Necessário debater as questões orgânicas
Nas reuniões regulares que se realizam nos mais diversos organismos do Partido têm de se debater muito diferentes questões.
Questões práticas e teóricas
É natural que se troquem ideias sobre os problemas concretos que mais preocupam o colectivo que está a reunir, problemas que podem ser de nível local (por exemplo, a situação existente na empresa onde se trabalha ou no bairro onde se vive) ou de área mais ampla, como de um sector ou camada social, de um concelho ou de uma região, do todo nacional ou até de assuntos internacionais.
Podem igualmente debater-se não propriamente questões concretas mas temas mais gerais, com maior pendor teórico, quer de ordem política, ou económica, ou social, ou filosófica ou outra qualquer.
Em todas as discussões há decerto opiniões comuns mas também há opiniões diferentes e, por vezes, muito diferentes. Mas são exactamente essas diferenças que enriquecem a troca de opiniões e ajudam à nossa compreesão e à nossa evolução.
Questões da actividade partidária
Uma outra ordem de coisas que se devem discutir relaciona-se com a acção dos camaradas, com a actividade do Partido. É natural que se troquem opiniões sobre a forma como os comunistas lidam com os companheiros de trabalho, os vizinhos, os amigos e conhecidos e como, de uma forma sã e compreensiva, exercem influência à sua volta.
Trata-se de uma questão muito importante. É a ligação e a influência que os membros do Partido têm junto dos outros, dos não comunistas, que aprofunda a nossa inserção na área de actividade de cada organização.
E é essa inserção que nos permite levar por diante, com o apoio dos que nos rodeiam, as acções que se discutiram e assentaram na reunião do colectivo de que fazemos parte.
Interesses diferentes
Não nos podemos admirar por haver membros do Partido que se interessam mais pelas questões práticas, outros pelas questões mais teóricas e outros simplesmente pela acção, e até somente pelas tarefas práticas que a organização tem de realizar, por vezes, com frequência.
Esta diferença de interesses chega, por vezes, a níveis, que se torna aconselhável realizar reuniões separadas com aqueles que só querem tratar do que se tem que fazer e com os que gostam especialmente de expor e de ouvir considerações quer, por exemplo, de ordem política quer de análise da situação que se vive no local de trabalho ou de habitação.
Há membros do Partido que se recusam a assistir às reuniões normais, mas aceitam muito bem uma reunião para ver como melhor se pode realizar um determinado trabalho concreto.
A questão da organização do Partido
Tudo o que se escreveu antes pretende lembrar ou recapitular o que se pode e deve debater nas reuniões regulares do Partido e mesmo com os camaradas com que reunimos individualmente.
Mas falta uma questão muito importante que tem de ser discutida nos mais diversos organismos e mesmo individualmente. É a questão da organização do Partido.
Porquê é tão importante essa discussão? Porque, como tem sido dito e escrito muitas vezes, a organização do Partido é a sua arma fundamental. As suas características positivas dão força ao Partido; as suas características negativas fazem perder a força do Partido.
Por isso, não é exagero pensar nem difícil de dizer que muitas das nossas dificuldades e deficiências estão ligadas à falta de discussão sobre a organização.
Há muitos camaradas que não compreendem ou ainda não compreenderam esta questão. Que se aborrecem quando se começam a discutir os aspectos concretos que têm de ser apreciados sobre a organização. Que não entendem a sua importância.
Em reuniões que se têm realizado, discutem-se, por exemplo, as questões que marcam a situação existente num sector; depois os passos que se devem dar para resolver alguma ou algumas dessas questões. Mas quando se levanta a necessidade de tratar das questões orgânicas, camaradas há que passam a desinteressar-se da reunião.
Isto pode obrigar a que, ganhos alguns dos membros de um organismo para debater os problemas orgânicos, se deva reunir somente com estes camaradas para se apreciar a organização e para se tomarem as medidas orgânicas necessárias e possíveis na base dos camaradas que estão presentes na reunião.
É necessário, nas diversas organizações do Partido, verificar se se estão e como se estão a discutir as questões orgânicas. Que medidas concretas têm sido tomadas a este respeito e que controlo de execução está a realizar-se em relação a essas decisões.
Se não se estão a discutir regularmente as questões orgânicas é preciso modificar quanto antes tal situação. E ter em conta que na diversidade de questões orgânicas que é preciso debater em todas as organizações, devem incluir-se também o pagamento regular das quotas e a difusão da imprensa do Partido.
«O Militante» Nº 238 - Janeiro / Fevereiro - 1999