Conhecer melhor
a organização
A actividade do nosso Partido tem objectivos
muito diversos. Mas é natural que, em qualquer organização,
haja uma preocupação principal para os operários, para os
trabalhadores em geral e outras camadas laboriosas, para a
população que trabalha e vive na área da sua acção.
É através do contacto e do diálogo com os colegas de trabalho,
com aqueles com quem convivemos, com os vizinhos e outras
pessoas, que podemos (e devemos) conversar sobre o que os
preocupa e a nós também, e encontrar o que se pode fazer para
vencer algumas questões, umas mais e outras menos simples.
Ao mesmo tempo devemos falar sobre o que pensamos em relação a
aspectos da situação política (e social, e económica, e
cultural, etc.) que vivemos, ou sobre problemas internacionais,
ou sobre as nossas aspirações e esperanças ou sobre a
experiência de cada um na acção reivindicativa e na luta
política.
É através do diálogo com os que não são comunistas que
qualquer organização do Partido pode ter um papel de
esclarecimento e de mobilização para qualquer acção colectiva
que se considere importante realizar.
A organização é a arma principal do Partido
Em Maio passado, o Partido realizou uma campanha de modo a
conseguir que as suas diversas organizações elevassem o
contacto e a influência junto das massas trabalhadoras. Estamos
vivendo uma perigosa ofensiva contra os direitos e as
aspirações dos trabalhadores. A sua compreensão acerca dos
objectivos de direita de Guterres e do seu Governo, o reforço da
unidade dos trabalhadores e a sua mobilização são questões da
maior importância para a defesa dos direitos conquistados.
Mas, logo em Junho, também as organizações do Partido foram
chamadas a dar uma grande atenção a um tema muito diferente - o
referendo sobre a despenalização do aborto. Nas células de
empresa e sectores profissionais, nas mais diversas
organizações concelhias, de freguesia e de bairro e outras,
junto de todos os membros do Partido que com este mantêm uma
relação regular, houve que debater a importância do referendo,
as medidas que se deviam tomar, em cada caso concreto, para
aclarar o que se tratava, ganhar a adesão à resposta do sim
no referendo.
Em qualquer dos casos e também, por exemplo, nas eleições
autárquicas de Dezembro último, a arma principal de que o
nosso Partido dispõe para exercer a sua influência e aprofundar
a sua inserção entre os trabalhadores e as populações, é a
sua organização, isto é, o conjunto das organizações
que existem nas empresas e outros locais de trabalho, em sectores
profissionais, nos mais diversos locais de residência, a nível
concelhio, de freguesia, de bairro ou de aldeia, e que comportam
todos os membros do Partido que mantêm um contacto político
regular, todos os membros do Partido que, no fim de contas, se
podem considerar verdadeiramente organizados.
Cada organização tem as suas características
Os resultados que se obtiveram na campanha O PCP com os
trabalhadores foram mais ou menos positivos de acordo com a
compreensão e a adesão das células, das diversas
organizações que estão particularmente voltadas para o mundo
do trabalho. Podemos acrescentar: de acordo com as
características de cada organização, da sua mais ou menos
fácil mobilização, do seu nível político e ideológico, da
sua maior ou menor inserção e influência entre os
trabalhadores da sua esfera de actividade.
Se falarmos do referendo (e, igualmente, das eleições
autárquicas), há também que termos em conta o papel que
assumem as organizações por local de trabalho. Mas temos de
considerar a importância que desempenham as outras
organizações assentes no local da residência e todas as outras
expressões orgânicas do Partido.
Todos os membros do Partido tinham de ser mobilizados, a todos
competia defender a posição do Partido sobre o referendo (ou
sobre os candidatos à eleição) e procurar convencer os outros
da sua razão, a todos os que tinham direito a voto competia
exercê-lo.
Conhecer as características de cada organização
Sendo assim, se a organização do Partido, à escala mais geral
como à escala de cada uma das organizações parciais, é a
nossa arma fundamental, então é muito importante que
conheçamos bem as características de cada uma das
organizações, vendo os aspectos que são positivos e os
aspectos que são negativos.
Qualquer que seja a actividade de uma organização, qualquer que
seja o motivo principal que a deve mobilizar, é sempre possível
(e necessário) conhecer e analisar as condições que a
caracterizam.
Quando se trata de uma votação, os números que a definem podem
ajudar a melhor caracterizar o que há de positivo e de negativo
numa dada organização. Mas é preciso ter sempre em conta que,
para além das características de uma organização, há outros
factores, por vezes muito diversos, que podem ter influências
notáveis nos resultados numéricos obtidos.
O conhecimento de uma dada organização deve prestar muita
atenção ao trabalho de direcção, à definição das
tarefas, ao controlo de execução, ao ambiente de respeito e
apoio mútuos, à utilização adequada da crítica e da
autocrítica, ao cuidadoso acompanhamento dos quadros As
características da sua estrutura, assente no conjunto
dos organismos existentes, é uma outra questão muito importante
porque é através dela que a organização permite abarcar um
maior número de membros do Partido criando condições para o
seu desenvolvimento e para um seu crescente envolvimento na
actividade partidária.
Há muitas outras questões que é também necessário conhecer.
Sem se pretender ser exaustivo é sempre bom perceber se a
divulgação da imprensa e dos documentos do Partido tem
bons índices e o mesmo se poderá colocar sobre o nível das
quotas e de outros tipos de receitas. E é necessário estar
sempre a colocar dúvidas, como por exemplo: Está a
realizar-se, com regularidade, o necessário acompanhamento
político aos membros do Partido que não fazem parte de
organismos? Os objectivos principais que animam e mobilizam a
organização são os mais adequados? Como aprofundar, sempre
mais, a ligação da organização aos problemas e à população
da sua área de acção? E tantas outras questões a que
será necessário fazer referência em novo artigo.