Opiniões sobre os ex-comunistas



É natural que surjam opiniões diferentes sobre aqueles que se afastaram do PCP e foram para o PS e até, por isso, encontraram alguns "tachos" interessantes.
Luís Filipe Madeira
, deputado do PS que se afastou da Assembleia da República em virtude da posição ambígua do PS sobre a regionalização, numa entrevista ao Expresso (13.3.99), critica algumas opções de Guterres e a candidatura de Mário Soares mas refere que vê as adesões de ex-comunistas ao PS "positivamente" e acrescenta: "São em regra políticos de boa qualidade, e por isso são bem-vindos". Entretanto considera que a ascenção de alguns deles a cargos directivos pode gerar conflitos, "se for excessivo".
Já o jornalista António Rego Chaves tem uma posição muito diferente:
"Em toda esta história dos 9714 jobs for the boys só há duas coisas que ainda incomodam. A primeira é que se continue a usar a expressão inglesa, posta em voga por António Guterres, havendo outras bem mais elucidativas na nossa língua - «tachos para a malta», por exemplo, não soaria melhor? A segunda é mais triste: refiro-me à questão dos ex-comunistas que se esgueiraram, quase sem ninguém dar por isso, para dentro da panela da sopa oferecida pelo PS e que vão devorando as suas lentilhas com sofreguidão, a grandes colheradas. Em nome do seu passado, poderiam ter um mínimo de pudor, pelo menos não se conformando, tal como fazem os autodenominados «socialistas», com o monoteísmo de mercado e a existência de exploradores e explorados. Mas não, lá vão enchendo os olhos e as barrigas, explicando que, se é certo que há muita gente com fome, «assim como assim ainda há muita gente que come». Resumindo, senhores: tudo isto é mesmo um nojo."
«O Militante» Nº 240 - Maio / Junho - 1999