Tony Blair pouco "limpo e transparente"
O actual dirigente do Partido Trabalhista, Tony Blair,
modernizou o socialismo na Inglaterra, retirando-lhe
tudo que pudesse lembrar a luta de classes e aproximando-o tanto
do neoliberalismo que a sua política parece uma continuação da
da srª Tatcher. É um socialismo muito parecido com
o do sr. Guterres e também tem afinidades com
o do sr. Clinton. Este tem um particular apreço pelo
primeiro-ministro português e este uma ligação mais que irmã
com o António em inglês.
Diz o Expresso (29/11/97): Eleito na base da
promessa de trazer abertura e honestidade ao Governo britânico,
Tony Blair é agora exposto como um político evasivo e
hipócrita.
A questão que desmanchou o bom nome de Blair nasceu
da decisão do Governo de conceder a possibilidade da Fórmula 1
fazer anúncios do tabaco, quando o mesmo Governo tinha prometido
novas leis de proibição dessa publicidade.
A razão apresentada foi muito clara. Se a Fórmula 1
não pudesse receber as verbas provenientes daquela publicidade,
estariam 50 mil postos de trabalho ameaçados.
Feitas melhor as contas aquele número não passaria de oito mil.
Faltava clareza à explicação. Ao procurar conhecer melhor a
questão, descobriu-se que Blair e Bernie Ecclestone, um magnata
da Fórmula 1, se tinham encontrado em 16/10. Foi imediata a
declaração do Governo de que nesse encontro nenhum favor ao
empresário foi considerado. Este nem sequer fizera qualquer
donativo ao Partido Trabalhista... E novo desmentido surge quando
a imprensa afirma que não só havia um donativo, mas que este
era volumoso.
Foi o próprio Ecclestone que confirmou que tinha dado ao partido
um milhão de libras (cerca de 300 mil contos).
Todo este comportamento de Blair levou a que a sua popularidade,
que atingia 93% há poucos meses, descesse para 17%.
Repare-se que (D.N., 17/11/97) os conservadores
mantiveram-se silenciosos sobre a questão dos donativos,
concentrando-se apenas em críticas à isenção da proibição
do tabaco na Fórmula 1 (...) é que o Partido Conservador é o
partido político britânico que mais donativos recebe de
milionários ou grandes empresas.
São histórias que mostram bem a venalidade dos políticos das
democracias europeias. São, por isso, histórias
muito parecidas com aquelas que conhecemos no nosso País.
Importa também referir que, no recente Congresso do Partido
Socialista Francês, onde, pela primeira vez, esteve presente o
líder do Partido Comunista Francês, «os socialistas fizeram
questão de se demarcar da versão New Labour dos
trabalhistas britânicos, deixando claro que não haverá um
Blairismo à francesa» (Expresso,
29/11/97). Tem interesse acompanhar estas questões.