A militância, as tarefas, as reuniões regulares
Reforço da organização - uma preocupação
constante
Uma das diferenças mais características de um
membro do Partido Comunista Português em relação a membros de
outros partidos é a sua militância, é a sua compreensão de
que um membro do Partido não é simplesmente um aderente que
paga uma quota e que, possivelmente, vota no partido a que
pertence.
É evidente que em todos os outros partidos há membros que têm
uma actividade política mais ou menos regular, mas muitos, a sua
grande maioria, não têm qualquer acção partidária nem existe
no respectivo partido uma preocupação de exigência de tal
acção.
Para o PCP, segundo o artigo 9º dos Estatutos, “a
militância numa das suas organizações” é um dever
fundamental dos seus membros.
Mas, também no PCP há membros que não militam, que não têm
uma actuação política regular, que não contribuem com algo da
sua actividade para a acção geral desenvolvida pelo Partido.
Somente é uma preocupação natural e obrigatória de qualquer
organização partidária e, em especial, do seu organismo
dirigente, trabalhar, incansavelmente, no sentido de ganhar os
membros do Partido para a militância, para uma militância mais
activa e mais consciente.
O XV Congresso considerou o crescimento da militância como uma
das três questões principais para reforçar a organização
partidária. Na Resolução Política do Congresso
diz-se: “O cumprimento daquele dever é uma questão
decisiva para o reforço da vida democrática e intervenção do
Partido”.
Uma tarefa básica
A questão da militância no PCP tem de ser colocada a um novo
membro do Partido desde a sua inscrição. Isto obriga a que cada
recrutamento seja acompanhado da preocupação de organizar o
novo membro do Partido, incluindo-o numa organização já
existente, ou criando uma organização nem que seja com esse
objectivo, ou estabelecendo um contacto individual enquanto não
há uma solução colectiva. É muito importante, desde logo,
numa reunião ou individualmente, esclarecer o recente membro do
Partido sobre o papel da organização, a actividade que ela
desenvolve e a tarefa militante para o camarada.
São muitas e muito diferentes as tarefas que podem ser colocadas
a um novo membro do Partido. Mas, em geral, há, à partida, uma
tarefa simples, constante, básica, que um membro do Partido pode
e deve cumprir. Trata-se de conversar com os seus colegas de
trabalho, com os seus vizinhos, com os seus amigos, com aqueles
com quem convive, sobre os seus problemas, sobre a situação que
se vive na empresa, na actividade profissional, na freguesia onde
habita, no concelho ou na região, sobre a situação nacional e
a situação internacional. E nessas conversas, não só ouvir o
que lhe é dito como também dar opiniões e procurar esclarecer
questões que conhece. Depois é preciso, numa reunião do
Partido (ou contacto individual se não houver reunião
colectiva), trocar experiências desta actividade militante que
se vai desenvolvendo e pode transformar-se em influência
política.
Esta tarefa básica cabe a qualquer membro do Partido, tenha ou
não outras tarefas. Pode ser uma actividade natural da parte de
qualquer pessoa. O que a torna uma tarefa partidária é o facto
de ser levada a cabo por um membro do Partido, servir de base a
uma troca de opiniões numa reunião e poder ter um rumo que leve
à aceitação, da parte de alguém com quem se conversa, das
posições do Partido ou mesmo do seu recrutamento. É assim que
se caminha para o alargamento da influência do Partido, para uma
maior inserção na sociedade, para a constituição de uma
célula numa empresa, num bairro, numa aldeia, ou outras áreas.
O desenvolvimento desta tarefa básica, tão importante na
actividade geral do Partido, depende, naturalmente, das
qualidades do membro do Partido e do seu empenhamento.
Cada membro do Partido tem as suas próprias características mas
interessa lembrar que a solidariedade, a modéstia, a abertura em
relação aos outros sem sectarismos, são qualidades que ajudam
a que sejamos ouvidos com mais atenção. Por outro lado, é
evidente que um bom conhecimento das questões que se discutem
contribui muito para uma mais fácil aceitação daquilo que
defendemos. Por isso é tão relevante a necessídade dos
membros do Partido trocarem experiências em reuniões regulares
e lerem normalmente a nossa imprensa, para além de procurarem
documentar-se tanto quanto possível sobre os assuntos que são
tema das nossas conversas.
Outras tarefas
Não há falta de tarefas para serem realizadas por membros do
Partido. Desde as mais simples às mais complexas são todas
tarefas necessárias a que devemos dar grande importância e
respeitar quem as cumpre.
Mas é preciso não esquecer, pela sua importância especial no
reforço da organização, as tarefas mais ligadas à estrutura
orgânica do Partido. E diz-se mais ligadas porque todos os
organismos do Partido e contactos individuais fazem parte dessa
estrutura.
Estrutura que se estende desde a sua direcção - Comité Central
e seus organismos executivos - até às organizações de base,
células de empresa ou de outros locais de trabalho, de locais de
residência, sectores profissionais, diversas áreas de
actividade administrativa, sócio-cultural e outras, e que
comporta uma grande variedade de sectores, frentes de trabalho e
algumas tarefas específicas (fundos, imprensa e outras).
Estrutura que se desenvolve, principalmente, pelo trabalho
realizado nas organizações de base, através da tarefa que
referimos atrás como básica e que leva, na medida em que se
realizam recrutamentos, ao alargamento da organização. E se
isso sucede, e estará a suceder, constantemente, em qualquer
organização partidária, surge uma questão muito importante.
É a necessidade, já não só de se realizar a tarefa de
conversar com os companheiros de trabalho, os vizinhos, os
conhecidos, tarefa que evidentemente não vai deixar de ser
cumprida, é a necessidade, repete-se, de contactar
individualmente e regularmente um novo membro do Partido ou
colectivamente e regularmente, um maior ou menor grupo de novos
membros do Partido.
Isto significa que, constantemente, nas organizações que se
estão desenvolvendo, é necessário que camaradas, cuja tarefa
era simplesmente a tal tarefa básica de conversar com não
comunistas, passem a ter de cumprir uma tarefa mais responsável,
a de acompanhar membros do Partido e as suas tarefas, entre as
quais pode estar a tal tarefa básica já conhecida.
Isto significa que, quando se fala em militância e em tarefas,
deve-se ter presente que o que é natural (e necessário para o
desenvolvimento do Partido) é que um novo membro do Partido, que
começa por ter simplesmente uma tarefa básica e simples vai ser
chamado, mais tarde ou mais cedo, a uma tarefa mais importante,
mas indispensável. Não é problema de maior se o camarada,
quando só tinha a tarefa mais simples, se habituou a participar
em reuniões regulares do Partido onde se discutia a sua tarefa e
também as de outros. É que as reuniões do Partido são uma
escola fundamental para o desenvolvimento de qualquer membro do
Partido.
Os membros do Partido devem ser militantes, devem ter
tarefas, devem participar regularmente em reuniões do Partido.