Seixal - A reorganização da célula
dos trabalhadores da Câmara

Zózimo Amado
Membro da DORS
e da Comissão Concelhia do Seixal

A célula dos trabalhadores comunistas da Câmara Municipal do Seixal, com mais de 300 militantes, na altura em que realizou a sua VII Assembleia, em 1995, encontrava-se com uma actividade reduzida.

De um secretariado eleito, composto por 15 camaradas, restavam apenas quatro e uma grande inércia trespassava toda a célula, impedindo uma intervenção regular, dinâmica e mobilizadora dos comunistas no seu local de trabalho.

Em determinadas situações, realizava-se um plenário de célula, mobilizavam-se camaradas para tarefas na Festa do Avante!, campanhas eleitorais e para outras iniciativas, a que a célula foi dando resposta mas sempre com carácter pontual. Várias razões estarão certamente na origem da desmotivação dos militantes em participarem na vida regular do Partido.

De há muito tempo que se vinha discutindo a necessidade de se dar mais atenção às questões da Organização.

Mas, por dificuldades gerais, quanto a aspectos de Direcção e Quadros e por causa das sucessivas batalhas eleitorais em que o Partido esteve envolvido, não foi possível atalhar desde logo.

Algumas medidas para melhorar a Organização no concelho

No seguimento das conclusões da reunião do Comité Central de 14 e 15 de Fevereiro, a DORS e, no caso concreto, a Comissão Con- celhia do Seixal, decidiu um conjunto de medidas e direcções de trabalho, no sentido de melhorar o acompanhamento, a ligação às empresas e aos locais de trabalho, dinamizando o funcionamento das células já existentes e procurando constituir outras.

Foram traçadas prioridades e cooptados camaradas para a Comissão Concelhia.

Foi constituído um Organismo Intermédio de Direcção para o acompanhamento das células existentes, com um funcionamento quinzenal.

Avançou-se ainda para a constituição de um Organismo de Coordenação do Trabalho Sindical e das Comissões de Trabalhadores. Quanto à célula dos trabalhadores da Câmara Municipal do Seixal, sendo directamente acompanhada a partir do executivo da Comissão Concelhia, iniciou-se o trabalho em Março.

Meteu-se «mãos à obra», falou-se individualmente com os quatro camaradas que constituíam o anterior secretariado, que, desde logo, se disponibilizaram para continuar.

Foi traçado um plano de trabalho e de objectivos orgânicos a atingir, dividido em três fases. A primeira fase até à VIII Assembleia da Organização da célula, que ficou marcada para 7 de Junho. A segunda fase até à Assembleia da Organização Concelhia, realizada em Novembro. E finalmente a terceira fase até ao final do ano.

A primeira fase

Logo na primeira fase foram efectuadas 96 conversas individuais e, em Maio, o secretariado já era composto por 12 camaradas, todos com tarefas distribuídas. Logo de seguida efectuou-se um levantamento à situação da Câmara, que afinal era pouco conhecida, acerca do número de trabalhadores existentes, locais de trabalho e comunistas por local de trabalho.

Obtidos os dados relativamente ao número de trabalhadores na Câmara (1188) e ao número de locais de trabalho (48), distribuídos por várias freguesias, iniciou-se a reestruturação da célula, constituindo vários núcleos que começaram de imediato a funcionar.

Quando se procedeu ao levantamento dos militantes e depois ao contacto individual e ao preenchimento da ficha de actualização de dados, constatou-se que muitos deles não eram contactados há 7, 8 e até 10 anos.

Até à Assembleia foram contactados mais de 70% dos militantes, todos se mostrando disponíveis para continuar e ter tarefas, de acordo, naturalmente, com as suas possibilidades, assim como para actualizarem a sua quotização.

A venda do Avante! passou de 24 para 43 e a de O Militante de 11 para 17, sendo a sua distribuição e venda feita pelo secretariado.

Dado que a célula não tinha um funcionamento regular, existia uma elevada conta há muito em aberto. Até à Assembleia foi totalmente regularizada, pagando-se mais de 700 contos de dívidas e recolhendo-se mais de 160 contos de quotizações em atraso.

Durante este período efectuaram-se 11 reuniões do secretariado da célula. Foram realizados quatro Plenários de célula e houve 10 reuniões de núcleos.

A célula teve, também neste período, uma boa presença no Plenário Distrital de Quadros, nas comemorações do 25 de Abril e 1º de Maio, onde, para além de uma grande participação combativa com a presença de várias faixas, foram mobilizados um grupo coral e duas equipas desportivas, ambas em representação dos Serviços Sociais.

Em relação ao recrutamento, para uma meta de dez até ao final do ano, que os camaradas achavam difícil de atingir, passou-se um episódio digno de registo. Numa reunião do secretariado, onde se discutia o recrutamento, foi efectuado um levantamento de nomes de trabalhadores e lançado um desafio aos 12 camaradas presentes na reunião: que cada um deles levasse uma ficha de inscrição e procurasse recrutar um camarada. Quando, na reunião seguinte, se foi fazer o controlo de execução, havia 10 propostas de novos militantes para avalizar, o que deu um grande estímulo e confiança ao colectivo para continuar a desenvolver o trabalho.

Até à Assembleia já se tinham vendido 106 EPs, com o dinheiro entregue. Foi dada uma entrevista ao Avante!, que serviu como factor de divulgação junto dos outros trabalhadores.

No que se refere à elaboração da proposta de novo secretariado da célula, a apresentar na Assembleia, foi feito um levantamento de 50 nomes.

A Assembleia contou com a participação de 78 membros da célula do Partido, tendo sido eleito um secretariado composto por 23 camaradas.

A segunda fase

Na segunda fase, de 8/6 a 22/11/98 (que abrangeu o período de férias), reuniu o novo secretariado, para definir a sua estruturação e distribuição de tarefas. Para além dos 23 camaradas do secretariado, elegeu-se um executivo composto por 11 e passou-se ao trabalho de constituir os respectivos núcleos.

Todos os camaradas do secretariado ficaram com tarefas e responsabilidades.

Com o início das jornadas de trabalho na Festa do Avante!, foi promovido um almoço de convívio, estando presentes 53 camaradas.

Também por iniciativa da célula, realizou-se uma sessão de fados, com mais de 250 pessoas.

Como a célula tinha uma meta de 400 EPs, foram redistribuídas as EPs a 30 camaradas, sendo o controle feito semanalmente.

Durante este período, realizaram-se 17 reuniões do executivo da célula e 7 reuniões do secretariado. Efectuaram-se 13 reuniões de núcleos. Realizou-se ainda, uma reunião de Quadro Técnicos, dois Plenários descentralizados e um Plenário sobre a Regionalização.

Foram feitos mais 6 recrutamentos. Receberam-se aproximadamente 300 contos de quotização e venderam-se mais 488 EPs e 50 programas da Festa, tendo a célula dado um valioso contributo na sua promoção e divulgação, nomeadamente nas várias provas desportivas no concelho. O mesmo aconteceu em relação às várias campanhas, nomeadamente, contra o Pacote Laboral e em defesa da regionalização. Mais de 90% dos militantes estão contactados e com cartão entregue.

Finalmente, foram distribuídas convocatórias a todos os militantes do Partido para participarem no Plenário para eleição dos delegados à VII Assembleia da Organização Concelhia, estando presentes 97 camaradas.

Nesta Assembleia, verificou-se não só um elevado número de camaradas como também de intervenções.

Dos 20 delegados eleitos pela célula, onze eram do secretariado (6 do executivo) e 9 eram representantes dos núcleos; 55% dos delegados eram mulheres.

A terceira fase

Iniciámos agora a terceira fase. O trabalho desenvolvido até à data é positivo, mas ainda persistem insuficiências no trabalho de direcção. Por exemplo, a falta de participação regular de alguns camaradas do executivo e do secretariado, originando deficiências nas ligações executivo/secretariado e secretariado/núcleos. Em virtude disso não se conseguiu ainda reunir todos os núcleos.

Mas, com entusiasmo, determinação e confiança, “unidos na acção e firmes nos princípios”, estamos empenhados em vencer os obstáculos que se nos deparam no dia-a-dia.

Como uma prova do que afirmamos, referimos a contribuição da célula para a formação da lista concorrente às eleições para a Comissão Sindical, em que se procurou encontrar, entre militantes e independentes, homens, mulheres e jovens capazes e disponíveis de assumir com dignidade e firmeza esta responsabilidade.

Deve salientar-se também o empenhamento da célula no sentido de que os comunistas sejam os primeiros a dar o exemplo, no dia-a-dia, nos plená- rios de trabalhadores e outras iniciativas, de modo a que sejam sempre um ponto de referência para os outros trabalhadores.

Os resultados são visíveis e no último plenário de trabalhadores, convocado pela Comissão Sindical para decidir sobre a manifestação de 25 de Novembro, houve uma grande participação de trabalhadores e já se registaram mais intervenções.

Daí concluirmos que quando são tomadas medidas acompanhadas pelo esforço colectivo, os ganhos são visíveis.
«O Militante» Nº 238 - Janeiro / Fevereiro - 1999