmo as mãos no lume, que quem lá vai uma vez não falta a mais nenhuma. Assim que passamos pelo portão principal é como se entrássemos num mundo à parte. A Festa do Avante! dá-nos a faculdade do saber e do conhecer. A Festa do Avante! alimenta-nos com a oportunidade que nos é facultada de contactarmos com outras gentes, outros estilos, outros sabores, outros dizeres e outros saberes, é o conhecimento profundo de uma história, de uma luta, é um encontro entre gerações.
Na troca de experiências enriquecemos e contribuímos para o enriquecimento de outros.
É claro, e não podia deixar de referir aqui, que esta Festa está cheia de jovens, cada vez mais é um espaço juvenil e construído pelos mesmos. É um espaço de encontros marcados e amizades que ficam de ano para ano.
A união existente, os valores defendidos, o espírito da Festa do Avante! e das pessoas que a fazem, são a forma de criar um espaço em que valores como a Solidariedade e a Fraternidade se encontram em cada esquina. São todos estes aspectos, camaradas, que nenhuma organização dos festivais de verão conseguirá igualar.
Cada vez mais é necessário sentir, cheirar, ver, saborear viver a Festa do Avante!. Aprender a viver e a crescer, a lutar e a agir. Não importa a grandeza dos materiais, mas sim as mãos que os utilizam.
Por último, só quero concluir que não há Festa como esta!
Que viva a Festa do Avante!
«O Militante» Nº 241 - Julho / Agosto - 1999