Sempre em últimos! Porquê?
Apesar do bom comportamento da economia portuguesa nos
últimos anos, os portugueses continuam a estar na cauda da
Europa em matéria salarial e de poder de compra efectivo dos
ordenados dos seus trabalhadores. A Grécia, cuja economia
também está na cauda da Europa, tem salários cujo poder de
compra são claramente superiores aos dos portugueses.
O Departamento de Estatística da Uniäo Europeia (Eurostat)
divulgou estatísticas que permitem comparar o poder de compra
dos salários mínimos dos sete países da UE onde estes existem
e compara o valor desse salário mínimo com a média salarial
dos trabalhadores industriais do sexo masculino.
Para isso, o Eurostat converteu esses salários em paridades
de poder de compra (PPC), uma unidade fictícia que permite
comparar poderes de compra. (D.N., 15/12/97).
Nesta unidade comparável, o salário mínimo em Portugal é de
501 PPC, na Grécia é 555 (+10,8%) e em Espanha é 580 (+
15,8%). O salário mínimo com maior poder aquisitivo é o do
Luxemburgo (1094 PPC, quase 2,2 vezes superior ao de Portugal).
O salário médio dos trabalhadores do sexo masculino das
indústrias transformadoras em Portugal seria cerca de 850 PPC no
ano passado. O salário médio dos operários industriais
luxemburgueses compra 2,74 vezes mais do que o dos seus
homólogos portugueses, o dos belgas 2,65 mais e o dos holandeses
2,46. O dos espanhóis é mais 62,6 %. Embora os valores para a
Grécia não sejam inteiramente comparáveis, o poder aquisitivo
a que se chega é 48% superior ao português.
Por que razão estarão os trabalhadores portugueses sempre em
últimos? Não será porque, com a política de direita que tem
imperado em Portugal desde 1976, o peso dos trabalhadores no
Rendimento Nacional ainda é mais pequeno que no tempo do
fascismo? Não será porque, desde 1976, deixou de haver qualquer
participação da esquerda nos governos do País?