Osvaldo Marta
Membro da Comissão Política da Direcção Nacional da JCP
Em todas as edições da Festa do Avante
a juventude teve um papel decisivo para o seu sucesso em diversas
as vertentes, em especial na sua construção. E digo em
especial não porque o contributo juvenil para a
edificação desta fantasia em forma de cidade em festa seja mais
importante que todos os outros contributos, indispensáveis para
que a nossa Festa se concretize, digo-o porque a
construção da Festa do Avante é mesmo especial.
A construção da Festa
Para os construtores, a verdadeira Festa é a sua
construção. Os que dão as suas férias, ou parte delas, para a
sua construção sentem que a sua contribuição é necessária
para que este evento continue a ser uma referência de
militância.
Nas jornadas de trabalho as equipas permanentes de implantação
recebem os camaradas e amigos que, em excursões organizadas pelo
país fora ou mais espontaneamente, lá chegam para descobrir
coisas novas e para enriquecerem a Festa com a sua
experiência profissional ou simplesmente com a sua vontade e boa
disposição.
Alguém já disse que a Quinta da Atalaia é a maior escola
profissional do país, mas na Festa não se aprende
apenas a trabalhar. Contam-se histórias de militância desde a
clandestinidade do Partido até à experiência particular e
concreta do buraco na rua ou do corte de
estrada para a concretização e defesa dos justos
interesses das populações.
Para os jovens comunistas, a Festa é um livro ilustrado
onde figuram as pessoas que fizeram e fazem o Partido. Quanto ao
que será, começa-se a construir quando nos levantamos lá pelas
sete e meia da manhã para erguermos a nossa Festa!
E, de facto, não há Festa como esta! Não é por acaso
que só o Partido Comunista Português é capaz de concretizar
este mega-evento cultural, recreativo, desportivo, político...
É porque tem militantes activos e intervenientes que fazem com
que o PCP seja um elemento fundamental na vida do país. E a Festa
é a prova em constante construção da importância e do valor
da militância comunista porque é o resultado desta entrega ao
Partido.
Vamo-nos enriquecendo pessoalmente
E é assim que se percebe que o nosso contributo é precioso para
o trabalho colectivo, que se aprende que no Partido há sempre
uma ajuda solidária pronta a desenrascar algum bico de
obra, que o desempenho da nossa tarefa é fundamental para
toda a Festa e para o desenrolar do trabalho dos
restantes camaradas. E é assim, também, que nos vamos
enriquecendo pessoalmente, com este contacto com o trabalho, com
as pessoas, com outras experiências de militância no Partido.
Toda esta experiência tem resultados no trabalho do Partido, na
atracção da juventude para o trabalho político, na percepção
da importância do trabalho dos comunistas e da existência de um
PCP mais actuante, com mais militantes activos, na criação de
hábitos de trabalho colectivo e solidário, na
responsabilização de mais quadros que se predispõem para
assumirem o Partido também depois da Festa.
Aprende-se, além de tudo, que o convívio, a brincadeira e a
alegria são também elementos estruturantes da militância dos
comunistas que estão aliados à disciplina no desempenho das
responsabilidades atribuídas, individual ou colectivamente.
Porque a militância, para ser frutífera para o futuro, tem que
ser feliz. Aliás, se assim não fosse não haveria contributo
militante na construção da Festa. A principal razão
que leva a juventude à implantação da Festa do Avante
é que esta demonstra que é possível ser-se feliz, que é
possível lutar e concretizar aquilo que queremos, que é
possível um convívio natural entre gerações para a
construção de um mundo melhor, sem preconceitos nem
paternalismos. Ali, somos iguais porque temos um objectivo comum
e não nos falta vontade para o construir.
Um papel fundamental
A juventude desempenha assim um papel fundamental na
implantação da Festa, não só pela construção da
Cidade da Juventude (totalmente construída pelos amigos e
militantes da Juventude Comunista Portuguesa e que, por isso,
constitui uma referência de militância na Festa) ou
pela participação na implantação de outros aspectos, mas
também porque a Festa tem futuro e gente para o
construir e porque o contributo militante na construção da Festa
do Avante é indispensável para a manutenção e
multiplicação dos seus objectivos e alcance. Para além do
vigor necessário que empresta à sua construção, a juventude
garante que a Festa seja sempre nova, que se construa
com mais e novas pessoas, que continue a ser uma referência do
futuro, de uma solidariedade construtora e concretizadora de
novas possibilidades e expectativas. Apesar de poder haver um nó na garganta, mesmo na altura da
desimplantação, o contributo militante continua a dar
cartas e a ser insubstituível. Os militantes continuam a
provar que a Festa nunca acaba, sempre se reconstrói para
continuar a receber a experiência de gerações, para ser a
Festa dos comunistas para toda a gente, para continuar a
concretizar sonhos...
«O Militante» Nº 236 - Setembro / Outubro - 1998