Reforçar a intervenção, a luta e a organização
Bernardino Aranda
Membro da Direcção da Organização do Ensino Superior de
Lisboa
Realizou-se no passado dia 22 de Novembro, no
C.T. Vitória, a Assembleia da
Organização do Ensino Superior de Lisboa da JCP (OESL).
Numa altura em que se intensifica a actividade dos estudantes
comunistas no ensino superior de Lisboa, envolvidos como estão
na campanha eleitoral e simultaneamente na luta pela revogação
da Lei Quadro de Financiamento do Ensino Superior, a OESL decidiu
realizar a sua Assembleia com o objectivo de debater a
situação política e social; os problemas do ensino superior e
as suas perspectivas; o desenvolvimento da luta e da
intervenção dos estudantes comunistas nas escolas e na
sociedade e também para debater e aprovar uma série de
resoluções concretas com vista ao alargamento e ao reforço da
nossa Organização.
Temos consciência de que a nossa intervenção só faz sentido
integrada e como componente dinâmica e responsável de um
projecto comum a milhões de pessoas em todo o mundo que é a
construção de uma sociedade nova. Por isso somos comunistas.
Por isso somos membros da JCP. Por isso inserimos a nossa
intervenção no trabalho e na acção e intervenção política
do Partido Comunista Português. E também por isso consideramos,
como essenciais, o aprofundamento das formas de articulação e
de trabalho, neste caso, com a DORL do PCP; a articulação
quando necessário com a organização dos professores comunistas
do ensino superior de Lisboa; a participação na discussão e na
elaboração das orientações do Partido para o ensino superior;
a intensificação da vida política da nossa organização e da
intervenção da JCP.
Reforçar a intervenção
Ponto central do debate foi a luta dos estudantes por um ensino
superior público de qualidade para todos e a luta pela garantia
dos direitos educativos dos estudantes do ensino superior privado
- uma luta de importância nacional e um contributo de primeiro
plano na luta por uma democracia avançada -, e a clara
consciência que essa luta, bem como toda a contribuição dos
estudantes comunistas para a construção de um mundo melhor,
soma-se e insere-se na luta mais vasta dos trabalhadores e do
PCP.
Constituindo as questões da luta, e hoje em concreto a luta pela
revogação da actual lei de financiamento, a direcção
fundamental do nosso trabalho, outras questões da intervenção
estudantil foram também analisadas, sublinhadas e consideradas
indissociáveis de toda o nossa restante intervenção: A
intervenção em torno dos problemas concretos das escolas, quer
aqueles que resultam da política de sucessivos governos de
estrangulamento financeiro das instituições do ensino superior,
quer outros, de naturezas diversas, que podem ser resolvidos com
os recursos e o grau de autonomia existentes; a contribuição
para uma maior eficácia da gestão democrática; o contributo
para o reforço do movimento estudantil nas suas mais diversas
expressões e, em especial, o reforço das Associações de
Estudantes enquanto estruturas representativas do conjunto dos
estudantes; a grande atenção que é necessário dar às formas
de cooperação e de trabalho conjunto entre as várias
Associações de Estudantes (AE). A resolução da Assembleia
sublinha: "As formas de cooperação e de trabalho conjunto
entre as várias Associações de Estudantes, no plano de cada
Universidade e Academia, no plano dos vários sub-sistemas do
ensino superior e no conjunto do sistema, revestem-se de
particular importância. Permitem uma maior eficácia da luta,
uma maior visibilidade de objectivos e da força dos estudantes,
um mais alargado debate dos problemas e das perspectivas. O
trabalho conjunto exige respeito pela autonomia de cada uma das
AE e pela unidade e diversidade do movimento estudantil.
Exige que se debatam abertamente os problemas com o objectivo de
encontrar os pontos de consenso e se concentrarem aí energias.
Tentativas de dificultar e anarquizar este trabalho conjunto não
servem os interesses dos estudantes."
Reforçar o trabalho e a direcção colectiva. Alargar muito a
Organização
Estando claramente assumidos os objectivos de luta e as questões
de intervenção política e associativa, a Assembleia debateu as
questões de organização e de estrutura.
O primeiro objectivo da OESL, claramente assumido pela
Assembleia, é procurar a participação activa do máximo
número de camaradas nas análises que fazemos, no debate das
propostas políticas, no delinear de orientações e de formas de
intervenção.
As formas de organização, os organismos a fortalecer ou a
criar, devem assim ter este objectivo fundamental.
A Direcção da Organização do Ensino Superior de Lisboa
(DOESL) eleita nesta Assembleia e as tarefas que lhe foram
conferidas, quer a ela, quer ao seu organismo executivo, são
reflexo desta orientação.
A composição da nova DOESL procurou ter em conta uma maior
ligação às escolas e aos principais colectivos, assegurando o
seu funcionamento regular, assumindo-se a DOESL como o efectivo
organismo de direcção da organização. O Executivo terá como
principal função o apoio à DOESL, criando condições à
melhoria do seu trabalho de direcção. Tal como vem na
resolução aprovada, "A DOESL desempenha um papel
indispensável para a concretização deste objectivo e na
dinamização da vida política da organização. A DOESL deve
procurar debater e analisar frequentemente a situação política
e social; promover a formação ideológica dos militantes;
procurar ter uma visão global dos problemas da Academia e
definir objectivos prioritários de intervenção e linhas de
orientação adequadas; coordenar a actividade da Organização;
articular a acção dos colectivos de escola e outros organismos;
articular a sua intervenção com as estruturas distritais e
nacionais da JCP e com a DORL do PCP".
Igualmente, dentro desta linha de trabalho, de um envolvimento
cada vez maior de mais camaradas na vida da nossa Organização,
de reforço da direcção colectiva, considerámos dever
manter-se a prática da realização regular de plenários da
OESL para serem debatidas e aprofundadas as mais diversas
questões, bem como a constituição de grupos de trabalho e
comissões de carácter permanente ou eventual, ligados ao
organismo de direcção, onde participem camaradas de diversas
escolas, para o trabalho em assuntos específicos.
Consideramos que deve ser igualmente mantido, e se possível
alargado, o número de camaradas subsidiados para o trabalho no
ensino superior de Lisboa. Isto é, camaradas a quem o Partido
garante alguns meios que facilitem uma disponibilidade maior para
o trabalho da JCP e do Partido junto dos estudantes do ensino
superior.
Igualmente importante é a determinação de ter cada vez mais
colectivos de escola a intervir na Academia de Lisboa, dentro da
escola, entre os estudantes. Tendo em conta o número de
inscritos e activistas por escola e a própria importância dos
cursos e escolas, definiu-se quais as prioridades da
Organização. No ensino superior público universitário: FBAUL,
FCL, FLL, FML, ISCSP, ISEG, IST, FCSH e ISCTE; no politécnico o
ISEL; no particular e cooperativo, tendo em conta que se trata de
uma realidade extremamente importante, existindo todo um grande
trabalho por fazer, decidiu-se avançar desde já com a
constituição de um organismo intermédio, formado pelos
principais activistas das privadas, que coordene e discuta a
actividade nas escolas privadas e aprofunde aspectos relevantes
para a nossa orientação política em relação a este
sub-sistema.
Nenhuma destas questões faria no entanto sentido sem se encarar
o alargamento numérico da nossa Organização como uma tarefa de
primeiro plano.
Apesar dos notáveis avanços, quer quantitativos, quer
qualitativos, que se efectuaram nos últimos tempos, temos que
reconhecer que o número de militantes é reduzido e nalgumas
importantes escolas mesmo muito reduzido. Tal situação
dificulta o debate, a ligação aos estudantes, as possibilidades
de intervenção. Em várias escolas dificilmente reunimos um
número mínimo de camaradas que permita a produção de
orientações concretas.
Ficou bem claro nesta Assembleia que o recrutamento tem de
ser um objectivo sempre presente no nosso trabalho. Temos de
encontrar as iniciativas e a abertura política que provoquem um
rápido crescimento orgânico, pois é este o objectivo assumido,
no qual estamos empenhados e confiantes