"Poderá até ter mais" [importância]
A comunicação social dominante marginaliza normalmente o PCP e
toda a sua actividade. Não tem havido falta de protestos mas as
causas dessa marginalização são muito fortes.
Há pouco tempo, exactamente num período em que o PCP, por
completar 77 anos, levava a cabo um ainda maior número de
realizações, um jornalista do Expresso, Fernando Madrinha,
quase o matava, pois, segundo ele, estava em coma
profundo. No Diário de Notícias, Luís Delgado
perguntava onde estava a oposição? E, em relação ao PCP,
perguntava: Está vivo? Mexe? É claro que o jornalista
não lê o Avante!, que é semanal e que apresenta
sempre uma grande quantidade de iniciativas.
Naturalmente que esta marginalização (a SIC até
conseguiu esconder o comício do aniversário em Lisboa!),
comparada com a constante chamada dos outros partidos à ribalta
da comunicação social, induz que as nossas posições e
actividades não existem...
Numa entrevista dada ao Diário de Notícias, o director
deste jornal, Bettencourt Resendes, já na parte final,
faz a seguinte pergunta a Víctor Cunha Rego:
- E terá o PP, à direita, o papel quase residual que o PCP
tem à esquerda? (Repare-se a expressão depreciativa sobre
o PCP, que, aliás, só é citado a propósito do PP). Embora
nada se perguntasse sobre o PCP mas sim sobre o PP, que é o que
interessa, a resposta foi:
O papel do PCP é muito mais importante do que o do PP. O
PCP tem ainda uma ligação ao mundo sindical, que ainda devia
ser maior neste momento de transição. Não há progresso
económico sem sindicatos fortes, pelo menos não houve até
agora.
E a pergunta a seguir volta ao PP que, aliás, é bem
caracterizado (característica que explica o grande apoio da
comunicação social dominante aos dirigentes do PP): - Portanto
à direita
não existe o contraponto que seria a ligação do PP aos grandes
empresários?
Como o entrevistado conclui que não vê saída para o PP, nem
mesmo com Paulo Portas, finalmente a pergunta seguinte é sobre o
PCP: - E para o PCP?
É muito diferente. Apesar do PCP estar a descer mesmo nas
autárquicas onde perdeu algumas câmaras simbólicas, perdeu-as
por poucos votos e pode recuperá-las. A implantação do PC, em
algumas zonas do país, é real.
- Mas daqui a 20 anos o PCP ainda terá a importância que
tem hoje?
Poderá até ter mais" (...).