Resultados por Distritos e Regiões Autónomas
Eleições Autárquicas de 1997
Como tem sido hábito publicam-se, neste número
de O Militante, os resultados das eleições
autárquicas por Distritos e Regiões Autónomas, acompanhados
com os resultados das anteriores eleições autárquicas (1993) e
das eleições legislativas (1995). Como os quadros gerais não
comportam as coligações que se apresentaram especialmente
nestas eleições, há mais dois pequenos quadros com os
resultados das coligações em 1997 e em 1993. É claro que a
participação de cada força política nessas coligações só
pode ser estimada. (*)
Das comparações dos números publicados podem retirar-se muitas
observações interessantes sobre a evolução havida nos
últimos quatro anos. Explicitaremos algumas delas.
Inscritos, votantes, abstenção e brancos e nulos
Sem perder de vista que o actual recenseamento peca por excesso
de eleitores (muitos que já faleceram e outros que estarão
recenseados em mais de uma freguesia), os números publicados
indicam que, no total, os inscritos aumentam cerca de
100 mil por ano, os votantes são em maior número nas
legislativas que nas autárquicas (adiante serão apontadas
excepções), a abstenção real deve ter aumentado em
relação às anteriores autárquicas (possivelmente sem qualquer
excepção) e os brancos e nulos são claramente mais
numerosos nas autárquicas que nas legislativas (também sem
excepções) e sofreram um aumento em relação às autárquicas
de 1993, no total e na maioria dos distritos e regiões
autónomas.
A maior participação de votantes (70,0%) teve lugar no Distrito
de Braga, tal como sucedera há quatro anos, sendo só
ultrapassado, nas legislativas, por Portalegre e Porto. A maior
percentagem de abstenções (mais de 48%) verificou-se nos
distritos de Setúbal e de Lisboa e na Região Autónoma dos
Açores, que, já há quatro anos, tinha atingido mais de 43% de
abstenções.
No interior do País, acima do Tejo, com excepção de Castelo
Branco, e, de certo modo, no Minho, constata-se que há maior
tendência para votar nas autárquicas que nas legislativas.
Sobre a CDU
A CDU globalmente perdeu 37 mil e setecentos votos, sem
contar com os resultados do concelho de Lisboa. Mas aumentou o
número dos votos e a respectiva percentagem em oito distritos
(Braga, Bragança, Castelo Branco, Coimbra, Guarda, Leiria,
Portalegre e Santarém) e nas duas regiões autónomas. De
salientar a subida de 2,0 pontos percentuais na Madeira, de 1,6
em Portalegre e de 0,8 em Leiria, Santarém e Açores.
As descidas mais importantes, em pontos percentuais, foram em
Évora (4,9), Faro (1,2) e Lisboa e Setúbal (1,1).
Como é natural, quer nas subidas quer nas descidas, as razões
que as explicam não são as mesmas, embora haja factores mais
gerais já apontados no número anterior de O Militante.
Cabe às Organizações Regionais fazer a análise
necessária tendo sempre em conta que há factores negativos que
nos transcendem mas que há outras razões, desde o possível
aumento da abstenção que nos atinge até às modificações no
tecido social, que precisamos de encarar, desde já, para as
ultrapassar ou limitar.
Exceptuando casos muito pontuais referentes a pequenos partidos,
a CDU é a única força política que tem mais votos nas
eleições autárquicas do que nas eleições legislativas. De
certeza mais de 200 mil votos e de 5 pontos percentuais. Tais
aumentos sucedem em todos os distritos e regiões autónomas. A
elevação percentual chega a 18,3 pontos em Setúbal, 16,5 em
Évora, 12,8 em Beja, provavelmente à volta de 10 em Lisboa, 9,1
em Santarém, 8,9 em Portalegre, 6,1 em Faro e mais do dobro de
votos em Castelo Branco e do triplo na Madeira. É bem sabido que
o prestígio da CDU na direcção das autarquias explica esta
situação. E é uma direcção de trabalho muito importante
mostrar aos eleitores que a CDU merece e necessita do seu voto
também nas legislativas. É preciso lutar por uma boa
direcção das autarquias mas também por uma boa direcção de
todo o País.
Sobre o PS
Comparando as duas eleições autárquicas, o PS só
diminuiu a votação em Coimbra (1,8 pontos percentuais), Leiria
(1,3), Madeira (1,2) e Porto (0,7). Em todos os outros distritos
e nos Açores aumentou os votos e a percentagem, com maior
saliência em Évora (mais 8,5 pontos percentuais), Viana do
Castelo (7,4), Portalegre (6,5), Beja (6,0), Guarda (4,1), Viseu
(3,5) e Castelo Branco (3,2). A evolução nos Açores tem de ter
em conta que, em 1993, o PS contribuiu com os seus
votos para a maior parte dos quase 22 mil votos nas coligações
em que, então, participou.
No que respeita à comparação com as legislativas, o PS só tem
melhor resultado percentual em Bragança (3,9 pontos), Açores
(3,0), Vila Real (1,8), Guarda (1,6) e Braga (1,4). O objectivo
de atingir a percentagem de 95 ficou afastado, particularmente em
Setúbal (menos 11,1 pontos percentuais), Lisboa (não se pode
determinar com rigor a diferença por causa da coligação no
concelho de Lisboa), Évora (9,8), Castelo Branco (8,0), Faro
(7,0), Coimbra (5,5), Portalegre (5,0), Beja (4,9), Aveiro (4,4),
Santarém (4,0).
Sobre o PSD, o CDS e outros partidos
Quanto ao PSD, a sua votação global foi inferior à de
93, mesmo tendo em conta a sua participação em coligações.
Mas aumentou em Coimbra (5,5 pontos percentuais), Viseu (4,1),
Leiria e Vila Real (4,0), Madeira (3,4), Aveiro (1,0) e menos em
Faro, Guarda e Bragança. Perdeu 7,7 pontos percentuais em
Portalegre, 7,2 em Viana do Castelo, 6,3 nos Açores, 5,6 em
Braga, 3,5 em Évora, 2,4 em Setúbal, 1,6 em Santarém e Beja,
1,1 em Castelo Branco, mais de 5 pontos no Porto e quase
certamente também alguns pontos em Lisboa.
Na comparação com as legislativas, o PSD, que perdeu no total
mais de 200 mil votos, conseguiu melhorar a sua votação em
Coimbra, (6,7 pontos percentuais), Castelo Branco (6,1), Madeira
(5,9), Faro (5,7), Viseu (3,3), Vila Real, Guarda e Bragança.
Desceu principalmente em Lisboa, Porto, Braga e Setúbal.
O CDS, em relação às autárquicas, só subiu no
Porto, Braga, Açores e alguns votos em Viana do Castelo e desceu
principalmente em Viseu, Guarda, Vila Real, Leiria, Coimbra,
Madeira e em Beja quase desapareceu.
Em relação a 95, a diminuição de votos é maior mas consegue
subir no Porto (mais de 5 pontos percentuais), Viana do Castelo
(4,9), Aveiro (3,0) e Braga (2,3), mas desce muito principalmente
em Faro (4,8), Guarda (4,6), Coimbra (4,2), para menos de metade
em Évora, Portalegre e Santarém e para menos de um terço em
Setúbal e menos de um sexto em Beja.
Dos pequenos partidos destaca-se a UDP que, desta vez,
concorreu independentemente em maior número de distritos e nas
duas regiões autónomas.
O PSR diminui a votação no total em relação a 93,
subindo só umas centenas de votos em Lisboa.
Os resultados do MRPP são muito fictícios, pois, como
é fácil de mostrar com exemplos concretos, continua a enganar
eleitores com a sua foice e martelo.
O PSN ainda concorreu em seis distritos e na Madeira,
mas já não consegue atrair muitos eleitores, tendo já sido
ultrapassado em número de votos por outras pequenas formações.
(*) Os resultados das eleições realizadas em 95 foram colhidos
no Diário da República, nº 246 de 24/10/95. Os das
eleições autárquicas de 93 no livro Eleições para os
órgãos das autarquias locais 1993, publicado pelo STAPE
(Secretariado Técnico de Apoio ao Processo Eleitoral). Os das
eleições autárquicas de 97 foram tirados do escrutínio
provisório divulgados pelo STAPE em Dezembro e Janeiro
últimos.