Política Municipal de Juventude - que objectivos?
António Jorge Almeida
Membro da Direcção Nacional da JCP
Ao falarmos de Política Municipal de Juventude
é normal que se coloquem desde logo algumas questões relativas
à real necessidade de haver uma política dirigida expressamente
aos jovens. Não desfrutam estes das realizações e serviços
prestados pelos municípios nas diferentes áreas de
intervenção como a restante população?
Então porquê uma Política Municipal de Juventude, com o
consequente dispêndio de meios técnicos, financeiros e de
infra-estruturas, traduzida na grande maioria das vezes na
criação de áreas de juventude, em que os municípios geridos
pela CDU foram pioneiros?
Os eleitos da CDU nos diversos orgãos autárquicos há muito
entenderam que a Juventude na nossa sociedade é uma camada
social marcada por peculiaridades, traduzidas nos seus problemas,
anseios, formas de estar e sentir próprios, fruto da sua luta
pela plena integração no mercado de trabalho, família, meio
escolar, etc..
Deste modo, assume particular importância a intervenção
municipal junto da Juventude no desenvolvimento pleno do
indivíduo. Importância esta acrescida quando outras instâncias
do Poder, nomeadamente a Administração Central, se demitem
quase por completo do seu papel nesta matéria.
Cientes desta importância e das suas repercussões no futuro do
indivíduo e da sociedade, importa ter consciência de quais
devem ser os objectivos de uma Política Municipal de Juventude e
dos serviços municipais que trabalham com e para a Juventude.
Uma real e coerente política municipal deve assentar
essencialmente nos seguintes
objectivos:
- Criar e permitir condições de participação dos jovens e
suas organizações na definição das políticas e soluções
que lhes dizem respeito. Exemplos desta prática em muitos
municípios são a criação dos Conselhos Municipais de
Juventude, espaços de participação e intervenção dos jovens
na vida da comunidade e na tomada de decisões em matérias que
lhes dizem respeito.
- Permitir condições aos jovens para desenvolver a sua
personalidade, as suas aptidões, criatividade, quer do ponto de
vista individual como comunitário.
- Apoiar e incentivar o Associativismo Juvenil, como forma de
intervenção e participação democráticas, na resolução dos
problemas que se lhe colocam, bem como na criação das suas
próprias actividades.
- Criar meios de animação desportiva, recreativa, cultural e de
ocupação de tempos livres. (Se quase todos os municípios, de
uma forma ou de outra, uns mais que outros, têm desenvolvido
trabalho em termos de animação sócio-cultural para a
juventude, importa sobretudo questionar como se faz?!).
Também aqui, fruto de anos e anos de trabalho e de contactos com
a juventude, os eleitos da CDU nos municípios se têm
distinguido pela sua actuação. As autarquias CDU, sem perder de
vista qual deve ser o seu papel, entenderam o que deve ser
animação sócio-cultural, que não deve ser outra coisa que
não promover as actividades necessárias para estimular a vida
social e cultural dos jovens e conseguir que estes se convertam
eles próprios protagonistas e organizadores da sua própria
cultura e diversão, passando de agentes passivos e consumidores
para agentes activos e plenamente criadores.
Importa também estar atento e potenciar novas formas de
expressão juvenil, associações de jovens informais que se
organizam muitas das vezes pontualmente em torno da resolução
de um problema concreto, criar condições sem qualquer tipo de
paternalismo para o desenvolvimento da sua dinâmica própria.
Por outro lado, deve ser preocupação das autarquias servir
muitas das vezes de ponte entre os anseios e
problemas da Juventude junto do Poder Central, nomeadamente em
questões como a Educação, Emprego, Formação Profissional,
que são competência da Administração Central e que as
autarquias não podem resolver. Criar junto dos jovens
objectivamente a noção dos vários níveis de competência e
responsabilidade das várias instâncias do poder é também
apetrechar a juventude para uma melhor e mais responsável
intervenção.
Uma Política de Juventude cujo único objectivo é fazer
actividades para os jovens
assistirem, contabilizando o seu sucesso somente pelo número de
actividades realizadas e pelo número de assistentes será sempre
uma visão simplista, redutora, muitas vezes cómoda, mas sempre
contrária aos verdadeiros interesses da Juventude.
Desde sempre a CDU entendeu que, uma Política de Juventude que
não tome como principal objectivo a participação juvenil, é
em si mesma vazia de sentido, porque ao propiciar a sua
participação mais não se está a fazer do que educar os jovens
sem paternalismos para a prática de uma verdadeira democracia.