As 13 anos de vida
do Conselho Nacional de Juventude
Sandra Benfica
Membro da Comissão Política da JCP
O Conselho Nacional de Juventude (CNJ) completa
em Julho próximo 13 anos de vida, vida essa marcada por momentos
mais ou menos difíceis, mais ou menos profícuos, mas, sem
dúvida, todos eles relevantes na construção e afirmação
desta importante plataforma que reune 24 organizações nacionais
de juventude, entre as quais a Juventude Comunista Portuguesa.
O que é o CNJ?
O CNJ foi constituído em 1985 - Ano Internacional da Juventude
-, reflexo da vontade de 17 organizações nacionais de juventude
que, desta forma, deram tradução prática à necessidade de
criação de um espaço de reflexão e de debate sobre os
problemas dos jovens portugueses.
Afirmando-se desde sempre como um projecto político (e por isso,
para alguns, incómodo), o CNJ tem vindo a afirmar-se ao longo
destes anos de experiência inter-associativa como um importante
espaço de diálogo, participação e intercâmbio de posições
e pontos de vista, que tem tornado possível, às organizações
que o compõem, uma reflexão conjunta sobre os mais variados
problemas da juventude portuguesa e do movimento associativo
juvenil, bem como a concertação de posições entre um número
elevado de organizações tão diferentes entre si, sobre
questões de interesse juvenil.
Hoje podemos afirmar que o CNJ é, de facto, uma plataforma
reconhecida e respeitada mas que ainda não conseguiu concretizar
importantes aspirações.
Sem estatuto jurídico
Pode-se inclusivamente afirmar que o reconhecimento internacional
do CNJ é mais estável às mudanças das marés políticas do
que a nível nacional. Exemplo disso é o facto de o CNJ
continuar a não ter estatuto jurídico, apenas por inexistência
de vontade política e hipocrisia. As razões são claras e
estritamente políticas: um CNJ com personalidade jurídica,
autónomo e livre da subsídio-dependência significa o fim das
permanentes tentativas de governamentalização.
Nem o PSD nem o PS no Governo quiseram - e até à data nada nos
leva a crer que queiram - reconhecer este direito ao CNJ,
através de uma lei emanada da Assembleia da República.
A JCP e o Grupo Parlamentar do PCP foram os únicos que não
viraram as costas a esta aspiração. Em Julho de 1990
apresentámos um Projecto-Lei sobre o estatuto jurídico do CNJ,
que nunca chegou a subir ao Plenário, tendo caducado essa
iniciativa por força do termo da legislatura. Em Setembro de
1992 voltámos a apresentar um Projecto-Lei sobre a mesma
matéria, que acabou por ser chumbado, em 21 de Janeiro de 1993,
com os votos contra do PSD. E, como não há duas sem três,
esperamos então melhor sorte para o Projecto-Lei entregue neste
momento na Assembleia da República.
Mas se o PSD tem responsabilidades na matéria, não se pense que
as do PS são menores, ou pelo menos mais razoáveis. Tem o travo
inconfundível da hipocrisia que é, sem dúvida, a mais difícil
de aceitar. Também em 1992 o PS apresentou um Projecto-Lei sobre
a Criação do Conselho Nacional de Juventude que não teve
melhor sorte que o nosso. Contudo, às vezes faz bem avivar
algumas memórias. O primeiro subscritor do referido projecto era
o deputado António José Seguro, por sinal ex-presidente do CNJ,
por sinal ex-Secretário de Estado da Juventude e, por sinal,
alguém que padece do mesmo mal da Secretaria de Estado da
Juventude no Governo PSD: medo da independência e autonomia do
movimento associativo juvenil e esquecimento do que defendia anos
antes. E o problema continua, inviabilizando muitas das
iniciativas que o CNJ gostaria de concretizar.
Um ano com muita actividade
No entanto, também o CNJ aprendeu a viver com esta e outras
dificuldades e terá pela frente um ano em cheio para provar o
que vale. Em Agosto decorrerá em Braga o Forum Mundial da
Juventude do Sistema das Nações Unidas e cabe ao CNJ
preparar e acolher esta iniciativa. E no mês de Março
realizar-se-á a I Conferência sobre Ambiente e, para o
final do ano, o VII Encontro Nacional da Juventude.
O CNJ pode contar connosco
A JCP tem pautado a sua participação no CNJ por um grande
envolvimento e empenho, participando na sua direcção, em
comissões especializadas, assumindo representações externas,
participando activamente em todos os momentos da sua vida. Esta
nossa forma de estar é largamente reconhecida por todas as
organizações que connosco estão no CNJ. E o saldo da nossa
participação é positivo porque o reconhecimento da
importância da JCP no seio do CNJ materializa-se no esbatimento
de preconceitos anticomunistas, na facilidade com que nos
relacionamos com organizações anteriormente impensáveis, na
capacidade de influenciar o sentido das resoluções e na
ligação a esta importante realidade do associativismo juvenil
que constituem as organizações nacionais de juventude.
Continuamos, pois, convictos que este projecto faz todo o sentido
e de que o CNJ continuará a saber encontrar as respostas
necessárias para o seu fortalecimento.
Os últimos tempos não têm sido fáceis. O abandono de algumas
organizações como a JS, o Corpo Nacional de Escutas e a
Associação Nacional de Jovens Empresários, deixou marcas que
ainda não estão saradas.
Por isso o tempo tem sido de reflexão sobre o próprio CNJ e,
terminada a última revisão estatutária há apenas três meses,
as organizações pronunciaram-se pela continuação deste
projecto, mais aberto, chamando assim mais organizações, mais
participado, mais interveniente.
O CNJ continua a ser um projecto em construção, que mais
não é do que a vontade e o empenho das diferentes
organizações que o constituem. Pela parte que nos cabe, o CNJ
pode continuar a contar.
Organizações do CNJ
- Associação Académica da Universidade do Minho
- Associação Cristã da Mocidade
- Associação Escoteiros de Portugal
- Associação Guias de Portugal
- Associação Juvenil de Ciência
- Movimento Católico de Estudantes
- Organização de Juventude Santomense
- SOS Racismo
- União Para a Acção Cultural e Juvenil Educativa
Organizações Associadas
- Associação Académica de Lisboa
- Associação Internacional de Estudantes em Ciências
Económicas e Empresariais
- Associação Juvenil Olho Vivo
- Associação para a Promoção Cultural da Criança
- Clube Português de Artes e Ideias
- Federação Nacional das Associações de Estudantes do Ensino
Superior Politécnico
- Federação Nacional das Associações de Trabalhadores
Estudantes
- Intercultura
- Interjovem - Confederação Geral de Trabalhadores Portugueses
- International Friendship League
- Juventude Comunista Portuguesa
- Juventude Monárquica
- Juventude Operária Católica
- Juventude do Partido Ecologista "Os Verdes"
- Juventude da União Democrática Popular