Foi a certeza de um grande Congresso

Mário Rui Peixoto
Membro da Comissão Política da Direcção Nacional da JCP


É no seio de uma organização marxista-leninista, resistente, combativa e revolucionária, onde predomina a consciência de que é preciso intervir numa sociedade injusta transformando-a, que se constata a posse de um valor inigualável, a mais justa e digna força motora a que o homem se pode entregar, a arma em cada braço para a transformação do mundo e da vida: a militância.
A militância, sendo o pilar fundamental para toda a actividade, organização e acção de uma organização comunista, é, no caso do PCP e da organização revolucionária para a juventude portuguesa, a JCP, um património histórico extraordinariamente rico que acompanha e se reflecte em todo o progresso, luta, conquistas e modificações da juventude portuguesa e do povo em geral ao longo da história.
Sendo fruto de ideais, de convicções e do reconhecimento e apego pela necessidade de transformar o estado actual das coisas e pela construção do socialismo e do comunismo, a militância sente-se em cada jovem comunista que, com a sua força e determinação, contribui, em colectivo, para todo o trabalho e reforço da juventude comunista portuguesa.
Um grande exemplo concreto desse trabalho e reforço foi e continuará a ser o 6º Congresso da JCP e toda a sua fase de preparação.


Seis meses de preparação

No período de tempo entre a reunião da Direcção Nacional da JCP, que decorreu nos dias 26 e 27 de Setembro de 98, onde esta marcou o 6º Congresso, até aos próprios dias 27 e 28 de Março de 99, a JCP abraçou uma tarefa revolucionária e extremamente audaz.
Foi assim, com a vontade de reunir o órgão máximo da organização, para que depois se pudesse intervir de melhor maneira junto da juventude com uma orientação clara, forte e comum, para que se pudesse analisar a realidade e delinear as linhas gerais de orientação que passariam a coser a JCP nos três anos seguintes, assim como para eleger a nova Direcção Nacional da JCP, responsável por levar a cabo as deliberações do Congresso, que toda a JCP se empenhou nessa tarefa, em preparar o seu congresso, em empunhar a arma que agora proporciona a nossa luta.
Foram 6 meses de organização, discussão, formação, reforço, afirmação, convívio, luta e construção, que mostram pela prática que somos a diferença.
Foram seis meses nos quais nos organizámos de maneira a criar a dinâmica necessária para que o Congresso e tudo o que este acarreta fosse possível.
Passaram-se 6 meses de discussão dos documentos que, aprovados pelo 6º Congresso, nos orientam hoje: “Organização revolucionária para a juventude”, que se lança numa análise ao mundo e ao envolvimento da juventude no mesmo; “Uma política de esquerda para a juventude portuguesa”, que apresenta as propostas da JCP para uma viragem à esquerda na política para a juventude.
Os militantes, nos colectivos e organismos onde participam, puderam debater, discutir e apresentar propostas de alteração aos dois documentos. De toda a discussão e das centenas de alterações surgiram dois documentos, a maneira de pensar e de ser da JCP, repleta de criatividade, acção e vontade, embebida na realidade revolucionária dos militantes e colectivos de escolas do ensino secundário da JCP, de colectivos de universidades, de concelhos e freguesias, de jovens trabalhadores comunistas e organismos coordenadores e dinamizadores do trabalho da JCP, que deram assim o contributo fundamental para o nosso 6º Congresso, contributos provenientes de opiniões e sentimentos que se transformaram numa opinião geral e colectiva de todos os jovens comunistas portugueses que confiam agora no que são: a JCP em luta pelo futuro!
Foram seis meses de debates temáticos em todas as organizações da JCP, sobre os mais variados temas, da actualidade do ideal comunista até às questões da política educativa, passando pelas questões da toxicodependência ou da Defesa Nacional, de maneira a potenciar a discussão e a formação político-ideológica dos militantes e, assim, o reforço da JCP e dos seus quadros.
Seis meses de reforço de toda a JCP, não só num plano da formação dos quadros, mas também num plano do avanço no conhecimento e aprofundamento de inúmeras discussões temáticas que tiveram lugar no seio da organização, aprofundamento este que contribuiu de maneira fundamental para a maneira de pensar de toda a JCP.
Assistindo-se à criação de inúmeros novos colectivos da JCP, o reforço passou também pelo empenho dedicado dos militantes que, conscientes de que sem a sua militância nada se passa, agarraram a campanha de recrutamentos e de fundos do 6º Congresso da JCP. Assim, nas escolas, nas ruas e locais de trabalho, os jovens militantes comunistas reforçaram a sua organização com mais de 1000 novos militantes que foram enquadrados na própria dinâmica de preparação do Congresso e em toda a acção, organização e luta da JCP, e com a recolha de fundos que continuará até ao dia da Liberdade.
Foram seis meses de afirmação do 6º Congresso e da JCP, das nossas propostas e ideias junto da juventude portuguesa.
Foram colocados pendões, cartazes, mupis, faixas e panos, foram realizados murais, bancas, distribuições de documentos, contactos com estudantes e associações, fizeram-se iniciativas: convívios, debates, simples conversas com os copos na mão, iniciativas de afirmação, etc.. Mostrando aos jovens portugueses o que somos e o que queremos, a prática afirmou que somos a organização revolucionária de e para a juventude, que defendemos direitos, interesses e aspirações dos jovens e lutamos contra tudo e todos que atentam contra eles e que dizem que o comunismo morreu e que a juventude só tem o capitalismo como escolha, que os tenta mergulhar na apatia e no conformismo.
Afirmámo-nos comunistas e mostrámos que íamos e como íamos realizar o nosso 6º Congresso, mostrando que a JCP está com a juventude e a juventude com a JCP, convidando cada vez mais jovens a juntarem-se a esta luta necessária, difícil, mas apaixonante!
Realizaram-se inúmeras iniciativas de convívio no âmbito do Congresso, que contaram sempre com muita alegria e solidariedade, potenciando a militância que então se revela a mais bonita das coisas já vistas na luta pela liberdade e felicidade. O fio de vontade consciente ao colocar cada pano ou cada mesa pela construção do nosso sonho.
A fase de preparação do Congresso foi também um momento de luta intensa pela transformação da sociedade, onde a análise feita à juventude refuta a ideia de que esta é uma camada amorfa, apática e sem vida, mostrando que, por outra vertente, a juventude identifica-se e move-se por ideias, necessidades, aspira e luta por uma vida melhor. O Congresso dos jovens comunistas portugueses aparece, assim, indissociável das transformações da sociedade nos anos que se têm passado e, portanto, das lutas dos jovens por uma sociedade que dê resposta aos seus direitos, aspirações e interesses.
E porque construir é preciso, foram muitos os militantes que na semana antes do primeiro dia de Congresso se deslocaram à escola C+S António da Costa, em Almada, para transformar o local onde por dois dias cerca de 1000 jovens comunistas iam reunir o seu órgão máximo. De um pavilhão sem cor nem sentimento, os comunistas construíram o sítio do nosso congresso, vermelho, agora fixo na mente de quem o viu. Com a sua militância dedicada, com a tarefa de organização do Congresso decorrente. E porque o ideal e a prática que nos faz militar na JCP leva-nos a meter mãos à obra quando é necessário, foram também os militantes da JCP que desmontaram o local do Congresso nos dias seguintes.


Um grande Congresso

Todo o 6º Congresso da juventude comunista portuguesa foi cheio de tudo, envolto em inúmeras certezas e condições, onde a todo o tempo a linda militância pela construção do comunismo brotava de cada braço jovem mostrando o que somos e o que é um grande congresso comunista. Demonstrámos claramente a capacidade de criação e de mobilização da JCP, a nossa organização tal como ela é e a dinâmica e capacidade realizadora deste grande colectivo de todos os jovens comunistas portugueses. Foi portanto toda a JCP, aquando da realização do Congresso que se empenhou e se potenciou de tal forma que se reforçou a todos os níveis preparando-se e fortalecendo-se para as lutas que nos esperam e, certamente, para a preparação e construção de mais congressos no nosso futuro. Futuro este pelo qual todos os comunistas se batem e pelo qual a JCP está em luta.
«O Militante» Nº 240 - Maio / Junho - 1999