Assembleias, imprensa, quotizações
Reforço da organização - uma preocupação constante
Nos últimos números de O Militante
procurou-se dar saliência à necessidade de aliar o
fortalecimento do Partido com a motivação das eleições
autárquicas. Na verdade, a especificidade destas eleições
permitiu e exigiu um grande número de conversas com membros do
Partido e muitas outras pessoas, que é favorável ao alargamento
e à organização do Partido.
Só quem não tem pela organização do Partido a compreensão da
sua importância e da necessidade do seu reforço não aproveitou
os contactos e as reuniões que foram feitos com vistas às
eleições autárquicas para ligar camaradas e para os reunir
constituindo organismos voltados para os seus problemas próprios
e com objectivos eleitorais claros. Nessas reuniões
participaram, eventual ou naturalmente, activistas e
simpatizantes da CDU que não são membros do Partido.
Em todos os lados onde esteve presente esta preocupação
conseguiu-se estabelecer ligação com muitos comunistas que não
tinham contacto regular, dar vida a células de empresa, sectores
profissionais, organizações de freguesia, de bairro ou locais
que estavam paralisados, e criar ou fortalecer organismos,
células, sectores e outras organizações.
Influência dos resultados
Os resultados eleitorais que, globalmente, se consideram
negativos, têm características muito diferentes. Ao mesmo tempo
que houve recuos notáveis também se verificaram êxitos em
muitas freguesias e concelhos.
Devemos aproveitar os êxitos para animar mais os membros do
Partido no sentido do reforço da organização, da sua
actividade e da sua influência. É natural que, quanto maior foi
o sucesso, melhores condições estão criadas para conseguir um
importante fortalecimento orgânico, base fundamental para a
acção dos comunistas no concelho, na freguesia, na área onde
exerce a sua actividade.
Mas onde houve insucessos ou estagnação, é indispensável,
antes de mais, perceber as suas razões e trabalhar para
modificar o mais cedo possível tal situação. Em alguns casos,
talvez não poucos, as razões situam-se em deficiências e
dificuldades orgânicas, que até não permitiram aproveitar o
interesse pelas eleições para alargar e fortalecer a
organização existente. Ou não se soube aproveitar esse
interesse para ultrapassar algumas das deficiências que se
conhecem.
As Assembleias
A realização regular da Assembleia de qualquer
organização do Partido é muito importante para a sua coesão,
para a elevação do seu nível político e ideológico, para o
aprofundamento da sua ligação às pessoas e aos problemas
existentes na sua esfera de acção, para o seu fortalecimento,
para o aumento da sua influência.
A realização regular da Assembleia de uma organização ajuda
sempre à formação, e à informação também, dos seus
membros.
Mas continua a haver muitas organizações do Partido onde a
preocupação com a convocação e realização da respectiva
Assembleia é muito reduzida. Existem organizações que nunca
convocaram qualquer Assembleia. Outras há que passam anos e anos
sem realizarem a sua Assembleia.
Muitas vezes sucede que se exige uma tal preparação para fazer
uma Assembleia que nunca se considera que tal preparação esteja
atingida.
Para além do que se disse sobre a importância e o interesse da
realização das Assembleias é necessário ter presente o que os
Estatutos prescrevem. Não se podem passar anos e anos sem que
reuna o «orgão supremo» de qualquer organização do Partido.
Tudo isto vem a propósito de que pode ser uma boa altura para,
em muitas e muitas organizações, se realizar a respectiva
Assembleia. Na verdade, a animação política que teve lugar
pode facilitar a compreensão da importância de uma reunião
especial de uma dada organização - a sua Assembleia - para que
se tomem medidas orgânicas e de quadros necessárias para o seu
desenvolvimento ou para fazer uma mais ampla análise crítica da
situação existente.
A imprensa do Partido
Quando se fala em deficiências existentes nas organizações do
Partido, é natural que se refira a grande deficiência que
existe em relação à divulgação da nossa imprensa.
É sabido que no nosso País a iliteracia é muito extensa. Cerca
de 60% dos portugueses não lêem ou lêem muito pouco.
É natural que esta iliteracia, produto de muitas dezenas de anos
de governos interessados em manter na ignorância as massas
trabalhadoras, exista dentro das nossas fileiras.
Mas é necessário contrariar tal situação. A falta de leitura
empobrece qualquer pessoa, qualquer camarada. Impede-o de alargar
os seus conhecimentos, de desenvolver a sua consciência, de
elevar mais o nível da sua militância.
É preciso um constante esforço para que muitos dos nossos
camaradas leiam, chamando a atenção para isso e procurando
motivá-los. Tal motivação pode ser conseguida, por exemplo,
pela leitura para um colectivo de textos particularmente
interessantes ou pela entrega de fotocópias de artigos do Avante!
ou de O Militante e mesmo de outras origens. Isso
serve também para aqueles que gostam de ler perceberem que a
leitura regular da nossa imprensa é muito importante para
qualquer comunista, para o ajudar a compreender melhor o que se
passa no Partido, no País e no mundo, para o tornar mais capaz
de esclarecer os companheiros de trabalho, os amigos, os
conhecidos.
O exemplo dos camaradas mais responsáveis, na leitura e na
divulgação da nossa imprensa, é um incentivo necessário. A
experiência vai mostrando que, se há uma preocupação voltada
para a elevação da divulgação da nossa imprensa, em vez dessa
divulgação tender a diminuir, pode passar a aumentar.
As quotas do Partido
Outra grande deficiência que existe em muitas organizações,
mas não em todas, é o
pagamento regular da quota e o seu valor.
O pagamento regular da quota está naturalmente ligado a
questões orgânicas. Se não existe uma ligação normal com um
camarada torna-se difícil recolher a sua quota, embora, em
muitos casos, seja possível que o camarada pague a sua quota num
Centro de Trabalho do Partido.
É claro que se se fortalecer a organização também o pagamento
das quotas se pode tornar mais regular.
Mas outra questão não menos importante é o valor da quota. Há
muitas organizações em que subsistem valores extremamente
baixos.
Tem-se presente que há não poucos camaradas que vivem com muito
grandes dificuldades. A pobreza atinge quase um terço das
famílias portuguesas, atinge muitos comunistas. Mas não é
disto que se trata pois há camaradas tão pobres que podem ou
devem ser dispensados até de pagar quota.
Para todos os outros, a quota do Partido é uma ajuda
indispensável que deve ser sentida por qualquer camarada. Não
deve ser uma despesa que nem se sente. Não deve ter um valor
tão pequeno (em relação aos rendimentos do militante) que,
para ter algum peso, é paga uma vez por ano.
Muitos camaradas ainda não compreenderam que a quota é uma
expressão da ligação ao Partido, é uma ajuda ao seu
desenvolvimento, é um dever fundamental do membro do Partido.
Ao mesmo tempo que se analisam os resultados eleitorais,
positivos e negativos, é bom que aproveitemos este começo
de ano para realizarmos a Assembleia de muitas organizações,
para conseguirmos uma volta positiva na divulgação da nossa
imprensa e para darmos um maior significado ao valor da quota que
pagamos e melhorarmos a regularidade do seu pagamento.
Três questões muito importantes que não deixarão de ter
influência na elevação da militância, na
intensificação do recrutamento e num melhor
acompanhamento das
organizações de base.
O reforço da organização tem de ser uma preocupação
constante!