O trabalho do Partido junto da Juventude




João Duarte
Membro do Comité Central e da DORVIC
Responsável pelo trabalho junto da juventude


Ciente de que a intervenção junto da juventude constitui uma prioridade do Partido no distrito de Viana do Castelo, pois que em grande parte o futuro do Partido passa pelo trabalho que formos fazendo entre a juventude, tem sido preocupação da Direcção Regional esta frente de trabalho político. Pode dizer-se que o trabalho da JCP alicerçou-se no trabalho que o Partido foi fazendo entre a juventude.
De facto, os primeiros passos foram dados há cerca de 4 anos, quando, a par do fenómeno de abandono da órbita da influência de direita, a juventude surgiu como uma força social importante contra a política de direita do PSD/Cavaco Silva.


Linhas orientadoras do trabalho

Foram então definidas pela Direcção Regional as linhas orientadoras do trabalho para esta
frente.
Como grandes áreas de intervenção foram apontadas:

1. Associações de Estudantes do Ensino Superior;
2. Associações de Estudantes do Secundário;
3. Associações culturais, desportivas e recreativas com actividade junto das camadas jovens;
4. Jovens trabalhadores;
5. Jovens comunistas/JCP.

De seguida, discutiu-se a forma de abordagem e de intervenção política em cada uma das referidas áreas.
Assim, decidiu-se estabelecer contactos institucionais através de entrevistas e encontros com as Associações de Estudantes do Ensino Superior, procurando abrir relações de colaboração.

Fez-se um levantamento das Associações de Estudantes do Ensino Secundário já legalizadas e das que ainda não tinham esse processo completo, procurando, numa primeira fase, intervir nos actos eleitorais através dos filhos de militantes e simpatizantes do Partido e apoiando listas de candidatos às eleições para as AE na perspectiva de recrutar os melhores jovens para a JCP.


Plano de actuação

Elaborou-se um plano de actuação com objectivos concretos em relação a um conjunto de associações culturais, desportivas e recreativas.
Definiram-se as áreas para acções de formação para jovens - autarquias, sindicalismo, associativismo.
Criaram-se áreas nos Centros de Trabalho para serem animadas pela juventude - salas para
a JCP, bares e locais de convívio.
Definiram-se apoios à JCP, ajudando-a a prestigiar-se e a criar os seus quadros. Animou-se a constituição de grupos informais JCP/independentes para aproveitarem os programas para a juventude, promovidos pelo Instituto da Juventude, nomeadamente os de intercâmbio cultural.
Algumas das propostas de trabalho foram cumpridas, outras ainda o não foram. No entanto, com a ajuda do trabalho do Partido para esta frente, surgiram vários colectivos de jovens comunistas, sendo de salientar os de Ponte de Lima, Viana do Castelo, Caminha, Monção e, ultimamente, Ponte da Barca.
O funcionamento destes colectivos tem tido altos e baixos, dependendo, sobretudo, da existência ou não de activistas e da disponibilidade desses quadros que, em períodos de testes e de exames, é menor.


Iniciativas levadas a cabo

Das iniciativas promovidas pela JCP é de salientar a sua acção:

- Na promoção de iniciativas lúdicas e recreativas, de que são exemplo o 1º Festival de Música Moderna em Ponte de Lima, os concertos de música ao vivo nos Centros de Trabalho de Ponte de Lima e de Viana do Castelo, os “Avanteviana”, concertos de música moderna que têm apurado os grupos a irem ao palco dos Novos Valores na Festa do Avante!.
- Como organização político-partidária democrática, nas comemorações do 25 de Abril, de que são exemplo a organização de acções de pintura e modelagem para crianças em Ponte de Lima, Viana e Caminha. E o concurso de trabalhos sobre o 25 de Abril, na área das artes plásticas e da literatura, para os alunos das escolas do Ciclo e do Secundário de todo o Distrito.
- Na luta pela resolução de problemas locais, como a luta pela construção do Palácio de Justiça em Ponte de Lima, contra o encerramento do Centro de Saúde em Monção, pela aquisição e posterior recuperação do Cine-Teatro João Verde em Monção.
- Na discussão de temas actuais e do movimento comunista, como o ciclo de debates em curso, em Viana do Castelo.


Experiências a reter

Há algumas experiências que interessa reter para, de futuro, melhorar o trabalho nesta importante frente de trabalho político.
Desde já, o carácter transitório da juventude obriga-nos a dar uma especial atenção à transferência dos quadros e dos militantes da JCP que foram estudar para fora do distrito, para a organização do Ensino Superior, bem como, por motivos de idade, a passagem da JCP para o Partido.
Mesmo que já haja organizações da JCP, o acompanhamento do Partido ao trabalho da juventude e à JCP é importante para conhecer e ajudar a ultrapassar dificuldades, apoiar os quadros e abrir perspectivas de trabalho.
Apesar de alguns passos dados, persiste a fraca ligação ao movimento juvenil, desde as associações culturais, recreativas e desportivas de carácter local às associações de estudantes e ao movimento sindical, o que constituem debilidades e constrangimentos que é urgente ultrapassar, pois só assim se consegue virar o trabalho para fora e aumentar a influência da JCP e do Partido.
A existência de, pelo menos, um quadro disponível, ainda que a tempo parcial, para o trabalho da JCP, é um factor importante para o reforço da dinâmica própria e autónoma da JCP.


«O Militante» Nº 233 - Março / Abril - 1998