A organização e os períodos eleitorais
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Jerónimo de Sousa Membro da Comissão Política |
Conhecidos os resultados das eleições para o Parlamento Europeu é evidente que a abstenção atingiu todas as forças políticas.
Há razões que explicam essa situação. Há um grande desconhecimento do que é o Parlamento Europeu e da sua importância para o País, é grande o descrédito da participação da maioria dos eurodeputados eleitos e não atrai a forma como se desenvolveu, uma vez mais, a propaganda eleitoral por parte do PS, do PSD e do PP e, em particular, dos seus cabeças de lista. Razões que repercutem no eleitorado e também atingem potenciais eleitores da CDU.
Mas há outras razões, mais ligadas às nossas próprias deficiências e, entre estas, ressaltam diversas deficiências orgânicas.
Há que ter mais atenção com a organização que une os membros do Partido. Há que ter mais cuidado com o reforço destes laços, com o fortalecimento orgânico do Partido.
Agora que nos temos de voltar para outras batalhas políticas, em particular, para as eleições para a Assembleia da República, será importante fazer a seguinte pergunta:
Que se fez organicamente
no período eleitoral do PE?
Que balanço se pode fazer, em cada organização do Partido, em relação ao seu reforço (e ao reforço da CDU) durante o mês de Maio e a primeira metade do mês de Junho?
Soubemos aproveitar o interesse pelas eleições europeias para conhecermos melhor a organização, para atrairmos às reuniões camaradas que não costumam aparecer, para contactarmos membros do Partido com quem não há uma ligação política regular, para recrutar novos membros do Partido, para convidarmos simpatizantes do Partido ou apoiantes da CDU em geral para reuniões em que se discutissem a actividade e o alargamento da CDU, para a mobilização de mais camaradas e apoiantes da CDU nas muito variadas acções de propaganda e de esclarecimento a efectuar e para progredir na organização e intervenção junto da classe operária e dos trabalhadores em geral?
E, também, para uma maior recolha de fundos integrada na Campanha Nacional? E, ainda, para uma maior divulgação e venda da imprensa do Partido, do Avante! e de O Militante?
Uma grande série de perguntas a que talvez só faltem as questões orgânicas tão importantes da formação dos quadros e do reforço da estrutura orgânica e a questão fundamental do aprofundamento da ligação do Partido ao meio onde se insere.
Reforçar o Partido no próximo período eleitoral
É certo que se poderá dizer que as eleições para o PE não provocaram um interesse muito grande. Mas exactamente isso obriga-nos a esclarecer a sua própria importância e, neste ano, a sua natural repercussão nas eleições legislativas.
Também é certo que o período entre as duas eleições é muito dominado por férias. Por isso vai ser necessário aproveitar bem todo o tempo que for possível e, particularmente, o período logo após a Festa do Avante!
Para quê? Para, ao mesmo tempo que se trabalha no reforço da organização, procurar voltá-la, mais e mais, para o exterior, para o diálogo com os companheiros de trabalho, os vizinhos, os amigos e conhecidos, para o esclarecimento político da importância muito grande das próximas eleições e do voto na CDU. Em traços muito gerais, para a defesa dos direitos e das reivindicações dos trabalhadores e das camadas desfavorecidas em geral, para contrariar a política de direita (do PS e do PSD) e de apoio mais que descarado aos grandes senhores do capital, para lutar contra a submissão aos interesses e aos objectivos do imperialismo, que recorre aos maiores horrores para dominar o mundo.
O reforço da organização é muito necessário
Com a experiência colhida no último período eleitoral, devemos procurar ir mais longe no reforço orgânico, indispensável para melhorar a actividade do Partido, a sua implantação e a sua influência.
O reforço orgânico tem, como já vimos, muitos aspectos. Temos de conhecer melhor os quadros, responsabilizando-os e acompanhando-os de modo a ajudar à sua constante formação. Os passos que se derem a este respeito vão permitir fortalecer e ampliar a estrutura da organização, que é uma base fundamental para o reforço orgânico. Uma estrutura mais capaz, que exige, normalmente, a criação de novos organismos, está em melhores condições para elevar o número de camaradas verdadeiramente organizados, através de reuniões ou de contactos políticos regulares, para aprofundar o conhecimento da organização e para a alargar com novos recrutamentos. Interessa também conseguir a participação de simpatizantes e apoiantes da CDU em geral quer em reuniões quer nas acções de esclarecimento e de propaganda.
É também necessário prosseguir a Campanha Nacional de Fundos, procurando, por um lado, obter boas contribuições da parte daqueles que as podem dar e, por outro lado, alargando-a o mais possível a todos os que pensam e sentem que é necessário alcançar um bom resultado eleitoral da CDU. E uma maior divulgação da imprensa do PCP é indispensável para ajudar ao esclarecimento, para elevar o nível político e ideológico dos membros do Partido e, também, de todos os que apoiam a CDU.
Saibamos aproveitar o interesse que as eleições suscitam para discutir e levar à prática medidas de diversa natureza que reforcem a organização e a liguem mais profundamente à sua área de influência e aos seus problemas.
Homenagem a António Santo
António Santo nasceu em Torres Novas em 1928, foi serralheiro mecânico e dirigente do MUD Juvenil no Ribatejo, tornou-se membro do Partido em 1950, seu funcionário em 1959 e membro do Comité Central em 1974 (até 1988). Foi preso duas vezes tendo passado nas cadeias do fascismo mais de 12 anos. Faleceu em 18 de Abril último.
António Santo era membro da Direcção da Organização do Sul em 1974 e teve um papel de particular relevo na abertura do primeiro Centro de Trabalho do PCP, no Barreiro, em 30 de Abril daquele ano. Membro da Direcção da Organização Regional de Setúbal durante alguns anos e, depois, da DOR Beira Litoral, foi, durante largo tempo, também membro da Comissão Central de Organização.
Ultimamente, fazia parte da Direcção da Organização para a Emigração e era um ajudante, constante, incansável e precioso, de O Militante, sendo responsável pelo seu pavilhão na Festa do Avante!
Nesta singela homenagem que O Militante lhe presta é indispensável dar saliência à sua grande modéstia e à sua forte dedicação.
«O Militante» Nº 241 - Julho / Agosto - 1999